Seria forçar a barra dizer que o show de Caetano e Gil, no Farol da Barra, começou ‘pontualmente atrasado’, às 20h20, só como pretexto para citar outro show da dupla em 20 de julho de 1969? Se sim, zangue não. O motivo é citar o primeiro show dos dois que virou um marco na cidade, dando origem ao disco Barra 69, clássico da música brasileira lançado em 1972. Perguntamos a Roberto Sant’Ana, produtor musical do clássico, o motivo de aquele show de 47 anos atrás se chamar Barra 69 e ter sido gravado no Teatro Castro Alves. Tinha alguma coisa a ver com o bairro? “Não. É a barra pesada. Eu li assim”, avaliou Sant’Ana, que foi quem apresentou Gil a Caetano, anos antes, na Rua Chile, e produziu o show pago, para cerca de 3 mil pessoas, no TCA.
No sábado (2), porém, de graça, cerca de 150 mil pessoas, conforme a Empresa Salvador Turismo (Saltur), foram ao Farol da Barra conferir “os gêmeos míticos” cantarem no show que, permita a brincadeira, vamos batizar de Barra 16. O show apresentado faz parte da turnê "Dois Amigos, Um Século de Música", que já passou por diversos estados brasileiros e, inclusive, outros países da América Latina e da Europa. A apresentação mais aguardada do Festival da Cidade, em comemoração aos 467 anos de Salvador, que marcou a volta da dupla Caetano e Gil à Bahia, foi aberta às 20h20 com Back in Bahia. Era uma das músicas que os amigos Letícia Gomes, 27 anos, e Marcelo Silva, 30, mais aguardavam. “Gil fala do exílio em Londres, da saudade da Bahia, e eu sempre me identifiquei muito porque morei fora e sentia isso na pele”, contou a universitária.O advogado Marcelo queria coisas mais recentes, como Odeio Você, de Caetano. “É uma canção visceral. Acho que sou assim, de extremos, e me identifico”, contou. Odeio Você entrou mesmo no repertório, e virou ocasião para protesto político: sobrou para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, o ‘odiado’. Isso porque, durante a execução da música, teve coro de "Odeio você, Cunha". Após o fim da canção, parte do público entoou outro coro: "Não vai ter golpe". A manifestação contra o impeachment da presidente Dila Rousseff recebeu apoio do próprio Caetano Veloso: "Não vai ter", disse em resposta.
Amados, no entanto, Gil e Caetano cantaram para um público esparramado pelo gramado do Farol da Barra e espalhado pela Avenida Oceânica, onde foi instalado um telão para quem não quis passar aperto.
Na volta a Salvador, Caetano e Gil abriram cantando Back in Bahia (Foto: Betto Jr/CORREIO) |
Cerca de 150 mil pessoas se reuniram para assistir ao show histórico de Gil e Cateno no Farol (Foto: Betto Jr/OCORREIO) |
Meia hora antes da superlotação, com o início do show, as professoras Aldemara Nascimento, 45, e Givaedna Souza, 44, que vieram de Barreiras, eram pura ansiedade. “É uma experiência que a gente aguarda há muito tempo. Vai ser um prazer enorme presenciar esse show”, afirmou pró Mara, que usa a canção Parabolicamará com seus alunos para falar sobre globalização.
“Foi um show emblemático para a cidade, porque é uma turnê internacional, e eles se mostraram muito dispostos em tocar aqui. Creio que foi uma operação bem sucedida”, comemorou o presidente da Saltur, Isaac Edington. Ao lado da namorada, o prefeito ACM Neto também avaliou bem a festa. “Fechamos as comemorações dos 467 anos de Salvador com chave de ouro: simplesmente maravilhoso o show de Caetano e Gil. Mais de 150 mil pessoas na Barra, curtindo o som destes dois artistas que são orgulho da Bahia e do Brasil”, comentou.
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