Por que fui escolhido (ou rejeitado)? Essa é a pergunta que sete em cada dez finalistas de processos seletivos de grandes empresas se fazem depois da divulgação da lista de recrutados. De acordo com pesquisa da consultoria Seja Trainee, quase 70% dos candidatos que chegam à fase final da seleção reclamam da falta de feedback das organizações – o parecer das empresas sobre o desempenho dos inscritos para as vagas de trainees. Especializada na preparação dos candidatos, a consultoria traçou o perfil do candidato ideal e definiu cinco pré-requisitos desse trainee.
Depois de entrevistar 380 finalistas de seleções em todo o país, a Seja Trainee concluiu que a maioria dos candidatos bem sucedidos estudou em universidade pública, fala inglês, estagiou durante a faculdade, já fez intercâmbio e trabalhou como voluntário. A média de idade dos entrevistados foi de 23 anos e 61% disseram valorizar o treinamento das empresas. “Percebemos que esse jovem quer uma empresa que invista nele e no seu crescimento”, diz Kleber Piedade, sócio da Seja Trainee. Graduado em administração pela Ufba, o trainee da multinacional de auditoria PwC, Rodrigo Adan, 23 anos, se encaixa no perfil apontado pela consultoria de Kleber. “É fundamental que a empresa seja pontual, organizada, faça bons testes de seleção. O processo seletivo reflete como a empresa é”, opina. Assim como Rodrigo, sete em cada dez jovens que chegaram à última etapa dos processos seletivos estudaram em universidades públicas. “As mais bem qualificadas nas seleções são as federais, com destaque para USP e Unicamp”, diz Kleber. De acordo com o Ranking Universitário Folha (RUF) de 2012, das 50 melhores universidades brasileiras, apenas nove são particulares. As doze mais bem colocadas são públicas, sendo a Ufba a 12ª. A gerente de Estágio e Novos Talentos do IEL, Edneide Lima, lembra, porém, que não basta ter nível superior para se destacar. “Ter um curso de graduação virou algo comum, não é mais um diferencial. O jovem tem que mostrar outros atrativos”. Ela cita ainda o estudo de outras línguas como fator decisivo. “O jovem que tem a segunda ou terceira língua já se destaca”, conta a gerente do IEL. De acordo com o estudo da consultoria, 95% dos finalistas têm domínio do inglês e 28% dos entrevistados falam espanhol. Experiência Além da graduação em faculdade pública e o inglês, outros três itens comuns aos finalistas foram identificados pela Seja Trainee: intercâmbios, estágios e trabalhos voluntários também somam pontos para o candidato. Segundo a pesquisa, 67% dos finalistas já tiveram experiência internacional, 92% estagiaram durante a graduação e 54% realizaram trabalhos voluntários. “Você não precisa fazer tudo. Busque um diferencial com o qual se identifique”, diz a gerente do IEL. Empresa júnior Para Kleber, ter integrado uma empresa júnior é um desses diferenciais. “24% dos entrevistados participaram de empresa júnior. Elas agregam uma série de competências ao candidato, como saber ser dono, trabalhar em equipe e ter mais autonomia”, diz o sócio da consultoria. Trainee da PwC, Rodrigo considera sua passagem pela empresa júnior de administração da Ufba fundamental na sua seleção. “Tive a oportunidade de trabalhar em diversos projetos diferentes, de segmentos de mercados diferentes e com pessoas muito talentosas”, conta. Ele ainda cita como ponto importante na sua formação os feedbacks que recebeu na empresa universitária. “Você pode conhecer seus pontos fortes, fracos e que precisa desenvolver”. Quem não conseguiu a vaga pretendida deve ficar atento a esse retorno da empresa para a qual se inscreveu e trabalhar nas falhas cometidas no processo de seleção. Comportamento A diretora da Oportunidade RH, Rafaela Oliveira, pontua que o comportamento na entrevista pode ser o motivo da rejeição. “Há pessoas com excelentes currículos, mas que não têm uma boa performance”, conta. A trainee da Braskem Patrícia Martins, 24, concorda. “O grande trunfo daquele que é selecionado são suas características interpessoais, como saber se comunicar, trabalhar em equipe, liderar sem se sobrepor e demonstrar curiosidade e jogo de cintura”. Ser pontual, vestir-se bem, e falar de forma clara são algumas dicas da gerente do IEL. “Não pode ser exibicionista e também não pode se ocultar. Tem que se adequar ao ambiente profissional e mostrar que tem vontade de estar ali. O ideal é se colocar no lugar do recrutador. Pensar o que ele quer”, aconselha Edneide. Colega de Rodrigo na PwC, Roberto Tavares, 24, aposta em sua performance para explicar seu êxito na seleção. “Sempre me preparei bem para entrevistas, visando estar pronto responder qualquer questionamento”, diz o trainee, que conta ter estudado os detalhes da empresa antes de ir para o processo seletivo. Remuneração é mais alta no setor de bens de consumo A remuneração de um trainee no Brasil pode variar entre R$ 3 mil e R$ 5,2 mil, de acordo com pesquisa da consultoria Page Personnel realizada no ano passado. Segundo o estudo, o salário muda de acordo com o porte da empresa e com o setor da vaga. Quanto maior a empresa, maior a remuneração. Em uma pequena construtora, por exemplo, o trainee pode receber de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil. Já em uma de grande porte, o salário do jovem pode chegar a R$ 5 mil. A área que paga melhor é a de bens de consumo, com remuneração que varia entre R$ 3,9 mil e R$ 5,2 mil. Esse setor é seguido por construção civil e financeiro. As empresas de saúde, indústrias e varejo são as que pagam menos. Mesmo assim um trainee que trabalha na área de vendas pode chegar ganhar R$ 4 mil, segundo o estudo da Page Personnel. Apesar dos valores atrativos, a pesquisa da Seja Trainee revelou que o alto salário não é o principal item que pesa na escolha do jovem sobre qual processo seletivo irá fazer. A maior parte dos entrevistados citou o treinamento oferecido pela empresa como fator mais importante. O Job Rotation (transição entre as áreas da empresa) foi citada por 54% finalistas de seletivas e o programa de Coaching e Mentoring, por 52%.
Rodrigo Adan e Roberto Tavares se tornaram trainees da PwC por reunir qualidades procuradas |
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