Ônibus incendiado, ruas obstruídas e trânsito travado. Choro e reclamações. Foi o resultado de um protesto na Estrada do Derba, ontem à tarde, em Vista Alegre. A ação, organizada por familiares de Ruan Vitor Souza Santana, 15 anos, depois do desaparecimento do jovem na tarde de quinta-feira, pedia esclarecimentos urgentes. “Ele foi para a escola, mas naquele dia não houve aula. Amigos contaram que quando ele estava voltando para casa foi sequestrado por dois homens encapuzados em um Palio cinza”, contou a tia do rapaz. “Estávamos esperamos 48 horas para registrar o desaparecimento, mas quando vimos as notícias dos outros que sumiram na mesma situação, ligamos os pontos. Todos os cinco jovens foram vítimas dos mesmos bandidos”, completou ela, que pediu anonimato.
O bloqueio durou cerca de duas horas e complicou mais quando manifestantes atearam fogo em um ônibus da empresa Expresso Metropolitano que saiu da Ilha de São João rumo à Pituba. “Eles chegaram gritando, batendo no ônibus e mandando todo mundo descer”, contou o vendedor Alex Anunciação, que estava dentro do coletivo.
Rodoviários conseguiram controlar as chamas usando extintores de incêndio. Ninguém ficou ferido. Um motorista tentou furar o bloqueio e chegou a sacar uma arma para intimidar os moradores, mas desistiu e foi embora.
Família de Giesson pede segurança e paz em manifestação. Foto: Marina Silva |
Enquanto conversava com a equipe do CORREIO, uma das manifestantes recebeu uma mensagem via Facebook sobre o estado de saúde de Ruan. No pequeno texto, supostos sequestradores diziam estar com o rapaz e que iriam torturá-lo.
Ruan Vitor é o quinto jovem desaparecido no Subúrbio Ferroviário em menos de 48 horas e seu sumiço segue o mesmo padrão usado no sequestro de outros quatros jovens da região: Giesson Vieira Barbosa, 17; Ivo Rangel Brito de Souza, 19; Wesley Silva Pinto, 21; e Reginaldo dos Santos Alves, 23. Só este último escapou com vida. A polícia não divulga nem confirma informações sobre os casos. O corpo de Giesson foi sepultado ontem no Cemitério de Plataforma. Ele foi sequestrado na quinta-feira, quando saía para comprar pão, em Paripe. O corpo foi encontrado no dia seguinte, amarrado e amordaçado, num lixão na Estrada Velha de Periperi. Antes do enterro, familiares e amigos do jovem fizeram uma manifestação na Avenida Suburbana, em Plataforma.
Ruan Vitor Santana, 15 anos. Foto: Reprodução/Facebook |
Com faixas e cartazes, eles bloquearam a pista no sentido Plataforma/Paripe por volta das 10h. Meia hora depois, policiais militares negociaram com o grupo a desobstrução de uma das vias. Depois do sepultamento, o grupo saiu em caminhada até Paripe pedindo por justiça. Os sequestros começaram na quinta-feira, mesmo dia em que o policial militar Washington Luiz Santos Cruz, 40, foi morto. Segundo a polícia, ele foi baleado, no início da manhã, numa tentativa de assalto enquanto saía da casa, em Paripe.
Washington Luiz, que atuava na Rondesp Metropolitana, foi socorrido para o Hospital do Subúrbio, mas morreu minutos depois de dar entrada na unidade. À tarde, homens encapuzados em três carros Corsa, Palio e Gol sequestraram os cinco jovens em diferentes bairros da região. A população tem a suspeita de que os bandidos estejam vingando a morte do policial.
Mas, segundo seus familiares, as vítimas não têm ficha suja. As investigações serão conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba. Matéria original do Correio Familiares de jovens desaparecidos no Subúrbio Ferroviário fecham ruas em protesto
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