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SALVADOR

Ônibus onde cobrador foi morto não tem câmeras, dizem rodoviários

A morte de um cobrador durante assalto na Estrada do Coco levou 400 rodoviários a paralisarem as atividades

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04/06/2015 às 9:40 • Atualizada em 29/08/2022 às 1:16 - há XX semanas
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Na quarta-feira (3), durante a manifestação entre a Estrada do Coco e a Avenida Paralela, rodoviários se queixaram de que os ônibus da empresa Costa Verde - mesma empresa para a qual o cobrador Djanilson Miranda dos Reis trabalhava - circula sem câmeras.
Outros disseram que as câmeras não funcionam. Questionado, o presidente do Sindicato dos Rodoviários Metropolitanos (Sindmetro), Walter Lopes, disse que iria apurar a denúncia.
“Eu não posso falar com certeza porque eu recebi essa denúncia hoje (ontem) dos colegas. Dizem que as câmeras dos ônibus da empresa não funcionam. Preciso investigar se é verdade, não posso falar ainda”, disse. A empresa Costa Verde foi procurada, ontem, pela reportagem do CORREIO, mas ninguém deu entrevista.
Entenda o caso
O trecho de quase 16 quilômetros, entre o Maxxi Atacado – na Estrada do Coco, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador – e o Centro Administrativo da Bahia (CAB), na Paralela, costuma ter uma grande circulação de ônibus todos os dias.
Na quarta-feira (3), porém, rodoviários decidiram percorrer o trecho a pé. A grande caminhada, de cerca de 400 rodoviários, teve como objetivo protestar contra a morte do cobrador Djanilson Miranda dos Reis, assassinado durante um assalto no ônibus onde ele trabalhava, na noite da segunda-feira.
Durante toda a manhã de ontem, houve grandes congestionamentos na Avenida Paralela, Estrada do Coco, orla e em diversas vias próximas aos locais por onde a marcha passou. O trânsito na Avenida Paralela ficou congestionado durante toda a manhã, já que, no sentido Centro, os rodoviários só permitiram o trânsito em uma das faixas.
A Transalvador não soube precisar o tamanho total do congestionamento. Usuários do transporte metropolitano em Lauro de Freitas e Salvador ficaram sem ônibus durante todo o dia de ontem, já que a categoria paralisou as atividades por 24h.
“Hoje (ontem) não tem ônibus. Nós estamos de luto e estamos nos organizando com seis carros para irmos ao sepultamento do colega, em Irará (Centro-Norte do estado)”, disse o presidente do Sindicato dos Rodoviários Metropolitanos (Sindmetro), Walter Lopes.
O assalto que resultou na morte de Djanilson ocorreu por volta das 23h de segunda-feira, quando o ônibus em que ele trabalhava, que fazia a linha Vilas do Atlântico/Praça da Sé, da empresa Costa Verde, parou no ponto em frente ao Maxxi Atacado, na Estrada do Coco.
Nesse ponto, um homem teria entrado no ônibus, segundo a polícia, com um azulejo afiado, e anunciado o assalto. Djanilson, que fazia a penúltima viagem do dia, teria se assustado com o anúncio do assaltante e recebido um golpe no pescoço.
Havia cerca de 15 passageiros dentro do coletivo no momento do crime, de acordo com informações da 52ª Companhia Independente de Polícia Miliar (CIPM/Lauro de Freitas). “Ele se assustou quando o cara anunciou o assalto e virou o corpo. Nisso, o cara deu uma facada nele”, afirmou o rodoviário Jailton Santos, que trabalha na mesma empresa que Djanilson. Segundo a Polícia Militar, o que o assaltante portava não seria uma faca, e sim um azulejo afiado.
Segundo colegas do cobrador, o assaltante desceu do ônibus logo depois de ferir o cobrador, alguns metros depois do ponto onde ele teria entrado no transporte. O homem teria roubado o dinheiro do caixa, o crachá e a carteira de Djanilson.
O cobrador chegou a ser socorrido pelo motorista do ônibus para o Hospital Menandro de Faria, mas já chegou na unidade de saúde sem vida. O motorista, que não teve o nome revelado, não teria sido ferido durante a ação. Ao saber do falecimento do colega, cerca de 100 rodoviários realizaram uma vigília no hospital, que durou toda a madrugada de ontem.
Mobilização
No início do dia, os rodoviários foram até as garagens das empresas ODM, 2 de Julho, BTU e Costa Verde, localizadas em Lauro de Freitas, para impedir a saída dos ônibus e convocar os rodoviários para a mobilização. Segundo o Sindmetro, profissionais da Expresso Linha Verde, VCA e Atlântico Transportes também se juntaram ao protesto.
O grupo se concentrou em frente ao Maxxi Atacado, onde o crime ocorreu, e de lá seguiu andando até o CAB. A marcha teve início às 7h e terminou por volta das 12h, quando os rodoviários chegaram à sede da Secretaria da Segurança Pública, onde pretendiam se reunir com o secretário Maurício Barbosa.
O secretário, porém, estava no interior, e seis representantes das empresas que rodam entre Lauro de Freitas e Salvador, além do presidente do Sindmetro foram recebidos pelo major Botelho, assistente militar da SSP, para discutir medidas que garantam mais segurança à classe e a resolução do crime.
A SSP não quis falar sobre a reunião até que os assuntos sejam repassados ao secretário, que estava, ontem, em Juazeiro, no Vale do São Francisco. Responsável pelo caso, o delegado Joelson Reis, titular da 27ª Delegacia (Lauro de Freitas, informou, à tarde, que estava em diligência à procura dos responsáveis pela morte do cobrador, mas até o fechamento da edição ninguém havia sido preso.
O presidente do Sindmetro, Walter Lopes, disse que foi orientado a procurar o comandante da Polícia Militar em Lauro de Freitas para falar sobre o policiamento na região.
“Ele me deu o telefone do comandante de Lauro e eu vou lá me reunir com ele. Eles só tinham mesmo o levantamento dos assaltos de Salvador, que é fornecido pelo Setps (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador). Aqui em Lauro, a maioria dos locais, em Portão, no Maxxi Atacado, é desassistida pela polícia”, afirmou.
Perigo
O ponto onde Djanilson foi morto é conhecido pelos rodoviários como sendo um dos principais alvos dos ladrões que atuam na região. “Eu já paro com medo no Maxxi porque é um ponto em que sempre acontecem assaltos, é direto isso”, afirmou um motorista, que pediu para não ser identificado.
Segundo outro rodoviário, a falta de policiamento seria a principal causa do alto número de assaltos ocorridos próximo ao supermercado. “O Maxxi é um dos pontos mais críticos, toda hora tem assalto porque não tem policiamento ali”, afirmou o cobrador Gilberto Santos.
“O Maxxi é o ponto mais crítico de Lauro de Freitas e à noite é ainda pior. Ali é muito deserto, não tem policiamento. Quando chega 19h já fica perigoso”, afirmou o cobrador Ivan Santos.
Segundo o major Marcelo Grun, comandante da 52ª CIPM, a companhia trabalha diariamente no local. “Sempre fazemos patrulhamento pelo local, abordagem de pessoas e de veículos, sejam eles coletivos ou de uso particular. Os chamados para assalto nessa região não são muitos”, afirmou.
Medo
Os constantes assaltos têm assustado os rodoviários. Há quem pense até em deixar a profissão.
Trabalho assustado. Pedi transferência para o turno da manhã por conta da violência. Eles (assaltantes) acham que a gente está escondendo (dinheiro). Eles dizem: ‘Se tiver no cofre, morre’. Penso em sair do trabalho”, afirmou o cobrador Ivan Santos, 34 anos.
Para o motorista Paulo Santos, o crime não tem hora certa. “Vivemos um constante terror psicológico. O índice de assaltos é o mesmo, seja dia ou seja noite. Eles (assaltantes) não têm mais hora para agir”, desabafa.
Djanilson tinha duas filhas, uma de 4 anos e uma recém-nascida. O corpo do cobrador foi sepultado na quarta-feira (3), às 17h, em Irará, no Centro-Norte do estado.
Correio24horas

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