Ainda faltam 231 dias para a tradicional festa de Iemanjá, no dia 2 de fevereiro, mas desde ontem o Rio Vermelho tem a garantia de “roupa nova” para saudar a principal referência religiosa do bairro em 2016.
O prefeito ACM Neto assinou ontem a ordem de serviço que dá a largada às obras de requalificação que estão sendo projetadas há quase dois anos para o bairro e prometeu a entrega de 2/3 da obra até o final de janeiro. “A festa do próximo ano terá um cenário mais bonito e reluzente, já teremos a requalificação dos trechos do Largo de Santana até a Mariquita concluídos. Será uma festa não só para celebrar a Rainha do Mar, mas também o novo Rio Vermelho”, afirmou Neto. A assinatura da ordem de serviço teve solenidade na varanda do teatro Sesi Rio Vermelho e é para início imediato das obras. Tão imediato que, desde ontem pela manhã, já havia máquinas e sinalizações de obras no primeiro trecho que será recuperado. Para reduzir o impacto no trânsito e os transtornos para os moradores e comerciantes, o cronograma de obras foi dividido em três etapas — cada uma compreende um trecho da orla do Rio Vermelho. Segundo o prefeito, de todos os trechos da nova orla, este é o mais difícil, principalmente por ser um bairro importante para o tráfego de veículos na cidade. A obra custara R$ 44 milhões aos cofres municipais. Trata-se de uma intervenção que abrange 52,5 mil metros quadrados, que se estendem por 1,7 quilômetro da orla, desde a Praia da Paciência, passando pelo Largo da Mariquita até a entrada da Fonte do Boi. Além desse trecho, quatro outras ruas terão mudanças (as ruas João Gomes, Almerinda Dutra, Borges dos Reis, Guedes Cabral) e as praças Brigadeiro Faria e Colombo, além do Largo de Santana. “A obra chega em um momento muito oportuno, percebemos já uns rompimentos nas alvenarias da orla, a alvenaria do canal já rompeu, então o bairro está em um estágio (de degradação) que precisava dessa obra”, justifica o secretário de Infraestrutura, Paulo Fontana. Na solenidade, ontem, ACM Neto aproveitou para assumir também o compromisso de entregar prontas, ainda no segundo semestre de 2015, as requalificações em curso nos trechos de orla de Jardim de Alah, Ribeira, Itapuã e Piatã. “O Rio Vermelho é a 12ª etapa de requalificação da orla de Salvador, que envolve tanto a orla oceânica quanto a Baía de Todos os Santos”, lembrou, na cerimônia, o secretário da Casa Civil, Luiz Carreira. Transtornos “O progresso é muito bom, mas a gente espera que o trânsito não seja dificultado para o trabalhador poder chegar até aqui”, espera o pescador Carlos Neri dos Santos, 60 anos, que diariamente está na Casa de Iemanjá, por conta da pescaria. O prefeito aproveitou para pedir o apoio aos comerciantes e moradores em relação à tolerância com os transtornos, segundo ele inevitáveis, mas que foram estudados e planejados para serem os menores possíveis. “De todas as obras que fizemos na orla, esse é o trecho mais crítico em relação ao impacto no trânsito”, considerou Neto. As alterações do trânsito serão planejadas e comunicadas no início de cada novo trecho de requalificação. Após as obras, segundo Fabrizzio Muller, superintendente da Transalvador, não haverá grandes mudanças no tráfego de veículos no bairro. “Diferente da Barra, no Rio Vermelho não haverá mudanças de sentido, nem restrição de acesso. Talvez precisemos de algumas mudanças que envolvam redução de velocidade nos trechos em que há piso compartilhado”. Atraso Inicialmente, a ordem de serviço assinada ontem estava prevista para fevereiro do ano passado. Porém, segundo a prefeitura, problemas com o edital para escolher a empresa que executaria a obra - venceu a construtora NM LTDA - fizeram com que a publicação do mesmo só ocorresse no início de dezembro. “Já poderíamos ter dado essa ordem de serviço há três meses, mas preferimos adiar para validar cada ponto das intervenções com os moradores”. Presidente da Associação de Moradores e Amigos do Rio Vermelho (Amarv), Lauro Matta, confirmou que houve a participação dos moradores no planejamento das execuções. “Com essa assinatura, ficamos todos eufóricos por essas mudanças. O Rio Vermelho deveria ser a locomotiva de Salvador, por sua história e beleza, mas há anos estava passando por um processo de favelização e precisava dessa requalificação”, analisou. Redução O projeto inicial também foi reduzido, segundo Paulo Fontana. A expectativa inicial era de que o projeto contemplasse o trecho da Praia da Paciência até o Quartel de Amaralina. “Não (se descarta a possibilidade) de completar a obra, mas depende de dinheiro e da situação econômica mais à frente”, afirmou ontem Fontana. O prefeito ACM Neto, também na cerimônia, deu a entender que a próxima etapa do projeto deve ficar para a próxima gestão municipal. Agora orçada em R$ 44 milhões, a obra inicial custaria R$ 70 milhões. Titular da Casa Civil, Luiz Carreira destacou que a obra está exigindo um “esforço grande da prefeitura”. “Passamos por um momento difícil no país, Salvador tem tido redução de receitas nos últimos cinco meses”, explicou.
Embora o Rio Vermelho vá ganhar uma semelhança com outras intervenções na orla de Salvador, como na Barra e em trechos do Subúrbio, o projeto pretende preservar peculiaridades do bairro. “O Rio Vermelho é um sítio tombado, com ruas estreitas e com características próprias, então as mudanças nesse processo de urbanização são limitadas. Esse foi o projeto mais demorado que tivemos, por envolver toda uma mudança e planejamento subterrâneo de rede de drenagem, de esgotamento, da iluminação que vai ganhar luz em LED”, detalhou Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal Ferreira, responsável pelo projeto da obra.
O paisagismo, conta Tânia, deve contar com as ações da Secretaria Cidade Sustentável de replantio de árvores, principalmente, para trazer mais verde para o bairro. Alterações no trânsito no bairro já estão valendo Começaram, ontem à noite, as mudanças no trânsito do Rio Vermelho. A Rua João Gomes, que liga o Largo da Mariquita ao Largo de Santana, terá tráfego em meia pista. Serão interditados a Rua Almerinda Dutra e um trecho da Rua Vieira Lopes. A Rua José Taboada Vidal terá fluxo invertido e estacionamento proibido. Quem vier pela Conselheiro Pedro Luiz, sentido Mariquita, não poderá mais virar à esquerda. Dois pontos de ônibus na Rua João Gomes serão transferidos: o equipamento que fica em frente à clínica AMO vai para o Largo da Dinha e o ponto que fica perto da panificadora da rua será relocado para as imediações da academia Vila Forma. A Transalvador sugere que quem tem o bairro como passagem, evite. Desde ontem pela manhã, agentes da Transalvador orientavam motoristas na região. Empresários se organizam para que clientes não se afastem Empresários do Rio Vermelho têm se reunido para não perder clientes durante as obras de requalificação do bairro. “Não queremos que ocorra a mesma paralisia econômica que houve na Barra. Vamos buscar todas as formas de comunicação e de cobrar e fiscalizar o cumprimento do cronograma da obra”, afirmou o proprietário do Bar 30 Segundos, Francisco Fidalgo. Ele é um dos representantes do grupo de empresários. Uma campanha já está sendo bolada, com a hashtag #VemProRioVermelho, que já tem uma conta no Instagram e postagens no Facebook. “Os transtornos da obra são inevitáveis. O legal é que está havendo uma união dos empresários e de todos que fazem esse lugar acontecer para enfrentar esses problemas com criatividade”, opina Rosa Villas-Boas, gerente do Teatro Sesi. Sócia da academia Villa Forma, a empresária Carol Sousa conta que até mesmo os tapumes da obra devem ganhar intervenções artísticas para manter o clima do bairro. “Se você tem o Rio Vermelho como passagem, pode evitá-lo, como a prefeitura tem sugerido, mas quem frequenta o Rio Vermelho tem que continuar vindo”, defende Carol.
Carros continuarão no mesmo percurso de hoje, mas terão que reduzir a velocidade, como acontece na Barra |
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