O crescimento do número de assaltos a coletivos, somado à dificuldade da resolução das ocorrências, tem provocado a mudança dos hábitos dos usuários do transporte público. Desde a sondagem do perigo nos pontos de ônibus e veículos até as estratégias para escapar das situações suspeitas. Uma auxiliar administrativa que nem quis se identificar contou que, depois de ter sido vítima de assalto dentro do ônibus, passou a tomar precauções na hora de embarcar. “Quando entro, olho cada um dos passageiros, analiso o comportamento das pessoas e, se sentir um clima suspeito, peço para sair do ônibus. Pelo menos duas vezes eu estava certa, quando cheguei no ponto seguinte soube que o ônibus tinha sido assaltado”, relatou Celeste.
“Depois dos assaltos que sofri, teve dia que cheguei a mudar de ônibus oito vezes. Já registrei queixa algumas vezes, mas nunca nenhum caso foi solucionado”, relatou. A mesma situação acontece com a atendente comercial Rafaela Cerqueira, que foi assaltada em um coletivo quando voltava para casa há dois anos e até hoje sofre os efeitos do susto. “Me tornei uma pessoa amedrontada, hoje em dia não ando com o celular à vista, construí um padrão de características suspeitas que sempre tento evitar; se vejo alguém me encarando muito, desço no primeiro ponto”, relatou. “Atualmente, o que mais detesto no transporte público não é a lotação, nem a demora, mas o medo de ser assaltada”, afirmou. O delegado José Mário (do Gerrc) explicou que o assaltante de ônibus normalmente conhece a área onde atua e, na maioria dos casos, é reincidente. “Eles costumam embarcar em dupla ou trio pela porta dianteira e se dividem, no momento da ação: um ou dois saem recolhendo os bens das vítimas enquanto o outro fica ao lado do motorista, ameaçando com arma de fogo ou branca”, citou. “Nem sempre as armas são verdadeiras, muitas vezes eles simulam e utilizam a intimidação verbal para pressionar os passageiros”, explicou o delegado. Ainda assim, ele destaca que a melhor saída em caso de assalto é não reagir.
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