Que o asfalto de Salvador está desgastado, não é novidade. Que a cidade está cheia de buracos, também é nítido. Mas, além daqueles que se abrem devido ao desgaste do asfalto, há os buracos causados por danificações na rede da Embasa, como o que surgiu no Imbuí anteontem e engoliu parte de um carro. De acordo com a prefeitura, de 70 a 90 buracos surgem diariamente em Salvador devido a problemas com as redes de água e esgoto. As contas do município são de que eles consomem, em média, R$ 30 mil por dia. Agora, a prefeitura quer que a Embasa pague o prejuízo.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura, Habitação e Defesa Civil (Sindec), o custo, acumulado em R$ 4 milhões desde janeiro, daria para realizar obras como a contenção da Avenida Contorno e oito quilômetros de via pavimentada, com passeio e drenagem. “Seis frentes de trabalho seriam necessárias para tampar todos os dias somente os buracos da Embasa”, diz o secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana. No entanto, as equipes acabam sendo as mesmas que trabalham na operação tapa-buracos e precisam ser deslocadas. Fontana afirma que a Embasa se nega a custear os reparos necessários depois das suas obras. “A prefeitura está bancando e pedindo que a Embasa coloque seis frentes de trabalho e pague toda a massa betuminosa, mas eles não estão querendo”, disse. Desde a segunda-feira, estão sendo catalogados os buracos causados por conta de obras da concessionária e os relatórios deverão ser usados em futuras ações judiciais. Por enquanto, a prefeitura informa que já vem suspendendo novos alvarás para ampliação de rede e anunciou que a Embasa terá que oferecer contrapartidas. Impasse“Realmente estão negando os alvarás e isso está causando atraso na conclusão de serviços e, consequentemente, prejudicando o abastecimento de água e coleta de esgoto em Salvador”, rebateu a Embasa, pela assessoria. A empresa afirmou, em nota, que vai pagar pelos reparos até então custeados pela prefeitura, “desde que sejam comprovados que tais serviços sejam devidos pela empresa”. Ontem, a disputa ganhou mais um episódio. Uma escavadeira a serviço da prefeitura caiu em uma cratera aberta há um mês, depois de um deslizamento de terra na Estrada Velha do Aeroporto, e quebrou um ponto da rede distribuidora de água, interrompendo o abastecimento da região. A Embasa é responsável por 8,4 mil quilômetros de tubulação na capital baiana: 630 mil ligações de água e 450 mil de esgoto. A empresa afirma que “realiza a recuperação dos pavimentos em todos os locais onde executa intervenção para manutenção ou implantação de redes de abastecimento de água e de esgotamento sanitário”. Mas, segundo o secretário Paulo Fontana, o trabalho é malfeito. “Quando a Embasa faz, um caminhão passa e o asfalto afunda. Aí a prefeitura tem que ir lá e fazer tudo de novo, porque o que eles usam é brita e farinha (de cimento)”. Na avaliação da Embasa, a prefeitura não teria prejuízo se o convênio para reparos, rescindido no ano passado unilateralmente, fosse mantido. Convênio Por duas décadas e até o último ano da gestão do ex-prefeito João Henrique, havia entre prefeitura e Embasa um contrato de quase R$ 2 milhões em que a concessionária pagava para que a administração municipal fizesse os reparo de buracos na rede. Em maio do ano passado, a prefeitura rescindiu o contrato, ainda não renovado. “A alegação, na época, foi a falta de estrutura para asfaltar todos os pontos. Naquele momento, a prefeitura tinha 6 mil solicitações da Embasa sem atendimento. Se o convênio fosse restabelecido, com estrutura necessária da prefeitura, isso não aconteceria”, informou a Embasa, em nota. Segundo a Secretaria de Infraestrutura, existe o interesse em retomar o convênio, mas em termos que considera “justos”, que seria o pagamento por parte da Embasa de todo o asfalto utilizado, além das equipes que serão exclusivas para a recuperação destes buracos. Já a Embasa afirmou que houve várias tentativas de reativação do convênio, sem sucesso. Ainda segundo a empresa, a proposta apresentada pela prefeitura ultrapassava o custo mensal da empresa. Uma contraproposta será negociada hoje. ServiçoAtualmente, a empresa afirma manter quatro contratos voltados para manutenção de suas redes e recuperação dos pavimentos onde houver intervenção. Um quinto está sendo licitado exclusivamente para a recuperação asfáltica. Segundo a Embasa, cerca de R$ 133 mil são gastos mensalmente. Segundo a Embasa, o trabalho com brita era feito quando havia o convênio: o buraco era nivelado com brita e, em seguida, a prefeitura cobria com asfalto. Hoje, a Embasa garante que usa asfalto.
Com pressão da água, buracos da Embasa são maiores, diz prefeituraOs buracos causados por danos na rede da Embasa, segundo a prefeitura, são os mais trabalhosos no momento dos reparos. A justificativa é que, como geralmente surgem após acidentes na rede, são maiores, já que há uma pressão da água, que rompe a tubulação, jateia o subsolo e cava o buraco com maior rapidez. Anteontem, no Imbuí, foi isso que ocorreu. Pior para o dono do carro que foi parcialmente engolido. Em março de 2011, um outro veículo foi engolido por uma cratera na Avenida Paralela, aberta após o rompimento de uma adutora. Já o buraco aberto há cerca de um mês por um deslizamento de terra na Estrada Velha do Aeroporto é apontado pelo secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana, como um dos maiores deixados pela Embasa. Ontem, porém, foi a escavadeira da prefeitura que causou ainda mais transtornos na região, ao atingir a rede. A previsão é que o abastecimento de água da região começasse a ser normalizado no final da noite de ontem. Embasa planeja investir cerca de R$ 1 bilhão na rede até 2014Para o secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana, tanto a malha viária da cidade quanto a rede da Embasa estão ultrapassadas, o que favorece a abertura de novos buracos, muitos próximos aos que são fechados. Segundo Fontana, o problema já existia, mas está latente porque a rede está ficando mais antiga. Em nota, a Embasa afirma que vem substituindo as redes antigas, mas que o grande fluxo de veículos nas ruas durante todo o dia dificulta a atividade. “Até 2014, a Embasa investirá cerca de R$ 1 bilhão em expansão e melhorias operacionais na capital baiana, sendo R$ 334,7 milhões em abastecimento de água e R$ 740,3 milhões em esgotamento sanitário”, informa a nota. “A rede está toda podre, está vencida, porque foi construída há mais de 40 anos”, diz Fontana. Ele acrescentou que, na malha viária da cidade, apenas a Avenida Luis Eduardo Magalhães não tem grandes problemas. “A Manoel Dias está na UTI e o restante da cidade, no Jardim da Saudade”, concluiu. Matéria original do Correio Prefeitura afirma gastar R$ 30 mil por dia com buracos da Embasa
Rede da Embasa exposta em cratera na Estrada Velha foi atingida ontem por escavadeira da prefeitura |
Buraco aberto por rompimento de adutora no Imbuí recebeu reparos |
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