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Avanços tecnológicos, redução de custos e maior acessibilidade possibilitaram a inclusão digital e o uso, cada vez mais comum, da internet por pessoas pertencentes à classe C no Brasil. A verdadeira porta de acesso a todos os tipos de conhecimento em caráter global já não é mais privilégio da alta sociedade. Cerca de 70% da classe emergente do país já tem acesso a internet, revela pesquisa denominada “The Stampede: Conheça a nova Classe Média Digital” realizada neste ano pela empresa IDG Now. Em Salvador, a situação não é diferente. O diretor da Potencial Pesquisas e professor universitário, José Carlos Martins Leite realizou um estudo para esclarecer estatísticas relacionadas à acessibilidade dos soteropolitanos à internet. Segundo a pesquisa, 53% das pessoas pertencentes à classe C se dizem usuários da web. “Dentre os motivos que contribuem para o crescimento deste acesso está o desenvolvimento da tecnologia que possibilitou a redução dos preços dos computadores e da internet banda larga”, conta o diretor. Ainda de acordo com José Carlos, a classe C representa 45% da População Economicamente Ativa do Brasil, isto é, cerca de 100 milhões de habitantes, número bastante expressivo e significativo da população. Dentro da própria classe, há uma série de subdivisões que se resumem em duas principais, C1 e C2. Segundo critérios de classificação social, a C2 representa pessoas com menor poder aquisitivo, já a C1 faz referência às pessoas que ascenderam da classe C2 por posse de eletrodomésticos. Esta subclasse tem comportamento diferenciado, pois visa crescer e tornar-se classe B, portanto tem renda maior e procura beneficiar-se com nível superior no âmbito educacional e viagens no âmbito de entretenimento.
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A lan house é um exemplo de estratégia com fins lucrativos que ajudou e continua ajudando a alavancar este processo de crescimento da acessibilidade da classe emergente. Estas casas comerciais possibilitam moradores de bairros e transeuntes das áreas, utilizarem por minutos ou horas os computadores disponíveis. O valor cobrado para os clientes geralmente é baixo, por volta de R$ 1,00 por hora de uso. “Há cerca de cinco anos atrás houve um crescimento repentino de lan houses em Salvador, hoje a situação esta mais estabilizada, o que não quer dizer que parou de crescer. O local permanece sendo importante para o acesso, principalmente de pessoas com menor poder aquisitivo”, esclarece o diretor. O pequeno empresário, Ismael, 22 anos é um exemplo de empreendedor deste tipo de negócio. Ele trabalha com lan houses há seis anos e atualmente possui uma sede, localizada no bairro do Engenho Velho da Federação, onde mora. O local conta hoje com 11 computadores em funcionamento por onde passam uma média de 50 clientes por dia. “Sempre gostei de computadores e essa foi uma área que consegui investir. Comecei bem devagar com auxílio do meu pai, no início tinha apenas cinco máquinas. O número de clientes está aumentando muito até porque estou investindo bastante, já tenho sofá, ventiladores e lanches. Pretendo abrir uma nova sala com pcs voltados apenas para jogos, segunda maior procura dos jovens” conta. Ismael explica que é nos meses de fevereiro, março e abril que as pessoas mais buscam o serviço. Já nos meses de dezembro e janeiro o número de clientes é reduzido devido ao período de férias e viagens. “Geralmente os jovens são os que procuram com maior frequência a lan house, principalmente para jogar e acessar as redes sociais” esclarece. Tatiana, 15 anos costuma frequentar o local para fazer pesquisas da escola. Já sua prima Mariana, 12 anos, disse estar visitando pela primeira vez o local em busca de jogos online. Rejane de Cássia, 26 anos, estava digitando um trabalho para faculdade acompanhada de um amigo. “Esta é a primeira vez que vim aqui. Meu computador quebrou então vim a lan house que para mim é a melhor opção pois o acesso é fácil e econômico” explica.