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SALVADOR

Sem chuva, Salvador tem 613 incêndios em 17 dias

Com a estiagem que já dura mais de dois meses e o aumento da temperatura, ocorrências crescem

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18/11/2015 às 8:30 • Atualizada em 30/08/2022 às 18:34 - há XX semanas
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Estiagem prolongada, aumento da temperatura, tempo seco e gente irresponsável: a conjunção desses fatores são a principal explicação para o registro de 613 ocorrências de incêndios em vegetação na capital do dia 1º até ontem. Em apenas 17 dias, o número de chamados ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia já ultrapassa todos os registros do mês passado, quando foram feitos 540 registros de casos, de acordo com a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado (Secom), com base em dados da Superintendência de Telecomunicações (Stelecom). Já em outubro, o número de casos representava aumento de 157% em comparação a setembro, quando foram informados 210 casos. Segundo a assessoria do Corpo de Bombeiros, que tem sido obrigado a eleger casos prioritários em dias com mais ocorrências, por conta do efetivo insuficiente, a “temporada de incêndios” pode se prolongar até março do ano que vem, caso a estiagem persista.

Fogo em matagal perto de casas no Curralinho, na Boca do Rio, sábado passado
(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

A última chuva intensa registrada em Salvador foi em 29 de agosto e, desde então, as precipitações têm sido bastante moderadas. Neste mês, por exemplo, choveu em apenas três dias, e pouco: 3 de novembro (0.3 mm), 9 (0.2 mm) e 11 (0.6 mm), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para se ter uma ideia, o índice pluviométrico médio nos meses de novembro é de 137.1 mm. Segundo o Corpo de Bombeiros, a maioria dos casos é registrada em matagais e terrenos baldios. Foi o que aconteceu na tarde de segunda-feira (9), quando o fogo tomou conta de um matagal atrás de um edifício na Avenida Centenário, onde há lojas e residências. “O fogo estava tão alto que bateu no muro. Além da loja ficar toda suja, ainda tem esse mal-estar provocado pelo cheiro”, afirmou o empresário Luigi Oliveira, 41 anos, dono de um pet shop no local. Já anteontem, um incêndio atingiu a vegetação de um terreno localizado na Rua Engenheiro Armando Carneiro da Rocha, no Jardim Apipema. Segundo a Stelecom, o fogo começou por volta das 16h40 e chegou a se aproximar de condomínios e casas da região. Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para conter as chamas. Ainda não há informações do que pode ter provocado o fogo, que só foi controlado depois das 21h. Ninguém ficou ferido. Esses casos estão entre os 2.369 chamados de incêndio desde o início do ano – mais da metade deles (1.363) registrados entre 1º de setembro e ontem. Apesar da temporada de incêndios na zona urbana já ser esperada, as brigadas na capital não são suficientes para atender a todos os chamados, conforme denuncia a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares da Bahia (Aspra), que pede equipamentos novos e mais efetivo. Até aqui, por sorte, nenhum incidente mais grave foi registrado nos últimos meses, tampouco grandes prejuízos, mas o susto muitas vezes é grande. No caso do pet shop da Avenida Centenário, restos de fuligem ainda invadiram a loja e prejudicaram o fluxo de clientes. “Não sabemos se foi provocado ou não, mas ligamos logo para informar”, relatou o empresário Luigi Oliveira.

Terreno baldio pega fogo próximo a prédios no Jardim Apipema, Barra
(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

Imprudência Apesar do tempo quente, vegetação seca e baixa umidade do ar serem as condições climáticas favoráveis às queimadas, é a imprudência das pessoas que garante o aumento no número de casos. “Mais de 90% das ocorrências começam com ações humanas. Alguém que resolveu queimar lixo ou que jogou um cigarro na mata, iniciando o foco de incêndio”, aponta o sargento Lacerda, lotado no 10º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM), em Simões Filho, na Região Metropolitana. Segundo a meteorologista Claudia Valéria, do Inmet, o período mais seco, com ausência de chuvas, é o principal fator de propagação do fogo. “O vento acaba levando a faísca de um local para o outro, iniciando um novo incêndio”, relatou. Na capital, a umidade que vem do mar ajuda, mas não impede o fogo. “No Verão, temperaturas em Salvador ficam em torno de 34 ºC e o calor agrava a situação”, completa. Prioridades Em todo o estado, 2.130 homens atuam no combate a incêndios, mais da metade deles na capital e RMS, onde há 1.167 profissionais para atender as ocorrências. “Não temos como atender todos os chamados. Priorizamos os mais graves e atendemos por área”, justificou o comandante da Guarnição 02 do 3º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM/Iguatemi), sargento Josias, que atua na corporação há 25 anos. Conforme a Secom, a prioridade nos atendimentos é dada aos locais próximos de unidades de saúde, subestações de energia elétrica, residências, postos de combustível e rodovias.Uma dessas prioridades foi seguida no dia 1º deste mês, quando dois focos de incêndio atingiram a vegetação que fica nos fundos e na frente do Hospital do Subúrbio (HS). As chamas chegaram a atingir aproximadamente cinco metros de altura. No local, havia pedaços de madeira, lixo, computadores velhos, além de materiais de plástico e de alta combustão, que podem ter ajudado as chamas a se espalhar. O fogo foi apagado por 20 funcionários da Brigada de Incêndio do próprio hospital. Uma hora depois, equipes do Corpo de Bombeiros chegaram ao local e fizeram o rescaldo do fogo. Por conta do incêndio, uma grande nuvem de fumaça se espalhou, atingindo a área interna da unidade, mas, segundo a assessoria do HS, não chegou a afetar os pacientes. Saúde Não foi o mesmo caso da aposentada Regina Oliveira, 74, moradora do Edifício Iguanara, na Rua Padre Feijó, no Canela. Ela sofreu com o cheiro de fumaça que entrou em seu apartamento, na segunda-feira (9), após o fogo atingir uma vegetação que fica atrás do seu prédio. “Esse cheiro de fumaça é horrível. Fico sem conseguir respirar. Ainda bem que os bombeiros chegaram”, afirmou. Os problemas respiratórios podem atingir pessoas em qualquer idade e trazer complicações, segundo o médico pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro. “Se a pessoa tiver alergia respiratória, a tendência natural é que o cheiro da fumaça agrave a situação. Podem levar a doenças crônicas, coceira nos olhos, na garganta; a pele fica afetada e até mesmo pode ser desencadeada uma pneumonia”, diz. Ribeiro ainda alerta: quem tiver sido exposto à fumaça deve lavar o rosto imediatamente, gargarejar com água morna e depois procurar uma emergência hospitalar, caso os sintomas piorem. Os números de ocorrências de incêndio em Salvador, no ano passado, solicitados para efeito de comparação, não foram fornecidos pela Secom. Segundo a pasta, houve um problema com o banco de dados da Stelecom, que não permite recuperar os registros. Faltam novos equipamentos e pessoal, diz associação A dificuldade em atender aos chamados de incêndio em Salvador, que aumentaram em mais de 150% apenas entre setembro e outubro, foi apontada pelo diretor da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado (Aspra), Alexandre Santos, como o resultado do baixo investimento na corporação, que passará a ter gestão independente. “O efetivo já era pequeno e, com a separação (da PM), dá para ter a real noção. Os equipamentos estão velhos, defasados”, criticou. Ainda de acordo com o diretor, não existe nenhuma previsão de novos concursos para aumento da corporação. “Quem sente é a população, né? Porque não conseguimos oferecer um serviço melhor e os bombeiros ficam com a escala apertada, trabalhando muito nestes meses em que há o aumento no número de ocorrências”, relatou. Em nota, o governo do estado informou um investimento de R$ 2 milhões somente para aquisição de novos equipamentos de salvamento e combate a incêndio.
Correio24horas

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