Um encontro entre integrantes da Associação Empresarial Tancredo Neves (AETN) e a secretária municipal de Ordem Pública, Rosemma Maluf, para cobrar providências da prefeitura sobre o ordenamento da Avenida Tancredo Neves, terminou com uma promessa: “Assumo o compromisso de, em 20 dias, entrar aqui no território de forma ordenada”. A afirmação da titular da Secretaria de Ordem Pública (Semop) ocorreu durante almoço com cerca de 20 empresários da região, coração financeiro da capital e que tem, ainda, o segundo IPTU mais caro de Salvador. O empresariado evita fazer a comparação e não gosta da ideia de chamar a Tancredo Neves de Avenida Paulista soteropolitana. Mas, na prática, é de lá que vem a inspiração para o projeto de “requalificação do mercado informal e ordenamento do bairro”.
O presidente superintendente da AETN, Luiz Blanc, explica: “A gente usa Avenida Paulista como um modelo, mas é claro que a gente pretende até mais. Quando a gente coloca esse exemplo, quer que aqui seja, depois que cumprir todas essas etapas, um centro de entretenimento, de lazer”. O diretor financeiro da AETN, Carlos Macedo, vai mais longe. “Estamos procurando organizar a convivência desse parque metropolitano com relação a transporte, a iluminação, a limpeza, aos ambulantes, a segurança, e organizar a sociedade para que tenhamos um bairro mais simpático”, qualifica. O contraste com o ordenamento pretendido pelos empresários e apoiado pela Semop é visível no entorno dos prédios que abrigam escritórios, grandes empresas, bancos e shoppings: em quase todas as transversais há comércio informal, como o de comida em porta-malas de carros, que se espalha por lá todos os dias, a partir das 11h. CONTRASTE Mesma rua onde fica o restaurante escolhido para a reunião da quarta-feira (21), a transversal Coronel Almerindo Rehem se transforma diariamente em um verdadeiro centro gastronômico a céu aberto. Nas passarelas, também há ambulantes, que os empresários alegam dificultar o tráfego de pedestres. Empresários também dizem que é nas passarelas que acontecem assaltos a transeuntes. A reportagem do CORREIO procurou a 35ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Iguatemi) para falar sobre o policimento no local, mas o comando não foi encontrado. “Estamos preocupados com essa passarela que foi instalada. Chega a ser contraditório, porque a passarela gera fluxo, gera camelôs, e é preciso também ter respeito às pessoas que circulam aqui”, argumenta o diretor de comunicação da AETN, Fernando Passos. Segundo os empresários, a intenção não é retirar os ambulantes. “Queremos ordenar, como foi feito na Avenida Sete. A prefeitura foi muito capaz nisso. Estamos querendo trazer esse assunto para cá”, explica o diretor financeiro da AETN, Carlos Macedo. A secretaria Rosemma Maluf também garante que não é objetivo da prefeitura prejudicar o comércio informal, mas afirma que não se pode confundir sensibilidade com permissividade. “Ocupar o espaço público não é proibido. O que se deve é respeitar normas”, aponta. Mas ela avisa que, quando a Operação PAI (Plano de Ação Integrado) chegar à Tancredo Neves, não vai ser possível que vendedores de produtos pirateados e de alimentos permaneçam. “Carros vendendo marmita, não existe nem legislação (municipal) para isso. Nós não temos como legalizar algo não normatizado”, alerta. Daqui a 20 dias, quando começar a operação de ordenamento na Tancredo Neves, haverá, entre diversas ações, fiscalização destas atividades de venda de alimentos e do comércio informal, em geral, além de combate à poluição sonora - intensificada às sextas-feiras com um happy hour improvisado que, segundo os empresários, acaba em sexo e drogas. Bares, restaurantes e lava-jatos também serão verificados. Segundo a secretária, a ação será um “ordenamento processual, com ações de curto, médio e longo prazo”, incluindo a requalificação do camelódromo do Iguatemi. Avenida ‘paga’ R$ 2 bilhões ao ano à prefeitura, calcula AETN As empresas instaladas na Avenida Tancredo Neves rendem, por ano, apenas para os cofres da prefeitura, cerca de R$ 2 bilhões, em forma de impostos e capital imobilizado, de acordo com estimativa da Associação Empresarial Tancredo Neves (AETN). São mais de seis mil salas comerciais, outras 800 lojas e 60 prédios. Diariamente, cerca de 80 mil pessoas circulam pelo lugar, que se juntam a outras 30 mil passantes. Há ainda cerca de 9,1 mil unidades imobiliárias, mil apartamentos residenciais e dois mil leitos em hotéis e apart hotéis. “Os empreendimentos aqui são ricos. Aqui é o segundo IPTU mais caro. Então, a prefeitura deveria nos dar um retorno”, defende o diretor financeiro, Carlos Macedo. O presidente da entidade, Luiz Blanc, completa: “Não é mais tratar ninguém de coitadinho. Eu sou a favor de ordenar, qualificar e dar uma oportunidade ao cidadão”. Matéria original: Correio24hEmpresários pressionam prefeitura por ordenamento da avenida Tancredo Neves
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