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SALVADOR

Jornalista relata indignação com falta de boneca negra em mercado

"Pensei, se aquela menininha linda (branca) não se sentia atendida na sua solicitação, imagine uma criança negra?!", desabafa

• 20/11/2013 às 15:25 • Atualizada em 27/08/2022 às 1:37 - há XX semanas

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O Dia da Consciência Negra é mais uma oportunidade para fazer reflexões sobre as questões raciais e culturais em nosso país. Um pedido simples de uma criança na última segunda-feira (18) fez a jornalista baiana Tatiane Sacramento notar algo que pode passar despercebido: a dificuldade de encontrar bonecas negras nas prateleiras, ou quando há, são poucas as opções. Não ter encontrado uma em um supermercado da capital baiana a deixou indignada. Confira o relato da jornalista:"Hoje saí da academia, às 6h30 da manhã e fui procurar um presente para meu sobrinho no Extra Paralela, rapidinho, na seção de brinquedos. Logo que cheguei ao corredor, a minha atenção foi chamada por uma criança, aparentemente com sete anos: - Olha pai, quero uma igual a ela. Que linda ela né pai?! Apontou em minha direção. Olhei para atrás para ter certeza de que falava de mim. Lógico, fiquei desconcertada. E fazia bico, batia o pé, inconformada, mas muito educada e discreta. - Quero uma igual a ela. Não gosto das outras. - Como assim filha?! - Quero igual a ela. Daquele jeito e bonita assim, com o enroladinho. - Mas ela é uma pessoa e não uma boneca minha princesa. - Eu sei né pai! Mas quero uma parecida com ela. O pai pareceu captar a solicitação da menina e olhou rapidamente entre as prateleiras. - Infelizmente não tem filha. - Mas ela é tão bonita e parece uma boneca de verdade. Por que não tem?! Dei uma risadinha de canto de boca. Fiquei um pouco envergonhada pelo pai da criança que era obrigado a me olhar para entender melhor as observações da filha. Olhei para ele e sinalizei com a cabeça como que para dizer, "ok, tranquilo. Coisas de criança". Ele procurou entre as prateleiras novamente e... - Não tem querida. Apertando as sobrancelhas, a criança veio em minha direção e pediu: - Posso tirar uma foto sua? Assim a gente vai em outro lugar e procura uma boneca igual a você. Fiquei sem chão, mas como dizer não?! Eles tiraram a foto e foram embora. O pai pediu desculpas e fui eu mesma conferir nas prateleiras. Infelizmente, de fato, não vi nenhuma boneca que se parecesse comigo. Então pensei, se aquela menininha linda (branca) não se sentia atendida na sua solicitação, imagine uma criança negra?! Essas não se veem representadas nas prateleiras do Extra e de muitos outros supermercados e grandes magazines por aí. Fiquei pesarosa. Preferi pensar que aquilo era algo casual e que a demanda está maior que a oferta e que todas as bonecas "parecidas comigo" tinham acabado e o mercado ainda não tinha reposto o estoque."

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