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SALVADOR

Posto que cobrou preço mais baixo de gasolina foi palco de filas e até de discussão

Especialista em combustíveis da Unifacs, Luiz Pontes, acredita que não há risco. “A qualidade da gasolina em Salvador é muito boa", diz

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22/06/2011 às 8:44 • Atualizada em 29/08/2022 às 12:49 - há XX semanas
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Não sobrou quase nenhum. Praticamente todos os postos de combustível em Salvador aderiram ontem ao aumento de 16,7% no preço do combustível, causado pela expectativa de maior demanda com o feriadão. Apenas dois estabelecimentos, localizados na avenida Djalma Dutra, na Sete Portas, aplicaram aumentos menores, de 2,1%.
Na avenida Djalma Dutra, o posto Menor Preço vendia o litro da gasolina a R$ 2,43, abaixo da média...
No local, o posto da rede Menor Preço aumentou o valor de R$ 2,38 para R$ 2,43, ainda bem abaixo da média de R$ 2,77 dos outros oito postos visitados ontem pelo CORREIO. Outro estabelecimento da avenida, sem bandeira, estava vendendo a R$ 2,45 o litro. Porém, os postos só trabalham com pagamento à vista e não aceitam cartão. A opção por vender a gasolina mais barata provocou filas de veículos na região e deu até em briga, na noite de segunda. “O problema foi um taxista procurando briga. Ele queria furar fila”, relatou Alexandre Brito, vendedor da loja de conveniências do posto Menor Preço. Outro funcionário contou que o taxista, apressado, queria ocupar duas filas ao mesmo tempo, o que causou a confusão. “Os motoristas quase saíram na mão, mas controlamos a situação e ficou só no grito”, relatou. O posto prometeu continuar vendendo o litro a R$ 2,43 no feriado. Os que planejavam viajar no feriadão não hesitaram em enfrentar fila para abastecer por um preço mais acessível. Foi o caso do motorista Alessandro Melo. “Só vou viajar amanhã, mas vim abastecer logo hoje com medo de o preço subir mais aqui também”, contou, enquanto esperava sua vez. “Moro na Estrada do Coco e os postos de Camaçari estão ainda mais absurdos que os de Salvador”, reclamou o operador portuário Márcio José Mikeli.
...mas o posto Menor Preço, na Bonocô, aderiu ao aumento
BR-324Outro posto de combustível onde também houve fila, na noite da segunda-feira, foi o Jaqueira, da distribuidora Shell, localizado na saída de Salvador pela BR-324. “Na noite de ontem (anteontem), a gasolina estava a R$ 2,36, então teve fila grande”, narrou o frentista André Silva. Mas, ontem, o Jaqueira subiu o valor para R$ 2,79, uma alta de 18,2%. André ouviu várias reclamações dos clientes. “O cliente reclama, mas é o patrão que manda”. A alta dos últimos dois dias afetou postos de todas as bandeiras - BR, Shell, Esso e Menor Preço - em várias regiões da cidade. A reportagem conferiu os preços em Sete Portas, Dique, Garibaldi, Bonocô, BR-324, Iguatemi, Pituba, Rio Vermelho e Federação. QUALIDADEEm outros postos, os consumidores reclamavam do preço, mas diziam não confiar na gasolina barata. “Quem garante a qualidade?”, questionou o administrador André Simões. Segundo outro motorista, abastecer com gasolina adulterada pode causar problema no tanque, no motor ou na bomba do carro. Mas o especialista em combustíveis da Unifacs, Luiz Pontes, acredita que não há risco. “A qualidade da gasolina em Salvador é muito boa. Minha dica é: se o preço está mais barato, aproveite”, sugeriu. Não existe tendência de altaApesar do aumento ter afetado o etanol e a gasolina em Salvador, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), órgão que fiscaliza o mercado de combustíveis no país, assegura que não há tendência de alta nacional no setor de combustíveis. “Estamos verificando se essa alta que ocorreu em Salvador é uma acomodação natural dos preços ou se há situação de cartel, mas o fato é que não existe tendência de alta no cenário nacional”, assegurou o chefe do escritório da ANP no Nordeste, Francisco Nelson Nunes, acrescentando que vê o aumento dos preços como um caso pontual, mas sem atribuir causas. “Do ponto de vista econômico, não há indícios de cartel por enquanto”, completou. A ANP não regula preços, que seguem as leis do mercado. Menos prudente é o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar), Carlos Gilberto Farias. “Isso é cartelização nos postos. A produção de álcool está em seu pico no Sudeste, onde o etanol é vendido entre R$ 0,90 e R$ 1,10. Não há um motivo para a alta”, protesta. Em Salvador, o etanol comum é comercializado a um valor médio de R$ 2,02. Petrobras vai elevar oferta de etanol O governo decidiu elevar a participação da Petrobras no mercado de etanol dos atuais 5% para 12 %. Para isso, a estatal deverá construir novas usinas. O plano prevê financiamento pelo BNDES, a juros mais baixos, da renovação dos canaviais, de forma a aumentar a eficiência e a produtividade do setor sucroalcooleiro. Prevê ainda acordo para melhorar e elevar a estocagem de álcool combustível - agora regulado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A medida tem caráter preventivo, explicou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. “Tomamos uma posição porque este ano houve elevação grande do preço do etanol. Não houve escassez do produto. Mas se não agirmos agora, pode haver crise semelhante com o preço do álcool no próximo ano”. Para forçar uma queda dos preços da gasolina e do álcool nas bombas, a Petrobras foi obrigada em abril, pelo Palácio do Planalto, a reduzir sua tabela de venda no atacado em cerca de 7%.

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