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SALVADOR

MPF pediu prisão de Capetinha, mas Justiça negou

Ex-jogador é investigado em operação da Polícia Federal, que desarticulou grupo que fraudou o pagamento de loterias da Caixa Econômica Federal

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11/09/2015 às 11:53 • Atualizada em 27/08/2022 às 22:32 - há XX semanas
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MPF pediu prisão de Edílson Capetinha
por suspeita de fraude, mas Justiça negou
(Foto: Paulo M Azevedo/Arquivo Correio)

O ex-jogador de futebol Edílson da Silva Ferreira, o Edílson Capetinha, quase foi preso durante uma operação da Polícia Federal na manhã da quinta-feira (11). Segundo uma fonte do jornal O Globo, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão do atleta, mas teve o pedido negado pela Justiça.Só foi autorizado o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de Edílson, no Horto Florestal, e um mandado de condução coercitiva.O jogador, que atuou na seleção brasileira e foi pentacampeão do mundo em 2002, negou qualquer envolvimento com a quadrilha.Ele é suspeito de utilizar sua conta bancária para movimentar valores referentes a um esquema que, segundo estimativa da PF, teria desviado aproximadamente R$ 60 milhões em pouco mais de um ano. A alegação é de que Edílson usava a sua influência para aliciar gerentes da Caixa Econômica ao esquema. Fontes do jornal O Globo relataram a existência de escutas telefônicas, fotos de reuniões e relatórios de monitoramento do jogador. Operação DesventuraOntem, a PF deflagrou uma operação na Bahia, Goiás, Sergipe, São Paulo e Paraná, além do Distrito Federal, para desarticular a quadrilha. Em Salvador e Lauro de Freitas, a Operação Desventura cumpriu três mandados de prisão temporária, um de prisão preventiva, seis mandados de busca e apreensão e oito conduções coercitivas. Três dos mandados de prisão foram cumpridos em Salvador, onde também foram apreendidos cinco carros de luxo, supostamente adquiridos com dinheiro do esquema - um Hyundai Vera Cruz com placa de Sergipe, um Fiat Freemont, um Ford Fusion, um Audi A5 e uma Mitsubishi L200.

Cinco carros de luxo, adquiridos com dinheiro da fraude e apreendidos durante operação, no pátio da PF
(Foto: Marina Silva)

Os presos na Bahia foram levados para a Cadeia Pública, no Complexo da Mata Escura, ainda ontem. Já as pessoas conduzidas sob coerção prestaram depoimento na sede da Polícia Federal, no Comércio, e foram liberadas em seguida. Modus operandiO esquema realizava a validação de bilhetes premiados falsos referentes a prêmios não sacados pelos verdadeiros ganhadores, com a ajuda de gerentes da Caixa e servidores federais com acesso a informações privilegiadas em Brasília. Os servidores sabiam, por exemplo, onde estavam os bilhetes premiados ainda não sacados, restando oito dias para que perdessem a validade. A partir daí, manobravam para forjar um novo cartão. Era aí que entravam os gerentes, que através das suas senhas, disponibilizavam o pagamento dos prêmios, auxiliados por correntistas que têm grande movimentação financeira. Eles eram o elo entre os servidores e os gerentes. Edílson teria entrado em contato com dois gerentes, segundo a PF. Ao CORREIO, o advogado do ex-atleta, Thiago Phileto, informou que o ex-atleta “está tranquilo” e que não tem envolvimento com o esquema. “Parece que tem uma pessoa que tentou se aproximar dele e está envolvida na investigação. Não é parente nem namorada”, adiantou Phileto. O ex-atleta estava em Juazeiro e voltou a Salvador, ontem (11), mas não foi encontrado para comentar o assunto. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa dele, no Horto Florestal. “Eles entraram, foram muito educados. Pegaram uns HDs e foram embora”, confirmou o advogado. Ele negou que Eduardo Pereira dos Santos, preso em Lauro de Freitas por suposta participação na fraude, seja parente de Edílson. De acordo com o delegado Thiago Sena, da Superintendência da PF em Salvador, 50 agentes da Bahia participaram da operação. Os mandados de prisão foram cumpridos em Piatã, Retiro e Tancredo Neves. Morte de integranteEm entrevista coletiva na manhã de ontem, em Goiânia (GO), a PF revelou que, além do recrutamento de gerentes da Caixa, a quadrilha também se utilizava de hackers e programas maliciosos na internet para roubo de senhas. Ao todo, os 250 agentes foram às ruas com o objetivo de cumprir 54 mandados judiciais - cinco de prisão preventiva, oito de prisão temporária, 22 conduções coercitivas e 19 de busca e apreensão. Os envolvidos na fraude vão responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, falsificação de documento público, evasão de divisas.

Agentes chegam à sede da PF, em Salvador, com material apreendido
(Foto: Marina Silva)

Durante as investigações, um dos integrantes da quadrilha chegou a ser preso durante as investigações, ao tentar aliciar um gerente da Caixa para sacar um prêmio de R$ 3 milhões. Alguns dias após ter sido liberado pela polícia, ele foi executado. As circunstâncias do crime ainda estão sendo investigadas. Além disto, a investigação também identificou a atuação de um doleiro na quadrilha, fraude na utilização de financiamentos do BNDES e do Construcard, além da liberação irregular de gravame de veículos. Os valores dos prêmios da Mega-Sena, Loteca, Lotofácil, Lotogol, Quina, Lotomania, Dupla-Sena e Timemania não sacados seriam destinados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Somente em 2014, R$ 270,5 milhões em prêmios deixaram de ser resgatados por ganhadores de loteria da Caixa. Ainda de acordo com a PF, a investigação conta com o apoio do Setor de Segurança Bancária Nacional da Caixa. Em nota, a instituição informou que abrirá processos disciplinares para investigar internamente as responsabilidades e o envolvimento dos empregados do banco. Ontem, oito servidores com acesso a informações privilegiadas prestaram depoimento.
Correio24horas

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