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PM admite erros e troca comandantes de Bases no Nordeste de Amaralina

Polícia reconhece os erros do projeto no Nordeste de Amaralina e muda a estratégia: sai a comandante Roseane Guimarães e a CIPM; entram três capitães, sob um comando-geral

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29/11/2011 às 8:51 • Atualizada em 29/08/2022 às 7:41 - há XX semanas
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Após dois meses de inauguração das Bases Comunitárias de Segurança do Complexo do Nordeste, um homicídio na área, um homem esfaqueado na rua e muitas queixas da comunidade contra abordagens policiais agressivas, as mudanças já chegaram. Agora, o comando do policiamento comunitário na região que compreende o Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Chapada do Rio Vermelho e Vale das Pedrinhas será dividido por três oficiais. Estes responderão a um comandante-geral da área. Segundo o major Ricardo Passos, comandante da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), as bases passam por uma etapa de avaliação. “Estamos analisando o que está errado para corrigir, e potencializar o que está certo. Não somos o papa para achar que está tudo bem”, afirma. Entre as mudanças, saiu de cena a capitão Roseane Guimarães, que chefiava as três bases instaladas no Complexo, com o apoio de tenentes. “Notamos que um efetivo de 360 policiais sob o comando de apenas uma capitão não era viável. Cada base terá um comandante”, ressalta Passos. Ontem, três novos capitães que já vinham atuando nas bases desde quinta-feira passada foram oficialmente apresentados ao efetivo policial. Saída De acordo com Passos, a intenção do comando da PM era manter a capitão Roseane na chefia da Base Comunitária do Nordeste de Amaralina. “Ela estava sendo útil e a ideia era mantê-la, mas a capitão reconheceu que precisava de um tempo para dar mais assistência aos seus pais que estão adoentados. Ela não saiu por punição ou incompetência”, enfatizou o major. Apesar de Passos afirmar que a saída da capitão Roseane ocorreu “por questões pessoais”, a comunidade queixa-se de dificuldades para dialogar com ela. “A gente nunca conseguia encontrá-la para uma reunião. Na única vez que conseguimos estar juntos, ela ficou pouco tempo e depois saiu. Tivemos que levar a nossa insatisfação ao comando”, expôs o líder comunitário Gil de Leon. O major Passos reconheceu que as questões familiares da capitão tiveram impacto no seu rendimento. “A atuação dela foi avaliada e percebemos que teve dificuldades, mas não pelo profissionalismo”, diz.
Rua Correia do Sul, Campo do Areal, Vila Memeia e Rua 11 de Novembro (sent. horário)
NovosQuem assume a base do Nordeste de Amaralina é a capitão Fabiana Moraes, 33 anos, que está na PM há 15. Já a capitão Ana Amélia Carvalho, 39, também com 15 anos na corporação, passa a comandar a unidade de Santa Cruz, enquanto o capitão Elson Pereira, 43, ganhou a chefia da base da Chapada do Rio Vermelho. Ele integra a Polícia Militar há 21 anos. Além das alterações nos comandos de cada unidade, foi criado o comando-geral das Bases Comunitárias do Complexo do Nordeste. “A 40ª CIPM também passa a integrar o policiamento comunitário. Com a instalação das três bases, a companhia não teria o que policiar. Então, surge a figura de um comandante-geral”, explica Passos, que agora coordena todas as bases. Com a reforma, o efetivo de policiamento comunitário do Complexo do Nordeste passa a contar com 420 PMs. Além disso, a estrutura policial fica com 16 carros e 25 câmeras de monitoramento. Violência não parou mesmo com basesInstaladas em 27 de setembro, as três Bases Comunitárias de Segurança do Complexo do Nordeste de Amaralina nunca conseguiram garantir a paz que prometiam na comunidade. E isso foi sentido rapidamente, já que logo no dia 6 de outubro uma troca de tiros entre a polícia e jovens envolvidos com o tráfico de drogas assustou os moradores. Quatro traficantes, incluindo dois adolescentes, foram presos e encaminhados para 28ª Delegacia Territorial (Nordeste) junto com uma pedra de crack, duas munições calibre 32 e 24 trouxas de maconha. Ninguém ficou ferido. O mesmo não aconteceu no dia 17 do mesmo mês, quando um homem de 30 anos foi esfaqueado na coxa e no tórax em via pública. Ele foi encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por cirurgia. E as ocorrências não param por aí. No dia 12 deste mês, um traficante morreu numa troca de tiros com policiais militares que faziam uma ronda em Santa Cruz, bairro pertencente ao complexo. Na operação, outro traficante foi preso e encaminhado para a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE). Finalmente, no dia 20, o açougueiro Luis Henrique Santos Dias, 35 anos, recebeu um tiro na nuca durante uma briga de trânsito e também morreu. Segundo testemunhas, a vítima pilotava uma moto quando começou a discutir com três homens num Eco Sport. “Um deles desceu armado e o rapaz tentou sair, quando foi atingido pelo tiro”, relatou um morador, na época. Problemas no Nordeste Em 19 de outubro, o CORREIO publicou a reportagem Nordeste não é Calabar, na qual narrava as dificuldades das bases comunitárias do Complexo em acabar com o tráfico na região e comparava essas bases com a do Calabar, onde o projeto, implantado em abril, tem alcançado bons resultados. “O Nordeste é um desafio maior, pois compreende uma região de três bairros. O processo de implementação das bases passa por redirecionamentos, focando a interação com a comunidade. Não é de um dia para o outro”, justificou, na época, o capitão Marcelo Pitta, chefe do Departamento de Imprensa da PM. Ontem, o major Ricardo Passos reconheceu que o Nordeste tem particularidades. “Implantamos as bases comunitárias com o mesmo modelo do Calabar, mas a estrutura dessa região é muito diferente. Enquanto naquele bairro há quatro vias de acesso, aqui há 48, por exemplo”, explica. “Além disso, a população é bem maior, o que implica em comportamentos diferentes. As modificações vêm para fortalecer as bases”, assegura.
A primeira mudança realizada pela Polícia Militar nas bases do Nordeste de Amaralina ocorreu em outubro, devido a uma matéria do CORREIO. No dia 15 do mês passado, o jornal publicou reportagem mostrando que o subcomandante da base, o tenente PM Alexnaldo Santana Souza, havia comandado a operação que resultou na morte do garoto Joel da Conceição Castro, 10 anos, na noite de 21 de novembro do ano passado, no mesmo bairro. Somente depois de ter sido procurada pelo CORREIO para comentar o caso é que a Secretaria da Segurança Pública tomou conhecimento da situação e afastou o tenente da função. Na época, ele foi substituído pelo tenente Henrique da Cruz Alves, que agora é subcomandante da unidade do Nordeste. Junto com mais oito policiais militares, o tenente Alexnaldo responde pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, com agravante por se tratar de menor de 14 anos. Todos os réus eram lotados na 40ª CIPM. Já foram realizadas duas audiências na Justiça e a próxima está marcada para março de 2012. Major Ricardo Passos assume o comando-geral das Bases Comunitárias de Segurança do Complexo do Nordeste. Era capitão da Rondesp Baía de Todos os Santos e assumiu a chefia da 40ª CIPM em junho. Capitão Ana Amélia, 39, agora comanda a base comunitária de Santa Cruz. Na PM há 15 anos, era lotada na 2ª Companhia (Barbalho). “Fui convocada e vamos trabalhar com interação e cooperação”. Capitão Elson Pereira, 43, era subcomandante da 40ª CIPM (Nordeste). Ele assume a chefia da Base Comunitária da Chapada do Rio Vermelho. “Estou aqui há dez anos e tenho boa relação com a comunidade”. Capitão Fabiana Moraes, 33, substitui a capitão Roseane, no comando da base do Nordeste de Amaralina. Veio do 18º Batalhão (Centro Histórico). “É um desafio e estou feliz. Acredito no projeto”.

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