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SALVADOR

Secretaria terá que adaptar calendário escolar após fim da greve

A adaptação, que deve ser divulgada após o fim da greve, será necessária para atender os 200 dias letivos exigidos por lei

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13/05/2012 às 12:39 • Atualizada em 27/08/2022 às 7:13 - há XX semanas
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Livros, cadernos e conteúdos ficaram esquecidos, num canto qualquer, em casa. Na porta do Instituto Central de Educação Isaías Alves (Iceia), no Barbalho, o estudante do 2º ano Rafael Dias aguarda a abertura do portão e a chegada dos colegas. As férias forçadas por causa da greve dos professores da rede estadual de ensino, que já dura um mês, levam ele e o irmão Thiago, 15, praticamente todas as tardes ao colégio para bater um baba com os amigos. “Confesso que não tenho estudado. Passo a manhã dormindo, ou, então, se acordo cedo, umas 9h, fico na internet conversando com a minha namorada”, admite Rafael. Thiago, que não quis aparecer na foto aí em cima, afirma ter feito algumas atividades logo no início da paralisação, mas depois... “Pensei que ia voltar às aulas rápido e fiz tudo que os professores passaram. Como até agora não voltou, tô aproveitando”, diz o adolescente, que estuda no 1º ano. De manhã, ele dorme até tarde; à tarde, computador ou vídeo-game “quando não tem futebol”; à noite sai com os amigos.
Alunos do Colégio Modelo Estadual Luis Eduardo Magalhães, Vinicius (à esquerda), Neilton e Matheus estão preocupados com estudos
A mãe deles, a vendedora Célia Dias, 47, tenta colocar regras. “Ela diz: ‘Vá estudar!’ Não deixa sair, tenta regrar computador e só deixa o futebol. Acho legal estar em greve, mas sei que estou sendo prejudicado”, reflete Rafael. O comportamento dos garotos tem preocupado os pais. “A gente sempre aconselha. Eles dizem que estudam, mas ficam na internet. Os professores têm direito de fazer a greve, mas a preocupação é com o rendimento. Nesse período, a maioria só quer saber de ficar curtindo”. Célia lembra que incentivou seus filhos a estudar durante a paralisação. “Exigi que fizessem as atividades determinadas pelos professores, mas disseram que não tinham. Então, oriento para que estudem em casa. Eles precisam meter a cara nos livros”, reforça a mãe zelosa. Rafael pretende prestar vestibular para Gastronomia e Direito. Thiago quer disputar uma vaga para Educação Física. “Já disse que eles não vão parar de estudar nunca. Estou no pé. Rafael ainda faz curso de atendente e espanhol. Espero que a greve acabe. Nós, pais, estamos arrasados”, lamenta a vendedora. Curtição A filha da dona de casa Lurdes de Souza, 50, foi mais longe que os irmãos do Iceia. A jovem de 22 anos aproveitou a paralisação dos professores para viajar. “Ela está se divertindo bastante. Ela largou tudo e viajou para São Paulo para passar alguns dias. Com a greve, os alunos perdem até o estímulo”, explica a dona de casa. Lurdes não quis revelar o nome da filha, mas afirma que a jovem pretende ser promotora de justiça. “Dizendo ela que quer ser promotora. Quando a gente tem um sonho, precisa correr atrás. Ela é inteligente, mas deixa correr solto. Fico muito preocupada com a minha filha”, desabafa dona Lurdes. A estudante cursa o 3º ano do ensino médio na Escola Técnica Estadual Newton Sucupira, em Mussurunga. “Incentivei para que ela estudasse em casa, enquanto a greve não acabava. Estudou um pouquinho. Só Jesus na causa”, entristece-se dona Lurdes. Intensivo O clima de férias, no entanto, não é nada festejado pelos estudantes do 3º ano Matheus dos Santos e Vinícius de Abreu, ambos com 17 anos. Os dois estudam no Colégio Modelo Estadual Luis Eduardo Magalhães, na avenida San Martin, e estão “desesperados” com a continuidade da greve. “Estou sendo completamente afetado nos meus estudos. Tenho que aprender vários assuntos para o Enem e me preparar para o vestibular. É uma necessidade enorme de que as aulas sejam retomadas”, diz Matheus. Enquanto isso, o rapaz trabalha como jovem aprendiz em uma rede de supermercados e faz curso de manutenção de micro. “Não estou curtindo nem um pouco. Estudo em casa, no horário em que estaria na escola. Preciso adquirir mais conhecimento”, ressalta Matheus, que vai prestar vestibular para Engenharia de Produção e Petróleo e Gás. A mãe dele, a cozinheira Rosa dos Santos, 37, lamenta não poder colocar o filho em um colégio particular. “Infelizmente, as condições financeiras não permitem, mas essa é a vontade. Tudo isso que está acontecendo só nos deixa apreensivos. Meu filho gosta de estudar e quer um futuro melhor”, comenta. Integrante do grêmio do colégio, Neilton Nascimento, 16 anos, apoia os professores, mas sabe que a greve está prejudicando não só seu ano, mas também seu futuro. “Com esta greve, infelizmente, vou acabar tendo que fazer o 2º ano de novo no próximo ano”. Durante o período sem aulas, Neilton não descansa. “E eu e alguns colegas estamos fazendo manifestações, para pressionar a Secretaria e acabar logo com isso. Até porque eu não quero estudar até 2016; 2014 vem aí e vou perder muitas oportunidades de trabalho se estiver no 3º ano”, reclama. Vinícius também estuda em casa. “Faço um esforço quase autodidata. Todo tempo livre que tenho é para estudar e aprender”, diz o rapaz, que quer estudar Artes Cênicas. O pai de Vinícius, o motorista Moisés Antônio de Almeida, 48, espera que governo e professores resolvam logo o impasse. “Nesse jogo de empurra quem sobra são os alunos que não têm nada a ver com a história”, critica. Secretaria terá que adaptar calendário escolarQuando a greve acabar, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) deve divulgar um novo calendário escolar para a reposição das aulas da rede estadual que ficaram prejudicadas com a greve dos professores. A adaptação será necessária para atender os 200 dias letivos exigidos por lei. De acordo com a assessoria de comunicação do órgão, os alunos do 3º ano terão calendário especial e uma equipe da SEC já atua na elaboração do novo cronograma. De acordo com o professor Anderson Silva, integrante do comando de greve, os professores também devem participar da elaboração do novo calendário. “A reposição vai acontecer como sempre e o conteúdo trabalhado será o mesmo. Preliminarmente, devemos usar os sábados e parte do recesso junino, a depender de quanto tempo a greve prossiga”, sinaliza. A doutora em Educação e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifba – antigo Cefet) Telma Brito defende que o novo calendário deve ser elaborado de forma coletiva, inclusive com as famílias. “É uma questão delicada e deve ser discutida entre todas as partes que compõem uma escola. Não são só os professores e a secretaria, mas as famílias também devem referendar o novo cronograma”, defende. A especialista, no entanto, chama a atenção de que essa não será uma tarefa fácil. “Será um ano atípico. É provável que os alunos tenham que estudar durante as férias deste ano e do próximo, além dos sábados e domingos. Vai ser difícil restabelecer a normalidade sem trazer outros prejuízos”, adverte. Como curtir aprendendo: * Leia bastante * Visite bibliotecas públicas e museus * Faça bom uso da internet, em sites de notícias, para manter-se atualizado * Jogos eletrônicos que estimulam o raciocínio devem fazer parte do entretenimento * Veja filmes e leia livros indicados nos vestibulares * Navegue em portais de educação que disponibilizam uma série de materiais de provas anteriores FONTE: Telma Brito, doutora em Educação

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