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Medo da violência faz moradores deixarem rua Amazonas, na Pituba

Foi neste trecho, em frente à praça Belo Horizonte, que uma juíza e uma promotora foram seqüestradas na noite do dia 16, uma sexta-feira

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26/11/2012 às 8:56 • Atualizada em 27/08/2022 às 7:26 - há XX semanas
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O cheiro das amendoeiras convida, assim como as sombras das árvores. Há prédios antigos e novos. O comércio é movimentado, com 43 estabelecimentos entre academias, padarias, mercadinhos, bares e escolas de idiomas. Este é o cenário da Rua Amazonas, umas das principais vias da Pituba. Mas, atualmente, o que também faz parte do cenário são 13 placas de “vende-se” ou “aluga-se” contadas pelo CORREIO em toda a extensão da via, principalmente entre as ruas Mato Grosso e Espírito Santo. Foi neste trecho, em frente à praça Belo Horizonte, que uma juíza e uma promotora foram sequestradas na noite do dia 16, uma sexta-feira. Na opinião de alguns moradores, porteiros e comerciantes da rua, a insegurança está entre os motivos da aparição de tantas “oportunidades” na região. “A partir do momento que o lugar deixa de transmitir segurança, ninguém quer morar”, diz o comerciante José dos Santos Serra Neto, 51. Neto tem comércio na rua Amazonas há 20 anos, e diz que foi obrigado a criar um “antídoto” contra assaltos. “Olha aqui meu relógio, de camelô. Você tem que andar maltrapilho aqui, se não, em um quilômetro de deslocamento até sua casa, é assaltado”, sentencia.
Medo da violência faz moradores deixarem rua Amazonas
Pedindo anonimato, um empresário sergipano que tem duas filhas morando na Rua Amazonas contou que está determinado a se mudar. Não pensa em tirar as mulheres da Pituba, mas quer um imóvel num condomínio fechado. “Antes de entrar na faculdade, minha filha caçula estudava no Colégio Anchieta e ia andando para a aula todos os dias. Um dia, ela foi assaltada às 7h e levaram tudo, mas graças a Deus não houve agressão física”, conta. Sua filha mais velha está preste a voltar para Sergipe, mas a caçula ficará sozinha, por isso a preocupação aumenta. “Estou comprando um apartamento no Pituba Ville pra que minha filha que vai continuar aqui não fique vulnerável. Depois das 19h, ela não tem nem como ir na lanchonete”, diz. “Nos domingos o povo tem medo de sair e pede pra a gente ficar olhando pra ver se tem gente vindo. Os ladrões estão sempre rondando”, emenda o porteiro de um prédio da rua. Para o corretor de imóveis Robson Trabuco, 52, que trabalha há anos com imóveis na Pituba, a Rua Amazonas é boa para os negócios. Ainda assim, ele admite que parte dos clientes cita a insegurança como um dos motivos de saída. “Digamos que de cada cinco moradores, dois ou três citam a questão da segurança como motivo da mudança”, explica. Trabuco diz, contudo, que mesmo com o aumento das saídas, sempre há pessoas interessadas em moral no local. VocaçãoDe acordo com José Alberto Vasconcelos, vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-BA), a insegurança tem sido citada por alguns clientes que pretendem deixar a Rua Amazonas, mas não como fator principal. “A rua está passando por uma mudança de vocação. Está cada vez mais comercial, porque ali a prefeitura libera. Muita gente sai por causa disso e pelo mesmo motivo ela fica deserta à noite e nos finais de semana, quando os estabelecimentos estão fechados”, avalia Vasconcelos, que é dono de uma imobiliária na Pituba. Segundo ele, os preços dos imóveis na região não caíram, mas estão menos valorizados que em outros bairro e bolsões na própria Pituba, como o Loteamento Aquárius e o Pituba Ville. “A realidade é que, quanto mais perto do Nordeste de Amaralina, menor é o valor do imóvel. E a Rua Amazonas termina já bem perto do Nordeste”, conclui o corretor. Condomínios da Pituba entram na mira de ladrões invasoresO diretor de teatro Fernando Guerreiro, 51, é morador da Rua Amazonas e conta que seu prédio foi alvo de uma tentativa de invasão semana passada. Segundo ele, um casal que supostamente carregava um bebê num cesto, pediu que o porteiro ligasse para um apartamento. Mas, como o morador disse não estar esperando ninguém, o casal foi embora e, na saída, jogou o “bebê” na rua. Era um boneco. Guerreiro, que mora na Pituba há 47 anos, diz que tem evitado sair andando. “Foi uma mudança que aconteceu ao longo dos anos, porque a Pituba concentra bares, lojas, bancos, e tem uma população de alto poder aquisitivo. Além disso, é um lugar com rotas de fuga fáceis”, opina. “Me sinto mais seguro no Centro Histórico que na Pituba. No Centro, tem os craqueiros, pessoas que roubam pra sustentar o vício, com eles eu sei lidar. Na Pituba tem assaltantes profissionais, bem vestidos. Esses são os mais perigosos”, afirma. Se no prédio do diretor o assalto parou na tentativa, num edifício próximo o roubo se concretizou. Não foi na Rua Amazonas, mas na São Paulo, bifurcação da primeira. Ali, no dia 4 deste mês, um homem bem vestido, como descreveu Guerreiro, invadiu o apartamento de uma empresária e, segundo ela, levou R$ 500 mil em joias. Já no dia 18 de outubro, o edifício Mar Báltico, na própria Amazonas, foi invadido por um trio. A polícia foi acionada e os ladrões fugiram sem nada. Major destaca queda no número de ocorrênciasDe acordo com o major Luis Alberto Paraíso, comandante da 13ª Companhia Independente da Polícia Militar, responsável pela área, o policiamento ostensivo na Rua Amazonas é realizado das 7h às 19h por duas duplas de policiais, que também circulam pela avenida Manoel Dias. Segundo ele, durante 24 horas o policiamento é feito com carros e motocicletas. Paraíso afirma que as principais ocorrências da região são de roubos a transeuntes, a ônibus e veículos. Ele ressalta, porém, que a ocorrências caíram cerca de 20% este ano, em relação ao ano passado. Na visão do major, um problema para conter este tipo de delito é que muitos são praticados por adolescentes que são detidos e logo voltam para as ruas. “Apreendemos essas pessoas, mas não adianta. Temos casos de gente que já prendemos mais de 10 vezes”, conta o major. Matéria original Correio 24h Medo da violência faz moradores deixarem rua Amazonas, na Pituba

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