Da concepção do projeto até a entrega dos apartamentos, prédios novos são erguidos com atributos sustentáveis. Calçadas deixam de ser estacionamento de carros e viram área para circulação de pedestres. Com sistema integrado de transporte, cidadãos deixam carros na garagem. A água da chuva é direcionada para os rios sem causar enchentes. Nos prédios, essa água acumulada é tratada e reutilizada em outras atividades. O esgoto é bem tratado e a iluminação usa pouca fonte de energia. Ficção? Não. Já é realidade em diversas cidades do mundo, como Paris. Em Salvador, essa ainda é uma perspectiva distante. Mas, segundo especialistas, esses são alguns dos pontos em que a capital baiana precisa avançar para se tornar sustentável no futuro. O planejamento tem que começar agora. Um planejamento que pense a cidade como um todo, mas respeite particularidades de cada região. A Construção Civil tem papel fundamental nesse processo, segundo Fabio Rocha, sócio da Damicos, empresa contratada para dar consultoria em sustentabilidade para a Ademi-BA, que lança este ano, segundo o presidente da entidade, Nilson Sarti, guias nessa área - para construtores e para consumidores. Para Ana Rocha Melhado, pós-doutora em Gestão Ambiental de Bairros pela Universidade de São Paulo, Salvador tem potencial para ser sustentável. “É necessário ter um planejamento a longo prazo pensando em 2050. Outras cidades do mundo se tornaram mais sustentáveis quando poder público e iniciativa privada, através das construtoras, decidiram a sustentabilidade como meta”, explica Melhado, sócia-diretora da Proactive, empresa de consultoria em sustentabilidade. O professor e engenheiro civil Asher Kiperstok, que coordena o departamento de Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos da Universidade Federal da Bahia, avalia que a sustentabilidade deve ser pensada como um processo contínuo de reeducação. “As mudanças têm que acontecer desde a extração de materiais para a construção de novas edificações até o planejamento do poder público em investir na reestruturação da cidade projetando para os anos futuros”, explica. Kiperstok defende que um modelo de transporte eficiente é um dos principais avanços para que Salvador saia da atual situação. “Novos empreendimentos imobiliários estão sendo erguidos e consequentemente mais gente com carro vai circular nas ruas. Se houvesse um sistema útil e integrado de transporte seriam emitidos menos poluentes. Hoje, Salvador caminha para a insustentabilidade”, afirma. JOGUE O JOGO DA SUSTENTABILIDADE ParisO arquiteto Chico Senna defende intervenções em Salvador semelhantes as feitas em Paris. “Lá, os canais fluviais foram tratados. Aqui estão sendo cobertos e virando esgotos. Culpa-se muito o mercado imobiliário, mas eles só fazem qualquer coisa com autorização do poder público. Em Paris, o governo investiu e tornou a cidade sustentável”, afirma Senna. Assim como na capital da França, o desafio é que as novas construções já sejam erguidas seguindo esse padrão. Salvador já tem empreendimentos sustentáveis, como os da Ecomundo. O primeiro a ganhar selo foi construído como anexo na sede da Odebrecht. “Ainda há dificuldade de se vender uma construção sustentável. Há um aumento de custo inicial, mas depois se economiza com a redução de consumo, como de água”, assegura a engenheira da Odebrecht Leila Barros.
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