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SALVADOR

“Eu vi a morte de frente", diz passageiro de ônibus

Quinze passageiros ficaram feridos após um coletivo da viação Dois de Julho bater num poste perto de uma concessionária na Paralela

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09/12/2014 às 8:10 • Atualizada em 27/08/2022 às 8:10 - há XX semanas
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Um grave acidente quase se transformou em tragédia, na manhã da última segunda-feira (8), após um ônibus que transportava cerca de 60 passageiros, na Avenida Paralela, sair da pista, atravessar a via lateral e invadir a calçada em frente a uma concessionária de veículos.
Agentes da Transalvador e curiosos observam estragos feitos por ônibus da viação Dois de Julho que derrubou poste após subir no canteiro na Paralela. Outros carros foram danificados (Foto: Mauro Akin Nassor)
O motorista do coletivo 3566, da viação Dois de Julho, que seguia para Jauá (sentido Aeroporto), perdeu o controle do veículo após, supostamente, levar uma fechada de um carro de passeio. Ao girar o volante para a direita, Reinaldo Guimarães, 39 anos, fez o ônibus subir o canteiro que separa a pista principal da lateral, um pouco antes de Shopping Paralela.
O impacto fez com que a barra de direção quebrasse e, desgovernado, o veículo só parou num poste, que caiu e atingiu veículos estacionados em frente a Hyundai. Ao todo, 15 pessoas ficaram feridas - incluindo o motorista -, e foram atendidas e encaminhadas a diversas unidades de saúde por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O representante da Dois de Julho Raimundo Silva reiterou a versão informada pelo motorista sobre o acidente. “Ele disse que estava trafegando normal, quando foi fechado por outro carro. Aí ele puxou para evitar o acidente, mas acabou subindo no canteiro”, contou Silva. No entanto, o rodoviário não chegou a revelar detalhes do veículo que teria provocado a situação. Ao bater no meio-fio, a barra da direção quebrou e a roda do ônibus ficou completamente torta.
O poste derrubado pelo ônibus caiu em cima de três carros: uma Montana, um ASX e um Sentra. O coletivo também bateu e arrastou os veículos, que foram danificados com o impacto. A loja ainda não estava aberta quando o acidente ocorreu.
Os funcionários da concessionária não quiseram comentar o assunto. Segundo Raimundo Silva, da Dois de Julho, a empresa possui uma seguradora, que deverá arcar com o prejuízo causado. O valor ainda será estipulado.
Sem arranhõesApesar de estar na parte da frente do coletivo, a bebê Alice, de 1 mês e três dias, e seus pais, Edileuza de Jesus Araújo e Diego Teixeira, não tiveram nenhum arranhão na batida. “Quando vi, eu já estava no chão, com ela nos braços”, contou Edileuza. Mesmo com o acidente, a criança, que dormindo estava, dormindo continuou.
Alice, de apenas 1 mês de vida, nos braços da mãe: mesmo com acidente, não acordou (Mauro Akin Nassor)
Já a avó de Alice, a costureira Renilda Brito Bispo, 57, teve ferimentos nas pernas e na mão. “Foi Deus que livrou aquela criança de acontecer o pior”, comentou.
Renilda diz que percebeu algo estranho no coletivo. “Eu senti a diferença, ele estava pulando demais”, disse. Ela e outros passageiros disseram que o ônibus não estava em alta velocidade. Renilda conta ainda que alguns passageiros entraram em pânico com a possibilidade de incêndio. “Começou a subir uma fumaça, ainda por cima”.
O representante da Dois de Julho disse que somente após a perícia será possível saber a velocidade que o ônibus estava rodando. “Mas, com certeza, não estava em alta velocidade porque nós somos muito rigorosos com isso”, garantiu.
Depois do susto, muitos passageiros começaram a chorar, ainda assustados com o que tinha acontecido. Na correria, alguns pertences ficaram dentro do ônibus, como garrafas e bolsas. Equipes do Samu e do Salvar fizeram os primeiros atendimentos no local e equipes da 82ª CIPM (CAB) deram apoio.
No momento do acidente, muita gente ia para o trabalho, como o vidraceiro José Cirilo de Oliveira, 50. “Eu vi a morte de frente. Vi muita gente caindo um por cima do outro, uma pessoa imprensando a outra, não deixando os outros se apoiarem”, descreveu José, que seguia para Vila de Abrantes. “A gente só sente a porrada. A situação é grave porque você fica nervoso, não tem jeito”, completou.
SocorroCerca de 10 pessoas receberam atendimento médico ainda no estacionamento da concessionária e foram liberadas. Outras quatro foram encaminhadas para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da região. O Samu, no entanto, não informou para onde os passageiros feridos foram levados.
A vítima em estado mais grave foi o motorista Reinaldo Guimarães. Encaminhado para o Hospital Teresa de Lisieux, ele reclamava de dores no pescoço e na coluna e parecia em estado de choque após a batida. Segundo a empresa, ele trabalha no local há 10 anos e nunca havia se envolvido em acidente semelhante nesse período.
Motorista recebe primeiros socorros ao lado de criança, que teve ferimento no rosto (Foto: Mauro Akin Nassor)
“Ele saiu logo do carro mostrando que a culpa era da roda, que tinha sido um problema técnico. Eu não acredito que tenha sido culpa do motorista”, contou a técnica Daiane Silva Rodrigues, que seguia para o trabalho no Aeroporto. “A maioria aqui está em estado de choque mesmo. Pelo que eu vi, todo mundo teve apenas arranhões”, completou ela. Daiane também contou que não conseguiu ver exatamente o que aconteceu. “Eu estava no meio do ônibus quando senti a curva. Aí veio o impacto e eu consegui me segurar no banco e não caí”, relatou.
O CORREIO não conseguiu localizar a assessoria da concessionária Hyundai para comentar o incidente. Sobre o estado de saúde do motorista, o Hospital Teresa de Lisieux, que tem convênio com o Sindicato dos Rodoviários, informou que não estava autorizado a passar informações sobre o motorista. No sindicato, ninguém atendeu aos telefonemas, ontem. As tentativas de contato com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), para saber a situação das demais vítimas, também não tiveram sucesso.
O ônibus começou a ser removido por um guincho da Transalvador às 9h30 e foi encaminhado para o pátio do órgão e depois seria levado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), para passar por perícia. A 12ª Delegacia Territorial (Itapuã) deve ficar responsável pela investigação do acidente.
Correio24horas

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