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SALVADOR

Moradores de Cajazeiras contam com cartão de crédito próprio

Lugar de gente humilde, Cajazeiras encontrou na ideia de três dos seus comerciantes uma chance de realizar seus desejos de consumo

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17/09/2011 às 17:21 • Atualizada em 29/08/2022 às 18:23 - há XX semanas
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Cimento, brita, ferro e areia: R$ 250. Farinha de mandioca: R$ 2. Engradado de cerveja e panelão de feijão: R$ 70. Bater a laje com a ajuda de vizinhos, pegar aquela feijoada e tomar uma gelada ainda suando: não tem preço! Existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras existe Cajazeiras Card. Pelo menos essa já é a realidade de alguns moradores do maior bairro de Salvador, que começa a criar um sistema financeiro próprio. Lugar de gente humilde, onde sonhar é, por exemplo, bater uma laje, Cajazeiras encontrou na ideia de três dos seus comerciantes uma chance de realizar seus desejos de consumo. Ali, o futuro não é master, nem hiper ou visa. É Cajazeiras Card.
Lançado há cerca de três meses, o cartão de crédito foi criado a partir de iniciativas de José Carlos Serrão, Carlos Pinheiro e Sérvio Túlio de Moura, esse último presidente da Associação de Micro e Pequenas Empresas de Cajazeiras (Amicro). Com a bandeira Minas Cred, já tem 282 assinantes e 373 propostas sendo analisadas. Para adquiri-lo, sequer é preciso comprovar renda. O objetivo é atingir um público que costuma ter dificuldades em encontrar linhas de crédito. “O fato de não precisar de comprovação de renda é o nosso grande diferencial”, explica Sérvio Túlio. Com foco nas classes “C” e “D”, o Cajazeiras Card aposta na legião de trabalhadores informais do bairro. Informais - “Calculamos uns 100 mil informais em Cajazeiras. Diferente do que pensam os outros cartões, essa gente paga bem e no prazo. O povo é mais fiel do que muito empresário por aí”, acredita o presidente da Amicro. Para os que não comprovam renda, o crédito inicial é de R$ 250. “A medida que ele vai mostrando sua capacidade de crédito, vai aumentando”. Para os que apresentam contracheque, o crédito pode chegar a R$ 1 mil. Hoje, o Cajazeiras Card é aceito em 36 estabelecimentos, mas outros 114 já estão cadastrados para entrar na lista. “A administradora dos cartões está analisando tudo e, em pouco tempo, teremos muito mais lojas aceitando”. Com o Cajazeiras Card é possível comprar em seis vezes sem juros. A ideia é gerar emprego, renda e fazer o dinheiro circular no bairro. O projeto é colocar no mercado 50 mil cartões. “O primeiro lote é de cinco mil. Se conseguirmos botar nas ruas essa primeira remessa, a R$ 250 o crédito, injetaremos mais de R$ 1 milhão direto no mercado de Cajazeiras”, calcula Sérvio.
Maquineta - Com quatro mil metros quadrados de área construída e 92 funcionários, a maior loja do comércio local, O Fazendão Materiais de Construção, é uma das que disponibilizam uma maquineta para o cartão. “A procura tem sido enorme. É uma grande opção para quem vive na informalidade. É sucesso, cara. Vai aquecer muito o nosso mercado”, empolga-se o gerente da loja, Jeremias Almeida. Estabelecimentos de nome nacional, como as Casas Bahia, já analisam proposta para aceitar o cartão. “Temos o nosso cartão próprio, mas nada impede que possamos incluí-lo. Temos que acompanhar o mercado”, diz o gerente das Casas Bahia de Cajazeiras X, Fernando de Souza. Diferentemente do que acontece com cartões de lojas de departamento, no caso do Cajazeiras Card não há promotoras ansiosas puxando clientes para fazer negócio. São elas as procuradas. No final da manhã de ontem, o estande localizado na frente de uma loja era disputado por dezenas de pessoas. Orgulho - O motorista Nelson Baracho Júnior, que mora há mais de 30 anos no bairro, passava pelo local e ficou surpreso com o estande. Não pensou duas vezes e preencheu cadastro. Agora ele espera aprovação. “Para quem viu isso aqui crescer, adquirir esse cartão é questão de identidade. Pra mim é um orgulho ter o Cajazeiras Card”, disse o motorista, que adquiriu o cartão em um dos oito pontos estratégicos. Pouco a pouco, o Cajazeiras Card vai se popularizando no bairro. Para quem tem uma ligação afetiva com o local, dá até satisfação abrir a carteira e exibir o cartão que leva o nome de onde se mora. Hoje, não é raro a funcionária do caixa de uma das centenas de estabelecimentos fazer a pergunta clássica: -Qual a forma de pagamento, senhor? E ouvir a seguinte resposta: -Vai ser no Cajazeiras Card... Projeto piloto tem parceria com empresa - Por trás do Cajazeiras Card está a administradora de cartões Minas Cred. Com matriz em Maringá, no Paraná, a empresa administra 7 mil produtos em todo o país. É a primeira vez, porém, que firma convênio com uma associação de bairro. “É um projeto piloto. Queremos gerar economia dentro do próprio bairro”, aposta Élsio Sureck, representante da Minas Cred em Salvador. Tudo funciona da seguinte forma: a Minas Cred concede crédito e limite ao cliente, mas tem como diferencial o nome e a imagem de Cajazeiras para dar identidade ao produto.

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