O jogo só começa em meados de 2012, mas o engarrafamento de peças já domina a montagem do xadrez para a sucessão municipal em Salvador. Nas últimas semanas, pelo menos 13 políticos de 9 partidos da oposição e da base aliada do governador Jaques Wagner (PT) começaram a se movimentar, com maior ou menor firmeza, mas com uma direção clara: as casas do tabuleiro criado em torno da briga pelo Palácio Thomé de Souza. O inchaço causado pela entrada de novos jogadores atrapalhou as estratégias desenhadas pelos principais enxadristas focados nas próximas eleições. Agora, já não existe tanta certeza de que haverá a polarização entre forças aglutinadas pela oposição e por aliados do governo, com a presença de uma ou outra via alternativa. Sobretudo depois que peças revestidas de uma mesma cor começaram a se esbarrar por espaço. Bolo amigo - Até o momento, a embolação de pré-candidaturas é mais evidente na parte do tabuleiro ocupada pelos governistas. Cinco partidos da base de apoio a Wagner entraram em campo nos últimos quinze dias para afirmar a intenção de suceder o prefeito João Henrique (PP). O primeiro foi o PCdoB, que sempre cedeu espaço para os petistas nas disputas eleitorais no estado. “Nossa candidatura é para valer e faz parte de uma decisão nacional do partido, que é ter candidatura forte nas grandes cidades brasileiras”, afirma a deputada federal Alice Portugal (PCdoB). A parlamentar recebeu o aval dos dirigentes comunistas para brigar pela prefeitura da capital baiana, mesmo que a decisão implique concorrer diretamente com o PT. Igual movimento fez, recentemente, o PDT, ao garantir que o deputado federal Marcos Medrado também vai jogar em 2012. “Já coloquei meu nome em outras ocasiões, mas não levava adiante, muitas vezes, por falta de apoio partidário. Para 2012, com certeza, serei candidato”, afirma Medrado. A candidatura do pedetista recebeu o aval do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, presidente nacional licenciado do partido. Na última quinta-feira, Lupi desembarcou em Salvador com uma missão que ia além de participar da comemoração pelos 31 anos de fundação da sigla: reafirmar o que já havia sinalizado dias atrás, quando garantiu que o parlamentar vai entrar na briga. Posição também assegurada por um dos caciques da sigla na Bahia, o presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo. Outro partido com disposição para aglomerar o tabuleiro governista é o PTB. “A diretriz da Executiva Nacional é ter candidaturas próprias, sobretudo nas grandes cidades. Em Salvador, o mais cotado é o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito. Só depende da vontade pessoal dele, que já colocou seu nome para a disputa. Não se trata de uma aventura e não estamos conversando com o governo sobre isso”, assinalou o deputado federal Antonio Brito, filho do vice-prefeito. Arestas - Enquanto os movimentos ensaiados por PTB, PCdoB e PDT são mais contidos, os passos dados pelo PSB, também integrante da base aliada, criou a primeira zona de tensão em torno das eleições em Salvador. Dois políticos da legenda - o deputado estadual Capitão Tadeu e a senadora Lídice da Matta - admitem a possibilidade de entrar no jogo, mesmo contra o desejo da cúpula do PT. O anúncio da candidatura própria do PSB provocou uma troca de ironias, via imprensa, entre Capitão Tadeu e o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, imbuído em unir a base aliada em torno de um único representante. O nome mais cotado é do deputado federal Nelson Pelegrino. “Se o PT quiser participar, colocamos a vaga de vice à disposição. “Essas movimentações são por espaço. Não vamos esquecer que somos parte de um mesmo projeto. Ou alguém acha que Wagner, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula não têm lado?”, pontuou Jonas. Para ele, vai haver um afunilamento de candidaturas na reta final. Enquanto isso, DEM, PMDB e PSDB trabalham para unir os nome fortes do partido (ver mais na página ao lado) e o PP age silenciosamente, com o chefe da Casa Civil da prefeitura, João Leão, criando musculatura na tarefa de se credenciar para 2012. Até lá, há mais inchaço que fôlego no tabuleiro engarrafado da sucessão municipal. Oposição em busca de unidade - Apesar de mais espaços livres no tabuleiro, a oposição também batalha para que líderes da frente antigovernista não acabem travando suas jogadas no xadrez da sucessão. É essa uma das tarefas que ocupam o deputado federal ACM Neto (DEM), cuja candidatura à prefeitura é dada como certa nos bastidores da política baiana. “Só saio candidato se conseguir reunir as forças da oposição em torno de um projeto único. Por isso, não acho que seja hora de impor nomes, até porque é preciso entender que há quadros de outros partidos com boas condições de disputar. Estamos na contramão do que venho observando, com pessoas colocando pré-candidaturas antes do tempo certo”, destacou o democrata, que também coloca o presidente estadual da legenda, José Carlos Aleluia, como possibilidade. “Antes de falar em nomes, temos que ter um projeto. Só lá na frente é que vamos definir isso. Mas, entendo que é comum que se cogitem candidaturas de um ou outro nome da oposição”, afirma o deputado federal Antonio Imbassahy PSDB), também cotado para assumir uma chapa em 2012. No PMDB, que vem dialogando com democratas e tucanos, há três nomes colocados como possibilidade: o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o presidente do Bahia e ex-deputado Marcelo Guimarães Filho e o ex-secretário de Serviços Públicos de Salvador Fábio Motta. “É claro que o PMDB pensa em ter candidatura própria. Vamos buscar um arco de alianças para isso, mas temos que estar abertos a apoiar outros nomes da oposição, caso o partido não consiga viabilidade para entrar na disputa. A hora é de dialogar”, afirmou Geddel. As informações são do Correio
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