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SALVADOR

Especialistas apontam erros do metrô a evitar no projeto da avenida Paralela

Em construção há 12 anos, se o metrô não serviu para nada em todo esse tempo, agora espera-se que ao menos ele sirva de exemplo

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18/11/2011 às 9:44 • Atualizada em 27/08/2022 às 4:28 - há XX semanas
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Hoje, finalmente, a presidente Dilma Rousseff irá anunciar o dinheiro que o governo federal vai liberar para o metrô da Paralela, e tudo o que a população de Salvador deseja é que ele não siga os passos de seu irmão mais velho, da Bonocô. Em construção há 12 anos, se o metrô não serviu para nada em todo esse tempo, agora espera-se que ao menos ele sirva de exemplo. Para isso, o CORREIO ouviu especialistas em transportes da capital e eles apontaram os principais erros cometidos na construção da linha 1 do metrô. “O primeiro erro foi a falta do projeto. Quando as obras começaram, havia apenas um traçado, que com o tempo foi mudando, e o metrô foi todo elevado”, começou Ilze Marília Pinto, professora do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Para seu colega Pedro Ornelas, que também é consultor na área, ter elevado os trilhos foi um dos maiores erros cometidos. “Não se constói mais metrô elevado. Isso só faz elevar custos”, criticou. Trabalho perdido Ele também não esquece que os gestores acabaram se perdendo nos custos da coisa. “Ficou tão cara, que estão preferindo fazer outro a continuar essa obra. Tem estrutura do metrô até a Brasilgás, mas ela vai ser descartada. É tempo e dinheiro perdidos”. Ilze Marília faz uma queixa que encontra eco na opinião da maioria dos baianos: o metrô leva do nada a lugar nenhum. “Ele fica ali isolado, não tem integração com nada”, observa. Outro erro, segundo ela, é que só agora está se pensando em um modelo de gestão. “Levaram anos só pensando na parte física, mas o mais complicado é a gestão”, completa. Planejamento e transparência para a população também faltaram, na opinião da especialista. EstaçõesTambém professor da Escola Politécnica da Ufba, Juan Pedro Delgado critica o isolamento das estações do metrô ‘calça curta’. “As estações têm que ser pontos de integração. Tem que possibilitar que o usuário chegue a pé, de bicicleta, van, ônibus, ou até de carro. Tem que ter acesso fácil, por passarela ou planos inclinados, e estacionamento”, sugere. “Não é com uma escadaria de 40 degraus que você incentiva o cidadão a utilizar um transporte sustentável”, avalia. Ainda sobre as estações, Juan Pedro é da opinião de que elas deveriam oferecer um conjunto. “Uma biblioteca, uma creche. Comércio a preços razoáveis e, no mínimo, um banheiro público decente, que a linha não tem”. Para ele, os prováveis R$ 1,36 bilhão que serão anunciados serão suficientes para fazer os 22 quilômetros de metrô. “Os custos de implantação deveriam oscilar entre 15 e 45 milhões de dólares por quilômetro, mas isso pode variar”, disse, com base em estudos internacionais. “O que pode encarecer é que a Paralela não é uma linha reta, plana. Tem rios, lagoas, canais”, observa. Inicialmente, o governo do estado havia anunciado que seriam necessários R$ 3 bi para toda a obra. Agora, porém, o governo do estado conta com verba federal de R$ 1,6 bi. O restante do dinheiro, segundo o governador Jaques Wagner, viria do próprio estado. TestesSegundo o chefe da Casa Civil Municipal, João Leão, no próximo mês começam os testes de um trem no metrô da Bonocô. “Estamos definindo o cronograma de comissionamento, isto é, colocar os trens para rodar com uma carga de sacos de areia, cumprindo trajeto e horários normais. Isso testa as linhas e a parte elétrica”, diz. Segundo o secretário, em janeiro, serão dois trens em testes. “Vou dar esse presente de ano novo para o cidadão de Salvador. Vou botar esse metrô pra rodar, nem que sejam os trens passeando sozinhos”, brincou. A previsão é que o metrô seja aberto para o público em abril. O que não fazer Projeto As obras não podem começar sem um projeto bem definido Integração O metrô não pode levar do nada a lugar nenhum Gestão O modelo de gerenciamento não deve ser negligenciado Transparência A população tem o direito de saber o que está acontecendo e não pode ser excluída do processo Planejamento O passo a passo da linha 1 não foi definido inicialmente Metrô de Superfície Fazer um metrô elevado, como o da Bonocô, só aumenta os custos Custos O estado não pode se perder nos custos Estações O acesso às estações de metrô precisa ser facilitado Serviços Banheiro público de qualidade e comércio é o mínimo que as estações do metrô devem ter. Encontro íbero-americano terá Dilma amanhãEm Salvador para o anúncio do PAC Mobilidade, a presidente Dilma Rousseff (PT) aproveitará a estada na capital para participar amanhã do Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI). O evento, que acontece desde ontem no Centro de Convenções da Bahia, discute formas de combate ao racismo, implantação de políticas públicas de reparação para as populações afrodescendentes no Brasil, em países latino-americanos e africanos. Ontem, o governador Jaques Wagner participou da abertura, junto com chefes de Estado de diversos países e a ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros. Amanhã, com a presença de Dilma, os representantes de governos vão firmar uma declaração assumindo um trabalho conjunto para avançar a igualdade racial na América Latina.

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