A roda de um micro-ônibus se solta e sai rolando pela pista em alta velocidade. Bate num poste e atravessa a via, em direção a pessoas que esperam em um ponto de ônibus. Elas saem correndo. A roda, porém, bate no meio-fio e muda de direção. Nesse caminho, atinge duas pessoas que caminhavam na orla. A cena, assustadora, ocorreu ontem, às 9h, na Boca do Rio, depois que o eixo dos pneus traseiros esquerdos do veículo da cooperativa Subsistema de Transporte Especial Complementar (STEC) se soltaram.
Ao ser atingido, o professor e advogado Marco Antônio de Carvalho Valverde, 67 anos, caiu e bateu a cabeça no muro da sede de praia do Esporte Clube Bahia. Ele foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE) e, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), teve um traumatismo craniano, mas o caso não é grave. Marco Antônio foi transferido, ainda ontem, para o Hospital Português. A outra vítima, segundo a Transalvador uma mulher, não chegou a ser encaminhada para o hospital. Professor do curso de Direito da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Valverde é paulista, mas mora em Salvador há anos. Quando saiu de casa, ontem, a intenção era de fazer o que sempre faz aos domingos: caminhar. “Ele estava sozinho. Sempre caminha porque gosta, para a saúde”, afirma a nora dele, Ana Luiza Castro, 43, professora do curso de Odontologia da mesma universidade. Pessoas que estavam presentes no momento em que Valverde foi atingido contam que o professor não viu a roda se aproximar. “A roda soltou pouco depois de o ônibus passar pelo posto de gasolina e não vinha em direção a ninguém, mas bateu em um poste. Daí, ela desviou e veio em direção ao ponto de ônibus, onde eu estava. Tinha umas dez pessoas no ponto e todo mundo correu. O povo gritava, rezava”, diz o coordenador de TV Júnior Leal, 22. Foi nesse momento que, segundo Leal, a roda bateu no meio-fio e mudou novamente de direção. Dessa vez, para atingir o professor. “Ele não podia ver, porque estava de costas quando aconteceu. Foi muito sangue, porque a cabeça dele partiu. De certa forma, foi um livramento de Deus porque podia ter pegado muito mais gente”, contou Leal. Segundo a Transalvador, o trajeto da roda foi de aproximadamente 500 metros. Ela deixou uma marca no muro da sede de praia e só foi parar depois da casa de eventos Espetáculo. De acordo com o engenheiro automotivo Júlio Câmara, uma roda como essa pode chegar até 50 ou 60 kg. “Em velocidade, pode ser fatal”, diz. O produtor musical Márcio Batista, que jogava futebol próximo ao local, diz que um de seus colegas correu atrás do eixo de pneus para tentar pará-lo. “Depois, ele levou o pneu para uma borracharia, que fica na esquina. Enquanto isso, todo mundo ficava em cima do cara, tentando ajudar, porque o Samu demorou 40 minutos em chegar”, afirma. SocorroUm dos primeiros a prestar socorro a Valverde, o motorista Adilson Monteiro, 42, diz que colocou uma camisa na cabeça do professor, para estancar o sangue. Ele conta que a segunda vítima foi atingida de raspão. “Ela já estava andando quando chegamos, daí entrou em um táxi”. O chefe de plantão do Samu, Marcelo Matos, disse que seria impossível informar quanto tempo o serviço levou para atender a chamada, já que com a finalização da ocorrência, somente os coordenadores teriam acesso ao arquivo. “Apesar de não ter trânsito intenso hoje [ontem], o número de chamadas está acima do habitual para um domingo, por ser fim de feriadão”, completa. MecânicaO micro-ônibus, da marca Volare e placa NTI-6377, fazia a linha 708, no sentido de ida: Capelinha/Aeroclube. De acordo com o cobrador, havia menos de dez passageiros no veículo, mas todos foram embora do local após o acidente. O motorista, que se identificou apenas como Edmilson, foi levado à 9ª Delegacia (Boca do Rio). “Estava a 60 km/h. Não tem como evitar que algo assim aconteça. Só Jesus mesmo”, lamentou. Ulisses Machado, mecânico responsável pelo veículo, acredita que o eixo pode ter se soltado por defeito na peça. “O carro é revisado praticamente toda semana. A trava de segurança partiu e soltou o eixo de segurança. Não é normal acontecer isso. Foi uma fatalidade”. O dono do ônibus, o motorista Silvio Santos, 32, afirma que o veículo estava com a revisão em dia. “(O veículo) É de 2010 e fazemos revisão no dia 2 de cada mês”. Silvio defendeu o motorista. “Com certeza ele não estava acima da velocidade”. diz. O engenheiro Júlio Câmara reforça que é raro uma roda se soltar do veículo. “Os motivos podem ser desde alguma falha na manutenção, ou algum defeito de fabricação no ônibus ou, ainda, um impacto muito forte”. A falha súbita, para o engenheiro, é improvável, mas não impossível. “Eventualmente, um ônibus que acabou de sair da manutenção, se passar por um impacto forte, pode soltar o eixo”, diz. Matéria original do CorreioProfessor atingido por roda de ônibus é transferido para hospital particular
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