Se você ultimamente tem se assustado com a conta do mercado, do salão de beleza ou do restaurante, seja bem-vindo ao clube dos que já sentiram a presença da inflação rondando o cotidiano. Como este ano a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já subiu mais de 1% em relação ao ano passado, o consumidor está sentindo o peso na hora de fechar as contas do mês. “Enquanto a meta do Banco Central era chegar ao final do ano com uma inflação de 4,5%, já estamos na casa dos 6,5% e isso é preocupante, pois muitos preços serão reajustados com base nesse indicador”, analisa Cristiano Costa, professor de Economia da Fucape Business School. A tendência é de que em 2012 o ritmo seja o mesmo. Ontem, o mercado financeiro elevou a projeção da inflação para 2012. A estimativa saltou de 5,53% para 5,59%, bem acima dos 4,5% previstos na meta para o período. Na opinião de Costa, quem mais sofre com essa alta de preços são as classes C e D. “São as pessoas que não têm mecanismos para se proteger da inflação, pois vivem do salário e normalmente não conseguem fazer uma poupança. Um aumento na conta do supermercado impacta em até 40% da renda de quem ganha salário mínimo”, pontua. Costa alerta que a situação pode piorar. “As pessoas da classe C tiveram acesso ao crédito fácil, mas muitos já estão começando a atrasar o pagamento das parcelas do carnê, o que eleva os índices de inadimplência”. Na análise de Costa, o aluguel pode ficar mais salgado no ano que vem, principalmente para aquelas pessoas que têm contrato a vencer. “Os imóveis estão muito valorizados e os proprietários podem querer aumentar o aluguel bem acima do IGPM para quem estiver com o contrato vencido”. Ele observou também que este mês houve um aumento considerável nas passagens aéreas, que ficaram 20% mais caras. Alimentos“Está tudo mais caro no supermercado. Açúcar, feijão, carne e leite. Hoje a compra da minha casa sai até 20% mais cara do que a de dois meses atrás”, revela a recepcionista Jailma Bitencourt, 40 anos. Para driblar a alta de preços, ela sempre usa suas estratégias. “Quando o produto está muito caro, se for o caso, até mudo de marca. Só não posso trocar a marca do leite de minha filha, mas o resto não tem problema”. Já o empresário Fábio Costa, 29 anos, afirma que o aumento de preços é real e que na maioria das vezes não há como não repassá-lo para o consumidor. “Na minha padaria, a Big Pão, em Itinga, vendia o leite a R$ 2,39. Semana passada, no estabelecimento onde compro como atacadista, o leite já estava sendo vendido por R$ 2,39. A farinha de trigo oscila de R$ 60 a R$ 82. Tenho que dar meu jeito pra não aumentar o preço do pão”, diz. O vendedor autônomo Miguel Silva, 42 anos, está atento ao aumento de sua conta de supermercado e comparou alguns itens que comprou no mês passado com os que encontrou ontem nas prateleiras do Bompreço. “O leite Ninho de 800g está custando R$ 12,28, mas há uns dois meses eu comprei por pouco mais de R$ 10. O açúcar, que está por R$ 2,85, já comprei por menos de R$ 2. Em compensação, eu paguei quase R$ 6 pelo quilo do feijão carioca que hoje está custando R$ 3,50”, exemplifica. Para o gerente do mercadinho Betânia, na Federação, a carne foi um dos itens que mais sofreram os impactos da inflação. “No ano passado era possível comprar um quilo de carne por R$ 13,50. Hoje, a média de preços é R$ 16,50. Os legumes e verduras também oscilam bastante em função da safra. Já comprei uma saca de batatas por R$ 150, mas hoje paguei R$ 40”, conta. Entenda por que a inflação está aumentandoSegundo o IBGE, em setembro, o IPCA na Região Metropolitana de Salvador ficou acumulado em 4,71%. Joilson Rodrigues, do IBGE, informou que os elementos de maior peso para o baiano têm sido alimentação e transporte, seguidos por habitação, saúde e cuidados pessoais. “Juntos, esses segmentos produzem um impacto de mais de 60% sobre o orçamento familiar e pesam mais para quem ganha menos”, ressaltou. Segundo o economista Raimundo Torres, a pressão para o aumento dos alimentos vem dos custos logísticos. “Aqui em Salvador consumimos alimentos produzidos em outros locais, então temos que considerar que incidem custos com combustível, óleo, manutenção de veículos e pedágio nas estradas. Isso se reflete na composição dos preços dos alimentos”, explica. Já o aumento do mínimo ainda influencia na alta de preços dos serviços e dos custos de moradia, especialmente do condomínio. “Junto com o salário mínimo aumentam os encargos”. IBGE vai mudar peso de itensA partir de janeiro, o IBGE mudará a metodologia para o cálculo da inflação medida pelo IPCA e pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a fim de atualizar o peso dos itens e grupos medidos no orçamento das famílias. O aumento no consumo de produtos alimentícios pode expandir o peso do item, assim como a disseminação das tecnologias de informação e telecomunicações pode dar mais corpo ao grupo Comunicação. É recomendável que os institutos atualizem seus cálculos a cada cinco anos.
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