O Farol da Barra é mesmo o lugar onde os encontros acontecem. Desde a profecia dos Novos Baianos, na década de 60, quando criaram uma música para o local, o Farol tem servido de palco para os diferentes formatos musicais, bem como de ponto de referência para a diversidade de pessoas que transitam de maneira alegre e festiva por lá. Na noite de quinta-feira (12), mais precisamente por volta das 22 horas, o Farol estava cheio. Nas suas ruas e no largo de grama que se estende em frente ao forte, concentrava-se um conglomerado de pessoas que traziam em um detalhe importante e que os distinguiam uns dos outros: estavam todos fantasiados. Estavam fantasiados e a espera da saída d’ Os Mascarados que, esse ano, teve Luís Miranda e Astrid Fontenelle como rei e rainha do bloco. Já na parte musical, a convidada da vez foi Mariene de Castro que animou a todos com seu samba de roda do recôncavo baiano. Muito emocionada, Mariene revelou “ser uma grande honra poder estar tocando para um público tão lindo e diverso”. Em seguida, a cantora fez os foliões sambarem pela orla da Barra ao som do sucesso “Ilha de Maré”.
Os Mascarados tem a proposta de agregar os foliões de maneira democrática e respeitosa. Nessa quinta-feira (12) de carnaval o bloco foi a escolha de mais de quinze mil pessoas, que se divertiram com liberdade e alegria. De maquiagem no rosto combinando com o figurino, Val Santos deixou-se confessar que frequenta o bloco desde o seu início justamente por ser um espaço plural."O bloco tem essa tradição de abraçar toda a comunidade artística, cultural, além da própria causa LGBT. No carnaval a gente brinca com essa questão dos gêneros de maneira lúdica e caricatural. É o lugar onde o homem pode se vestir de mulher e a mulher de homem sem que haja preconceito”. Val também acredita que se a proposta d’Os Mascarados fosse levada pra o cotidiano, o racismo seria definitivamente banido, haveria menos preconceito com relação ao valor da mulher e redução de outras formas de opressão social.
Mas, calma ai. Para os que pensam que o bloco Os Mascarados é frequentado apenas para a população LGBT, estão muito enganados. Quem pulava de alegria no refrão de “Chame Gente” foi o casal Vanessa e Sergio, que brincam no bloco há cinco anos. Vanessa confessou que o diferencial dos Mascarados são a irreverência e a alegria.Já Sergio chama a atenção para o fato do bloco não possuir cordas. “Isso que é muito bom aqui. Porque esse modelo de bloco com corda já está desgastado. As pessoas costumam dizer que o axé se desgastou, mas não é o axé, é a fórmula comercial da coisa que gera a segregação dentro do carnaval. Se mais blocos saíssem sem cordas, provavelmente diminuiria essa opressão estabelecida socialmente”, comentou. Com aperto, mas sem brigas, o percurso dos Mascarados se deu de maneira calorosa e agitada. A turminha fantasiada de “smile” confraternizou com outro grupo, vestidos da porquinha “Peppa”. Diversas tribos indígenas se encontraram para dançar com Brancas de Neve, sereias, marujos e policiais. Os foliões também fizeram “doação de beijos” agarrando uns aos outros e transformando o carnaval dos Mascarados em amor e comunhão. *Mariana Kaoos é repórter colaboradora do iBahia no Carnaval 2015Confira a galeria de fotos de Dilson Silva / AgNews
Mascarados reúne mais de quinze mil foliões fantasiados |
Astrid Fontenelle e Luiz Miranda acompanharam o desfile do bloco Os Mascarados |
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