Insegurança preocupa comerciantes e moradores do Centro Histórico

O assalto ao Açaí Hostel, onde dois turistas ficaram feridos na madrugada desta terça-feira, está longe de ser um fato isolado na Rua dos Passos e o seu entorno, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador. O clima de insegurança é grande entre comerciantes, empresários, moradores e turistas. A dona do Hostel Patuá, Pâmela, 30 anos, disse que os roubos são diários. “Sempre tem no Pelourinho porque é bem visado por causa dos turistas. Os bandidos passam correndo e levam tudo o que verem pela frente”, disse a proprietária do hostel, localizado ao lado do Açaí Hostel.

Nesta madrugada, o Açaí Hostel (rosa) foi assaltado pela segunda vez no ano. Três homens encapuzados invadiram o local

Uma funcionária de hostel localizado na mesma rua conta que a maioria dos roubos são praticados por jovens da própria região do Centro Histórico. “Os objetos roubados são para vender ou trocar por crack. A maioria é gente daqui mesmo, todos jovens, que agem muitas vezes sob efeito da droga”, relatou. “E aqui tem segurança? De vez em quando a gente ver dois policiais circulando e só”, reclamou Vanda Araújo Vânus, 69, dona do Abdala Bar. “No sábado passado, às 7h30, dois caras tentaram roubar a corrente de uma senhora que passada aqui em frente. Não levaram porque ela segurou a mão de um deles e os dois correram”, contou. “E tem mais: o domingo é o pior dia. Não há um pé de polícia e os ladrões fazem a festa com os turistas”, complementou. Para Marisa Albuquerque, 55, caminhar na Rua dos Passos requer cuidados extremos. “Morei aqui há anos. Não venho de ônibus porque na caminhada corro risco de ser assaltada, mesmo sendo conhecida. Por isso venho só de táxi e vou embora de táxi. O custo é alto, mas nada se compara a ter uma arma apontada para a cabeça”, disse. Na Ladeira do Carmo, paralela à Rua dos Passos, os assaltos também são frequentes. “Seja dia ou não, os bandidos agem sem piedade. Já vi muito turista ensanguentado no chão por reagir ou não entender o que o bandido exigia”, disse Antônio Moisés, morador do local. Apesar de nunca seu estabelecimento ter sido assaltado, Edit Mathais, 64, dona da Pousada Tamboleiro, faz recomendações aos seus clientes. “A gente pede que eles não levem máquinas fotográficas e joias. Quando saem, às 22h já estão de volta. Sem falar que temos câmeras na entrada e colocamos funcionários nossos na porta à noite para garantir a segurança de todos”, disse.