Os preparativos para o churrasco estavam quase prontos, quando a festa terminou em tragédia antes de começar. Sob o sol do meio-dia de ontem, cinco homens encapuzados invadiram a área de uma oficina num barranco da Estrada do Moinho, em São Tomé de Paripe, Subúrbio Ferroviário, e assassinaram três pessoas com pelo menos dez tiros. As vítimas, o pastor e caldeireiro Raimundo de Araújo Costa, 58 anos, o chapista e pintor Carlos Augusto de Araújo Ferreira, 52, e o servente Ismael de Jesus Silva, 20, foram atingidos por disparos de pistola .380. Todos os tiros acertaram a cabeça dos três homens, segundo a perícia.
A delegada Juceli Rodrigues, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), suspeita que os criminosos queriam executar Carlos Augusto e Ismael. O pastor teria tentado impedir a ação dos bandidos e acabou morto. O corpo de Ismael tinha oito perfurações; Carlos Augusto, três; e Raimundo, uma. Moradores da região e policiais militares da 19ª CIPM (Paripe), entretanto, apontam outra versão para o triplo homicídio. Segundo eles, três filhos do pastor que estariam no local eram os alvos dos criminosos. Além disso, testemunhas, que não quiseram se identificar, afirmam que o pastor teve envolvimento com o tráfico de drogas no passado. “Raimundão saiu dessa, mas avisei que os filhos ainda iam trazer problemas para ele”, disse um amigo da vítima. Burburinhos de moradores deram conta de que os três filhos retornaram para acompanhar a remoção do corpo. TiroteioQuando se deslocavam para o local do crime, PMs cruzaram com os bandidos, que atiraram. No revide, os criminosos conseguiram fugir por uma área de matagal na Estrada da Cocisa, em Paripe, onde abandonaram o Uno Vivace verde, usado na ação. A PM solicitou reforço de sete carros e 20 agentes perseguiram os criminosos. Ninguém foi preso.
No veículo, a polícia encontrou um carregador de pistola .40 e dois brucutus. O triplo homicídio atraiu curiosos e o trânsito ficou lento na via. Durante o levantamento cadavérico, a informação de que outros cinco corpos teriam sido localizados na localidade Fonte do Índio, perto da Estrada da Cocisa, mobilizou a polícia. A denúncia não foi confirmada. Parentes das três vítimas estiveram no local e contaram aos policiais que seus familiares nunca haviam se queixado de possíveis rixas. Segundo a manicure de prenome Norma, filha do pastor, seu pai jamais teve envolvimento com o crime. “Meu pai não deve nada, sempre foi um homem honesto. Ele trabalhava com navios na Base Naval de Aratu. Veio aqui pra morrer”, gritava. Raimundo tinha sete filhos. Ela conta que Raimundo esteve no local para buscar materiais de construção. “Ele tomou café lá em casa e veio com a Kombi buscar uns barrotes pra colocar no telhado da casa. Com certeza, meu pai tentou impedir a ação dos bandidos porque ele adorava mediar as coisas”. SurpresaO pai de Ismael, o pedreiro Francirlene Pereira, 51, também afirma desconhecer desafetos do filho. “Meu filho tava feliz, trabalhando no Moinho Fortaleza e cuidando da filhinha de 1 ano”. De acordo com o pedreiro, Ismael estaria no local na companhia de um tio que aniversariou ontem. “Eles resolveram fazer um churrasco aqui enquanto terminavam o serviço no carro do tio, que conseguiu correr”. A doméstica Honória Teixeira, 46, irmã de Carlos Augusto, também ignora envolvimento do parente com o crime. “Nunca comentou ter problemas com alguém. Ele deixa quatro filhos”. A delegada , que já ouviu parentes das vítimas, tentou levantar os antecedentes criminais das vítimas, mas até o fechamento desta edição o sistema de consultas estava fora do ar. Antes de executar o trio, os bandidos roubaram o Uno de uma funcionária pública, na estrada principal de Ilha de São João, em Simões Filho, Região Metropolitana. “Fomos abordadas por volta de 8h20. Eles mandaram a gente descer sem olhar para trás”, disse uma das ocupantes do veículo. O carro foi levado para o DHPP, onde passou por perícia. Segundo a delegada, a placa do automóvel pertence a um Voyage roubado. A funcionária pública teme que os dados do carro sejam usados em outra ação. “Certamente, eles vão usar a placa”.
Moradores se aglomeraram no entorno da área isolada pela polícia |
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