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Sensualidade em profissões femininas ainda gera preconceito

Para a pesquisadora do Neim, Petilda Vasquez uma mulher não pode falar mal da outra

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08/07/2010 às 10:48 • Atualizada em 29/08/2022 às 16:56 - há XX semanas
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A sensualidade da mulher brasileira é conhecida em todo o mundo há muito tempo. Seja pelos corpos curvilíneos, pela beleza negra ou o pelo requebrado das danças, é fato que os marmanjos babam ao ver um belo par de pernas e um bumbum empinado. Essa imagem em torno da mulher já rendeu famosos personagens como Tiazinha e Feiticeira, vividos por Suzana Alves e Joana Prado. Mas até que ponto esse excesso de progesterona desvaloriza a mulher? Para Petilda Vasquez, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim), toda vez que o corpo é tratado através de termos que degradem ou violentem a integridade física, mexe com a dignidade humana. “É importante atrelar isso a uma questão de direito humano. Quando se imagina a exposição feminina, que é feita em programas, está posta uma situação que deveria incomodar a todos os sexos. Isso mostra o corpo como objeto, como coisa a ser consumida e desejada, e é dessa forma que a imagem da mulher é prejudicada” , afirma. Outros planos – Após dançar por 1 ano e 8 meses na banda Aviões do Forró, Lygia Martins decidiu abandonar a carreira e voltar para a faculdade. Atualmente, cursando o quinto semestre de Jornalismo, ela diz que é louca por dança. “Decidi parar porque minha idade não permitia mais. Fiquei noiva e decidi tomar outro rumo na minha vida”, revela. Segundo Lygia, a profissão de dançarina não desvaloriza a mulher, mas os homens se aproximam muito pois acham que quem trabalha nesse meio é “fácil”. “Algumas mulheres no mundo da dança acabam saindo com muitos caras para ter a vida facilitada. Não é a dança que desvaloriza a mulher e sim o fato de elas fazerem jus ao que as pessoas falam”, acredita. Quando começou a carreira, Lygia precisava de dinheiro e esse foi um dos fatores que a levou a ser dançarina. “Juntei o útil ao agradável. Perdia muitas noites, tive que engolir algumas coisas. Já chorei pensando porque eu tinha que aguentar aquilo”. Para a sociedade, equivocadamente, uma forma de consertar os valores morais é a figura feminina continuar sendo aquilo que a ordem deseja. “Para uma mulher ser reconhecida moralmente, ela tem que assumir o papel de heroína. Daquela que não pode falhar na educação dos filhos, que tem que ter imagem de santa e ser sempre virtuosa. Se ela não for puritana é pecadora. Aquelas que trabalham com a exposição da imagem são mal vistas e isso acontece há muito tempo”, diz Petilda. Onde o erro mora – O que leva as pessoas a acreditarem no ato pecaminoso da dança não é o movimento do corpo, e sim a banalização gerada em torno disso e a letra de algumas músicas. Em alguns casos, os comentários feitos sobre as dançarinas as levam a sentir vergonha da profissão, por isso, muitas mulheres negam o passado vivido no mundo da dança. “É preciso desmascarar esse cultura de pecado. Tudo é uma questão de como eu vejo, julgo, penso. Ninguém questiona os movimentos sensuais dos homens, nem fala dos que trabalham como dançarinos. Apenas a mulher sofre com isso”, protesta Vasquez. A coordenadora do Neim dá um recado às desavisadas: uma mulher não pode falar mal da conduta de outra. É preciso ter cuidado com comentários e aprender a conviver com as diferenças de maneira real e não utópica.

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