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SALVADOR

Na ladeira do Curuzu, muitas histórias para contar

• 15/03/2011 às 15:43 • Atualizada em 27/08/2022 às 1:21 - há XX semanas

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HISTÓRIA
Conhecido internacionalmente, o Curuzu não é um bairro, mas cresceu com tamanha proporção que hoje pode ser caracterizado como "um bairro" da Liberdade. Com uma população de mais de 23 mil habitantes, a região concentra becos, ruelas e travessas que juntas formam “o parente mais famoso da Liberdade”, como diz Edmilson das Neves, coordenador pedagógico do grupo cultural Ilê Aiyê.
A rua que abriga a famosa ladeira - tema de música -, não tinha asfalto nem água encanada e era ela que os moradores enfrentavam para levar água para casa todos os dias. Em 1974, o Curuzu ganhou reconhecimento na cidade com a criação do primeiro bloco afro da Bahia, o Ilê Aiyê. Hoje a entidade, que tem como principal atividade, promover a educação, a cultura afro e lutar contra o preconceito, é reconhecido como uma instituição sócio-carnavalesca e um patrimônio cultural baiano que presta serviços à comunidade.
PERSONAGENS
Aos 85 anos, dona Fionga (foto), como é conhecida desde que se entende por gente, na verdade é Alaide Lopes. A auxiliar de enfermagem aposentada, passa o tempo fazendo trabalhos artesanais, como quadros, panos de pratos e bonecas de pano. Ativa e vaidosa, ela, que mora no Curuzu desde que nasceu, faz parte do grupo de idosos do Ilê, toda segunda-feira à noite, onde tem aulas de samba, brincadeiras, passeios e educação física. A senhora também arruma tempo e disposição para participar das aulas de capoeira para idosos no Grupo da Maior Idade do Curuzu (GMIC).
A maior lembrança que dona Fionga tem do lugar, é da época na qual a rua não era asfaltada e não passava carro. Ainda jovem, Fionga subia a ladeira do Curuzu com balde d´água na cabeça e garante que sente saudades daquele tempo. Hoje, a mulher de cabelos grisalhos só não gosta de uma coisa: os lavadores de carro. “Eles passam o dia todo lavando carro com o som nas alturas”, reclama.
Descendo a ladeira, encontramos Elza Portela (foto), 93 anos, sentada na varanda de casa com um vestido florido e com os cabelos grisalhos trançados. Dona Elza era vizinha de Mãe Hilda desde os 19 anos, quando foi morar no Curuzu. Ela conta que sente muitas saudades da amiga de adolescência e sente muito orgulho em ter visto o bairro se desenvolver. “Eu prefiro ver o Curuzu moderno como está hoje, com água e asfalto, antigamente eu tinha que subir a ladeira com um balde d´água na cabeça, até que meu marido comprou um jegue”. Andando um pouco mais pelas ruas do bairro, conhecemos as amigas Eunildete Santos de 62 anos e Nilza das Virgens de 66 anos, as jovens senhoras coordenam o GMIC, que realiza trabalhos voltados para os idosos do bairro. Nilza fala do projeto que hoje é seu maior estimulo “O GMIC tem o objetivo de tirar o idoso de dentro de casa para dizer: Você está vivo e vamos viver fora de casa!”, conta a aposentada.
O eletricista aposentado, Jairo Santiago mora há mais de 30 anos no Curuzu, mas só há quatro, soube curtir a região. “Precisei me aposentar para conhecer o lugar onde eu moro”, frisa Santiago, que é casado com Eunildete.
Ao contrario de Jairo, Dete Lima de 57 anos conhece muito bem o Curuzu. Filha de Mãe Hilda, a estilista ainda se recupera da morte da mãe, mas encontra forças no Ilê Aiyê para seguir a sua vida. “O Ilê Aiyê é minha vida, fazer parte de um projeto como este é muito gratificante, e a transformação feita em cima da estética negra é muito importante para mim. O Ilê melhorou a autoestima da comunidade”.
LOCALIZAÇÃO

CURIOSIDADES
Um espaço de barro batido cercado por mato, foi o lugar ideal que um grupo de amigos encontrou para realizar ensaios musicais. Nos anos 70, o bairro do Curuzu começou a ser asfaltado e esse espaço, que já atraia pessoas de outros bairros, recebeu borra de asfalto. Com o chão todo preto, os amigos apelidaram o lugar de Senzala do Barro Preto, que hoje é a Sede Oficial do Bloco Ilê Aiyê. Confira aqui uma Galeria de Fotos do bairro Confira também um vídeo com Edmilson das Neves, Coordenador Pedagógico do Ilê Aiyê

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