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Marcelo Caribé Carvalho, 28, estava de folga em Salvador, e voltaria para Rondônia na madrugada seguinte ao crime (Foto: Reprodução/ Facebook) |
Depois de ser baleado, dar entrada no Hospital do Subúrbio, receber alta e ir pra casa, Vitor Vagner Matos Neri, 28 anos, suspeito de atirar na cabeça do policial rodoviário federal Marcelo Caribé Carvalho, 28, durante assalto a uma barraca na Pituba, no dia 24, resolveu se entregar ontem à polícia. Ele foi apresentado à imprensa, à tarde, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Pela manhã, foram apresentados Idenivaldo Santos de Oliveira, 33, e Paulo Tiago Rabelo dos Santos, 23, apontados como os comparsas de Vitor na ação que resultou na morte do agente. Segundo o titular da Delegacia de Homicídios Multiplos (DHM), delegado Odair Carneiro, responsável pela investigação do caso, parentes do autor do disparo avisaram à polícia que ele iria se entregar na sede da Polícia Civil, na Piedade. Enquanto Vitor se deslocava, na companhia de um advogado, para o local, policiais o capturaram, ainda no bairro. “Familiares de Vitor contactaram o policial e coordenador do SI (Serviço de Investigação) da 6ª Delegacia (Brotas), Paulo Portela, e prometeram que ele se entregaria. Logo no final da manhã, ele marcou na Piedade. Juntamente com equipes do DHPP, da 6ª DT, da força-tarefa composta pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), PF (Polícia Federal) e Superintendência de Inteligência, concretizamos a prisão”, explicou o delegado.
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Vitor é apontado como autor do disparo que matou o agente da PRF Marcelo Caribé (Foto: Almiro Lopes) |
O crime Após ser preso, Vitor foi conduzido ao DHPP, onde foi ouvido pelo delegado e confessou ter atirado no policial depois de o agente se identificar durante o assalto. “Vitor disse que, na hora que ele estava apontando a arma para um cliente da barraca, o policial rodoviário chegou por trás e disse ‘quieta, quieta! Polícia!’. Ele, então, se virou e deu um tiro na cabeça do policial”, contou o delegado. Caribé, que era lotado em Porto Velho (RO), era policial há seis meses. Um dia após o crime, o delegado Marcelo Sansão, do DHPP, disse que o fator da inexperiência pode ter influenciado no momento da reação ao assalto.
Confusão de informações Durante a apresentação de Vitor, ontem, o delegado Odair Carneiro informou que o suspeito chegou a ser baleado por policiais numa troca de tiros em Cosme de Farias, na quarta-feira, e buscou atendimento no Hospital do Subúrbio, usando nome falso. “Ele foi baleado na noite da quarta-feira, em Cosme de Farias, e deixou o hospital na manhã seguinte, às 12h”, disse o delegado. “Entrou lá com outro nome, na madrugada, dizendo que foi assaltado. No outro dia, solicitou alta médica e saiu pela portas dos fundos. Solicitou alta porque no local onde estava tinham outras pessoas baleadas e alguns policiais chegaram para interrogar essas pessoas. Ele ficou desconfiado e resolveu sair”, completou Carneiro. Já a assessoria da Polícia Civil informou, em nota, que “Vitor foi baleado, na noite da terça-feira (29), no bairro de Cosme de Farias, em circunstâncias ainda desconhecidas pela polícia, e socorrido para o Hospital do Subúrbio” e que “o criminoso recebeu alta médica ao meio-dia de quarta-feira (30), mas a polícia só teve conhecimento de seu atendimento na unidade de saúde às 13h, depois que ele já havia recebido alta médica”. Procurada pelo CORREIO, a assessoria do Hospital do Subúrbio deu uma outra versão, que contraria as duas versões da polícia. Informou que Vitor deu entrada na unidade às 18h40 de segunda-feira (28), com um tiro na perna esquerda e outro na coxa, e recebeu alta médica às 15h59 de terça-feira (29). Ele estava internado com seu verdadeiro nome e teria sido até localizado por policiais federais na unidade, mas os agentes estavam sem mandado de prisão. Ainda segundo a assessoria da unidade, Vitor chegou ao hospital em um Ford Fiesta cinza (placa JPG-2260), acompanhado de uma adolescente de 15 anos, que se identificou como sua esposa. Ele estava sem documentos, mas tanto na ocorrência registrada e no prontuário médico constavam o seu nome verdadeiro completo. Pela ocorrência, ele teria sido baleado na 1ª Travessa, em Cosme de Farias. Imagens do circuito de segurança do hospital foram solicitadas pela polícia.
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Idenivaldo e Paulo, comparsas de Vitor no assalto (Foto: Betto Jr) |
Outros suspeitos Pela manhã, na apresentação de Idenivaldo e Paulo, a polícia informou que uma dív
ida do tráfico teria sido a motivação do assalto. Paulo teria confessado o crime. “Ele disse que o motivo foi uma dívida de R$ 600 que tinha com traficantes. O Idenivaldo também disse que estava endividado”, afirmou o delegado Odair Carneiro. Idenivaldo é dono do Gol prata usado na ação, já apreendido. Ele foi o primeiro a ser preso, em Camaçari, na segunda-feira (28). Já Paulo, segundo o delegado, se entregou na quarta-feira (30), no DHPP. Carneiro disse que o trio se conheceu em Cosme de Farias, onde os três moram. “Apesar de não terem passagens por crimes, eles já tinham praticado crimes juntos”, disse o delegado. Vitor também teria roubado a arma da vítima, que ainda não foi encontrada. Na casa de Vitor, a polícia encontrou a arma do crime, o revólver 38, tablete de crack e pasta base de cocaína.
* Colaborou Amanda Palma