Ao longo da semana, Marcelo Araujo dos Santos, 28 anos, esperava ansiosamente pela chegada da sexta-feira. Combinou com os amigos de ir para o Campo Grande. “Uma brother vai fazer um trabalho sobre rock’roll e eu vou apresentar ela a uma galera pra ela entrevistar”, divulgou ele no facebook. Marcou, antes, de ir ao Bonfim, após a sugestão de uma amiga. Segundo a mãe contou para a delegada Simone Moutinho, plantonista no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso, ele teria ligado para ela às 23h dizendo que voltaria para casa, no Jardim Brasil, na Barra. Meia hora depois, voltou a ligar avisando que dormiria na casa de um amigo na Vila Canária.
O corpo de Marcelo foi encontrado na manhã de ontem, boiando no esgoto, já na areia da praia do Costa Azul. No pescoço, marcas de objetos perfuro-cortantes e de um soco nos olhos. Estudante do curso de administração do Instituto Federal da Bahia (Ifba) e filho de um soldado da Policia Militar lotado na Casa Militar do Governador, Marcelo gostava de fotografia e, segundo uma amiga que estudou com ele no Liceu de Artes e Ofícios, sempre carregava a câmera fotográfica profissional da marca Nikon com ele. Segundo a delegada Simone Moutinho, no dia do crime ele estava com o equipamento embrulhado em um saco preto (usado para lixo), em uma tentativa de disfarçar o produto. “Ele estava com a máquina, roubaram meu filho”, contava a mãe de Marcelo a alguém no telefone, ontem à tarde, no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues. Ela e o pai, bastante abalados, não quiseram falar com a reportagem. Essa é a linha de investigação da policia, que acredita em latrocínio (roubo seguido de morte). Não se sabe, porém, como o estudante chegou à praia do Costa Azul. “É um lugar escondido e certamente ele foi com as próprias pernas, o corpo não apresentava sinais de que foi arrastado. A posição das mãos indica que ele resistiu a agressão e tentou se defender”, acredita a delegada. Bandas de rock, fotografia e bebidas eram as paixões do rapaz. “Ele era muito gente boa, mas bebia muito e quando estava bêbado os outros faziam o que queriam com ele. Desde que o conheci, fotografando um aniversário, isso me preocupou”, conta uma amiga que prefere não se identificar. “Todos que conhecem ele sabem disso. A câmera dele, caríssima, quando ele bebia deixava na mão de qualquer um”, completa ela. O corpo de Marcelo, encontrado na praia apenas com um Salvador Card, um celular e a chave, só deve ser liberado hoje do IML.