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SALVADOR

“Não fui contratado pra isso”: Aprenda a pensar fora do quadrado

Especialista uma das razões para a alta rotatividade de algumas vagas de trabalho, ocupadas preferencialmente por jovens profissionais

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06/08/2013 às 8:35 • Atualizada em 28/08/2022 às 0:42 - há XX semanas
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Acompanhando o mercado de trabalho - especificamente o de Salvador que é onde fica a nossa empresa – percebemos que uma das razões para a alta rotatividade de algumas vagas, ocupadas preferencialmente por jovens profissionais, é oriunda do pensamento expresso no título desta coluna. Os jovens, muitas vezes, idealizam a organização e esperam encontrar nela, o espaço para aplicar todos os conhecimentos apreendidos em sua formação. Ocorre que, principalmente nas pequenas empresas, é requerido muito mais flexibilidade do que eles estão preparados para oferecer, Os jovens que iniciam sua jornada profissional costumam pensar, primeiramente, em suas habilidades e conhecimentos adquiridos ao longo de anos de estudo, e eventualmente o estágio, como suas principais credenciais ao ingressarem nas empresas. Nestes termos, é comum o jovem pensar exclusivamente em termos de posição de encaixe. Ele imagina então que as vagas apresentadas pelas empresas devem comportar uma posição de trabalho, ou uma "baia" onde ele possa encaixar-se naturalmente.
Assim sendo, se o profissional iniciante é formado em Contabilidade, eles espera por uma posição de contador. Se é formado em Direito, talvez uma posição de assistente jurídico. Se é formado em Administração, é claro, almeja-se um cargo na especialização de sua preferência (marketing, finanças, RH, etc..). A empresa "deve", portanto, por esta ótica, oferecer uma posição específica que se encaixe nas pretensões daquele profissional elencando tarefas plenamente compatíveis com as habilidades requeridas por sua formação, e tão somente isto. Esta visão tradicional de uma aderência simétrica entre o profissional, o cargo, a posição e a empresa habita a maioria das mentes, segundo a tradição de fabricação de profissionais em série, que nossas instituições de ensino superior se acostumaram a moldar. É como se você fosse o plug e a empresa uma tomada. A empresa oferece a tomada e você, o plug, plenamente compatível. O brasileiro acostumou-se a imaginar o nosso país como uma grande ilha, o que, de fato, praticamente continuamos sendo. O Brasil talvez seja, dentre aquele elenco de nações de alto e médio desenvolvimento econômico e social, aquele onde a cultura empresarial e dos profissionais, se altera mais lentamente. Fomos, e continuamos sendo, de certa forma, protegidos por uma redoma que tende a tornar as transformações empresariais bastante amortecidas. Na semana passada, mencionamos o patrimônio representado pela reputação de um profissional, o reconhecimento de suas habilidades, capacidade e competência que, fatalmente, em algum momento, se traduzirão em convites internos ou externos de corporações, ou mais clientes, significando maiores oportunidades que, se forem bem aproveitadas, resultam em um maior sucesso profissional e as recompensas decorrentes. Ter uma boa reputação é o mesmo que ser reconhecido como um profissional confiável, capaz e disposto a aceitar desafios. A capacidade, do ponto de vista das empresas, muitas vezes está relacionada à disposição de um profissional ser multitarefa e polivalente. À sua atitude. É aquele contador que não se assusta se lhe pedirem para atender clientes ou fornecer informações sobre produtos da empresa, ou então é o administrativo de vendas que não refuta a oportunidade de ajudar em questões financeiras. O que as empresas buscam hoje é o profissional flexível que, de forma responsável, responde bem às demandas para realizar tarefas que fogem ao seu campo de formação. No mundo de hoje, é preciso ser muito mais do que um profissional formado em uma determinada especialidade. É preciso ser capaz de realizar tarefas além da sua formação, sem se sentir vilipendiado por isto.è preciso saber pensar “fora do quadrado”.
"Ter uma boa reputação é o mesmo que ser reconhecido como um profissional confiável, capaz e disposto a aceitar desafios"
O que ainda percebemos nas empresas, é que os profissionais formados estranham e até mesmo abominam a ideia de que terão de realizar tarefas distintas de sua formação. Este tipo de demanda ainda é percebida por novos e antigos profissionais e, até mesmo por organizações de classe, como uma heresia. Para estes, é preciso informar que o mundo mudou e esta grande ilha chamada Brasil não está totalmente livre das influências do mundo real e competitivo lá fora. Cada vez há menos espaço para a famosa frase: “não fui contratado para isto”. A boa notícia, para aqueles que interpretarão tais exigências das empresas como oportunidade, é que este tipo de demanda representa exatamente isto, ou seja, oportunidade. Para aqueles que realmente querem crescer e ser reconhecidos por sua múltiplas habilidades e polivalências, as empresas reservarão os cargos estratégicos e o convite para assumir maiores responsabilidades, participação e voz ativa. Para aqueles que se contentam em executar suas tarefas especializadas, confinados em seus cantinhos e nada mais além disto, o perigo é se tornarem, por seu turno, meras “commodities”, posições facilmente substituíveis. Nem todos têm o perfil ou o desprendimento para serem peças polivalentes, sempre à disposição para realizar muito além do que estaria, em tese, capacitado. A maioria prefere, ainda, ser uma peça da engrenagem. Mas se você procurar dentro das organizações aqueles que ascenderam nos cargos e posições, e que alcançaram a maior reputação, não será surpresa, quando estudarmos a carreira destes profissionais, verificar que em algum momento, eram mesmo "pau-pra-toda-obra". Aqui cabe um pouco de ambição. Quem ambiciona, tem que investir, o que significa, neste caso, fazer o "mais do que deveria". Se você acha que deve apenas realizar estritamente as tarefas para as quais é pago, bom, então é possível que felicidade resida em ser apenas uma peça da organização. No final da semana o chopp estará garantido e é legítimo que sua ambição seja apenas esta.
Sergio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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