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SALVADOR

Passado resiste forte no bairro da Saúde

Pertinho do Pelourinho, local mantém um ambiente que parece alheio à efervescência da cidade de Salvador

• 15/03/2011 às 15:44 • Atualizada em 27/08/2022 às 10:27 - há XX semanas

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Ele parece se esconder do barulho e correria da metrópole em constante movimento ao seu redor. Às redondezas do visitado e famoso Pelourinho, o bairro da Saúde resiste e mantém um ambiente que parece alheio à efervescência da cidade de Salvador. Ruas ainda calçadas por pedras, casarões seculares e moradores que reservam-se ao direito de uma vida tranquila. Somente visitando a Saúde para ter a verdadeira noção do clima nesse charmoso bairro. Alternativa ao roteiro turístico tradicional de Salvador, a Saúde conserva marcas históricas remanescentes do período colonial. O passado mantem-se presente, desde as pedras que ainda constituem o calçamento da maioria de suas ruas até os casarões que resistem em grande número e se espalham pelas apertadas ruas do "universo particular", que o bairro constrói. A aparência interiorana que o bairro ainda conserva agrada aos que vivem por ali há muito tempo. "Aqui não muda quase nada, até porque é um patrimônio", comentou Seu Pompeu, morador do bairro há mais de 60 anos, que se diz contente em morar a tanto tempo na Saúde e o lugar continuar praticamente da mesma forma como ele o tem nas suas mais remotas lembranças. Outra moradora especial do bairro foi a dona Olga. Depois de viajar por várias partes do mundo, ela elegeu a calmaria da Saúde, como um lugar ideal para morar. "Meu falecido marido era da Marinha, já viajei com ele e conheci lugares como os Estados Unidos, Suíça, Argentina, a Itália e Portugal, mas é aqui que vou passar o restante de minha vida, o clima é ótimo". Esse depoimento dona Olga concedeu à reportagem em uma primeira visita ao bairro, mas, infelizmente, no fechamento desta matéria, descobrimos que nossa entrevistada de 89 anos, havia falecido assim como um dia desejou, na tranquilidade do bairro... Localização:Exibir mapa ampliado História: Com ar de imponência, no Largo da Saúde, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde e Glória é um dos principais patrimônios históricos do lugar. O bairro teria surgido ao redor da centenária igreja, que foi inaugurada em 1724 e conta com mais de 250 anos de história. No interior, o teto com pinturas ilusionistas barrocas são uma atração à parte para os visitantes que escolhem uma visita ao lugar. Também preservando características do passado, que parece cada vez mais presente, o comércio é voltado essencialmente para a própria Saúde, o que permite a existência de quitandas e pequenos mercados, na sua maioria, de propriedade de moradores do próprio bairro, que, por esse motivo, conhecem de perto boa parte dos seus clientes. A sensação de tranquilidade que o lugar transparece também é evidenciado pelo hábito de muitos moradores de sentarem-se à porta de casa nos finais de tarde. Curiosidade: O resgate histórico da música clássica barroca é o objetivo de uma iniciativa que tem o bairro da Saúde como abrigo. Na rua Jogo do Carneiro está o projeto "Barroco na Bahia", que promove a conservação cultural da música barroca oferecendo concertos, oficinas e cursos relacionados a esse tipo de música, além da realização de óperas e também oficinas e cursos de música além da montagem de óperas alemãs. Além da música, outros elementos da cultura Barroca estão expostos no casarão que sedia o projeto. Personagens: "Olhe meu filho, para mim não tem bairro melhor do que esse aqui". Sentada à porta de sua casa, dona Raimunda Rocha (foto), 78 anos, fez a afirmação categórica. Moradora da Saúde há mais de 30 anos, Raimunda vive sozinha na sua casa e diz que é nos vizinhos que encontra as companhias mais constantes para uma boa conversa. "Vizinho aqui é tudo irmão, e ainda dá pra sentar assim na porta, coisa não dá pra fazer em outros lugares".
Apesar de reclamar um pouco da falta de segurança que, às vezes, sente no lugar, dona Raimunda não abandona o afeto pelo bairro e o defende dizendo que há coisas que não dá para evitar e acontecem em diferentes lugares. Outra queixa da experiente moradora é não ter uma farmácia por perto para comprar os remédios que sempre precisa. "Falta a farmácia, mas falta também um mercado, bem grandão", disse ela, esticando os braços. As insatisfações são logo deixadas de lado e a exaltação do local onde mora, há mais de três décadas, volta a ser o seu assunto predileto. "Eu já morei em outros lugares aqui em Salvador, mas de todos eles, para mim esse aqui é o melhor."

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