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SALVADOR

'O primeiro é seu', disse atirador antes de matar jogador

Segundo amigos e parentes, confusão envolveu balde de cerveja; autor seria um PM

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Redação iBahia

07/11/2017 às 7:18 • Atualizada em 31/08/2022 às 21:00 - há XX semanas
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O tiro que matou o jogador de basquete amador Ednei Moreira Bahia, 30 anos, não foi disparado de forma aleatória. Essa foi a informação passada pelos amigos que estavam com ele quando tudo aconteceu, na madrugada de domingo (5). Além de Ednei, outras duas pessoas foram baleadas durante o ataque, ocorrido por volta das 4h no Largo de Santana, um dos mais movimentados do bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

Ednei com a mulher e o filho: após ser baleado, ele pediu para amigo cuidar dos dois (Foto: Reprodução/Arquivo da família)

O motorista Josualdo Cardoso, 26, contou que ele, junto com Ednei e outros três amigos, entraram em uma boate que fica na região por volta de 1h30. O grupo pediu alguns baldes de cerveja e o jogador aproveitou o momento para fazer algumas selfies. O grupo seguia se divertindo até notarem que um dos baldes havia desaparecido.

"Ele (o atirador) reclamou que um balde de cerveja dele havia sumido, e um dos nossos também sumiu. Na hora, Ednei falou com ele que a gente também tinha sido roubado, e reclamou que isso era um absurdo. Ele até chamou o garçom para reclamar", relatou Cardoso.

O amigo da vítima contou que depois de atirar em Ednei, o homem virou para outro amigo do jogador de basquete e disparou. O rapaz conseguiu correr, mas as balas acertaram José Raimundo de Jesus, que passava no momento. O assassino fez mais alguns disparos, o que provocou correria e empurra-empurra.

Cardoso disse que escapou porque conseguiu para se abrigar em uma rua próxima, mas uma das balas acertou o ambulante Rui Moreira Bispo, 61, que trabalhava no local. Depois disso, o assassino, que segundo parentes da vítima, seria um policial militar, fugiu.

Preocupação com a família

Ednei foi socorrido pelo amigo de infância e também jogador de basquete, Alexsandro Barbosa, 30, para o Hospital Geral do Estado (HGE). Ele chegou na unidade de saúde com vida, mas não resistiu ao ferimento. O amigo contou que a todo instante o jogador pedia para que ele tomasse conta da família dele.

"A gente combinou de se encontrar, mas eu cheguei muito tarde. Nem entrei na boate, nos encontramos na saída. Quando o cara atirou nele, eu estava do lado. Ele só não mirou em mim porque não sabia que eu era amigo de Ednei", analisou a testemunha.

Atirador em selfie

Toda a ação foi registrada por câmeras de vídeo da região. A família e os amigos da vítima contaram que o assassino aparece também em uma das selfies feitas por Ednei, na boate. Ele estava com um amigo no momento do crime e já teria sido identificado. Mora na Federação e é um policial militar, conforme os parentes da vítima, que não cederam a imagem.

O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil disse que seis pessoas foram ouvidas sobre esse caso até o momento, mas não passou os detalhes da investigação.

Oportunidade fora

Ednei tinha 20 anos quando deixou o bairro de Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviário, para tentar a vida no Rio de Janeiro. Ele se mudou com a esposa, Janicleia Santos, então com 17 anos. O casal passou a morar no bairro da Vila Madalena, local onde ele continou jogando basquete, e onde começou a trabalhar como estofador para algumas emissoras de televisão.

Alguns anos depois, o pai, a mãe e a única irmã dele também mudaram para o Rio. A família contou que nos últimos anos o casal abriu um trailer onde vendida bebidas, e trabalhava com promoção de eventos. A última vez que Ednei esteve em Salvador foi em outubro do ano passado. No mês seguinte, ele perdeu o pai.

Na última sexta-feira (3), ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Salvador para passar seis dias na cidade. Visitou amigos de infância em Fazenda Grande do Retiro, e foi até a praia da Ribeira. No sábado, participou de um jogo de basquete em Periperi, depois saiu com os amigos para comemorar a vitória na partida. O grupo esteve também nas barraquinhas do Imbuí, e em seguida foi para o Rio Vermelho.

"A ironia de tudo isso é que quando a gente estava no Imbuí ele disse que queria ir para outro lugar porque ali era muito exposto. Queria um lugar fechado para se sentir mais seguro. Então, fomos para o Rio Vermelho. Pagamos R$ 10, cada um, para entrar", relembra Cardoso.

Dor e desamparo da família

A esposa, o filho, a mãe e a irmã de Ednei chegaram no Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Salvador às 19h12, após passarem mais de 24 horas na estrada. Eles saíram da Vila Madalena por volta das 18h de domingo. Janicleia contou que a família do jogador que mora na Bahia disse para ela que ele sofreu um acidente, antes de dar a notícia completa.

Edinei foi jogador de basquete no RJ

Emocionada, a mãe de Ednei, Vanda Moreira, 50, precisou ser amparada pelos familiares. Ela teve dificuldade para caminhar até a sala do IML, onde fez o reconhecimento do corpo do jogador. "Ele mantou meu filho por causa de uma cerveja. Ninguém sabe a dor que eu estou sentindo. Eu peço às mães e pais desse país que não deixe esse crime ficar impune. Só quem é mãe pode imaginar a dor que eu estou sentindo", afirmou.

O corpo de Ednei será sepultado no Rio de Janeiro, onde também está enterrado o corpo do pai dele. O dia e horário do sepultamento ainda não foram definidos.

A Liga Super Basketball afirmou que Ednei Bahia já havia sido campeão do estadual amador no Rio de Janeiro vestindo a camisa do Perphorma, em 2011. Ele também vestiu as camisas do Bad Angels e Anchieta Fears.

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