Quando alguém não se sente seguro nem em sua própria casa, há um problema. Desde o início da onda de assaltos a prédios residenciais em bairros nobres de Salvador, no fim do ano passado, cresceu a busca por empresas especializadas de segurança. Só no Grupo MF Segurança, a procura pelos serviços cresceu cerca de 35%, desde novembro. De acordo com o gerente de contratos Alexandre Paiva, o percentual se baseia na quantidade de clientes de Salvador que têm pedido orçamentos. “As pessoas estão preocupadas. Essa demanda tem aumentado as vendas entre 20% e 25%”, afirma Paiva. Na empresa, que oferece segurança eletrônica e vigilância, cada cliente recebe um projeto próprio. Os serviços incluem alarme com sensores de movimento e intrusão, cercas elétricas, circuitos de câmeras e controle de entrada. “Fazemos um levantamento dos equipamentos necessários. Assim, adaptamos o sistema à estrutura de cada condomínio”, explicou. De acordo com Alexandre Paiva, um sistema pode custar de R$ 250 a R$ 1.800 por mês. Na BKR Segurança Integrada, o crescimento da procura chegou a 200% nos últimos meses. “Temos recebido entre 15 e 20 pedidos por semana. Alguns buscam depois de um incidente, mas muitos é por prevenção”, afirma o gerente comercial da empresa, Sandro Herlida. A empresa trabalha exclusivamente com vigilância. “Pode ser armada ou desarmada. O cliente decide”. Os custos ficam em torno de R$ 10 mil. “Eles são profissionais bem treinados. O vigilante é diferente de um vigia ou de um porteiro, porque tem treinamento de defesa pessoal, armamento e até legislação”, completou Herlida. As administradoras de condomínio também dizem que há mais interesse por esquemas de segurança. De acordo com Márcio Erli, gerente regional da APSA, empresa de gestão condominal, muitos síndicos têm buscado informações sobre segurança. Ele diz que os equipamentos preferidos dos condomínios são as câmeras. “Elas ajudam a inibir a invasão e o roubo”. Investir nessas tecnologias de segurança é importante para o presidente da Associação Baiana de Administradoras de Imóveis e Condomínios (Abai), Manoel Teixeira. “Nós temos incentivado, mas também é preciso fazer um treinamento dos funcionários”. Teixeira, contudo, não acredita que a segurança armada seja a solução. “Pode dar algum problema no futuro. Precisa ser alguém muito bem treinado”, alertou. Invadidos Ontem, o CORREIO esteve em seis dos edifícios assaltados desde o ano passado para ver se houve mudanças depois das invasões. No edifício Kalil Darzé, na Rua Macaúbas, no Rio Vermelho, moradores contrataram um novo vigilante. “Antes, só tinha um, que fica à noite”, disse uma moradora. Enquanto isso, em dois dos edifícios assaltados no bairro de Costa Azul, o Astúria e o Mansão Luide Breda, além do Ilhas do Caribe, na Pituba, os moradores estudam orçamentos para a instalação de câmeras de monitoramento. No Astúria, está prevista também a instalação de um segundo portão para o acesso à garagem. “Uma das empresas que procuramos cobrou R$ 12 mil por todo o serviço. Mas estamos achando muito caro”, reclamou a condômina Maria Cláudia da Silva. As câmeras já foram aprovadas no edifício Eufrates, que foi invadido no Costa Azul. Há também a previsão de uma cerca elétrica. Por outro lado, no Edifício Jardim Atlântida, que fica no mesmo bairro, um morador disse que nada foi feito. Entretanto, a síndica, identificada apenas como Renata, afirmou que “medidas já foram adotadas”, sem entrar em detalhes.
Bando invasor de prédios foi preso em janeiroAs invasões mais recentes de condomínios da capital baiana ocorreram depois da prisão de uma quadrilha que, de acordo com a polícia, foi responsável por assaltos em edifícios no final do ano passado e no início deste ano. Segundo o delegado João Cavadas, titular da 14ª Delegacia, os bandidos que invadiram anteontem o edifício Beatriz, na Graça, já foram identificados e são os mesmos que assaltaram moradores do Ilhas do Caribe, na Pituba, e da Mansão Luigi Breda, em Ondina, este mês. Cavadas descarta que os assaltantes tenham relação com o bando que foi preso em janeiro, que contava com três mulheres e era comandado pelo morador de rua Ademir Ribeiro, o Polegar. “Vamos nos reunir com representantes dos moradores para que os porteiros sejam orientados de como lidar com pessoas estranhas no prédio”, declarou o delegado, que prefere não dar detalhes sobre os suspeitos para não atrapalhar as investigações. Matéria original do Correio Onda de invasões faz condomínios gastarem mais com segurança
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