O aumento da renda das classes C e D em cidades do interior baiano e a demanda reprimida por produtos diferenciados têm levado novas marcas que funcionam por meio de franquias a expandir os seus negócios para além da capital. Franquias de setores como alimentação, vestuário e educação começam a se voltar para o interior. Seis empresas ouvidas pelo Correio preveem, juntas, a abertura de pelo menos mais 100 unidades nos próximos cinco anos. Com isso, o investimento privado previsto, por parte dos franqueados, é de aproximadamente R$ 7 milhões, sem computar o valor gerado pelas novas transações comerciais. Cidades como Barreiras, Vitória da Conquista, Juazeiro, Senhor do Bonfim, Irecê, Camaçari, Simões Filho, Paulo Afonso e Lauro de Freitas estão na rota das empresas que apostam no franchising. “A população do interior do estado está ganhando força de compra. Temos que colocar a nossa marca onde tem consumo. Se tem uma cidade com força de consumo, a marca tem que estar presente”, disse Sylvio Korytowsk, diretor de expansão da Hope, empresa do segmento de vestuário e acessórios especializada em lingeries. A marca, que tem ampliado a participação no Nordeste como um todo, possui seis lojas em Salvador e, desde o ano passado, começou um projeto de expansão para o interior. “Em 2012, abrimos uma franquia em Feira de Santana. Agora, pretendemos abrir duas novas lojas em Barreiras e Vitória da Conquista”, contou Korytowsl. A Hope possui 118 unidades no Brasil todo e chegou à Bahia em 2008. No Nordeste, são 16 lojas. “Até o final de 2015, queremos chegar a 68 lojas. Muitas delas serão em cidades do interior baiano”, afirmou. O segmento alimentício é um dos que mais têm crescido no interior. Um exemplo é a rede Mr. Mix Milk Shakes, especializada em sorvetes e sobremesas. Além de Salvador, a empresa com origem em Paulínia (São Paulo) já tem unidades em Camaçari, Simões Filho, Paulo Afonso, Lauro de Freitas, Juazeiro e outros. Atraída pelo aumento da renda das classes C e D, a empresa adaptou o modelo de franquias para cidades menores este mês. “Até junho, nós só abríamos franquias em municípios com populações a partir de 50 mil habitantes. Agora, baixamos esse critério para 30 mil”, contou ao CORREIO o gerente de expansão do grupo, Ricardo Almeida. Segundo o gestor, a expansão pelas cidades do interior, que começou há cerca de um ano e meio, não vai parar. “Além de uma nova unidade em Salvador, abriremos franquias em Serrinha, Vitória da Conquista, Barreiras, Feira de Santana, dentre outros”, afirmou. “No total, temos a previsão de comercializar 12 novas franquias ainda este ano, para funcionar até o início do ano que vem”, completou Almeida. Outras marcas A expansão da rede portuguesa de costura Arranjos Express prevê chegar a todos os estados do Brasil em um período de três anos. A rede, que oferece os serviços de costureira doméstica, inaugurou suas atividades no Nordeste, recentemente, com três unidades em Salvador. Agora, pretende inaugurar mais 40 unidades no interior baiano até 2016. A Arranjos Express possui 29 lojas em Portugal. No Brasil, está presente em seis estados e em processo de implantação em outros três. A maior demanda do interior por educação e qualificação profissional também tem atraído empresas do setor educacional. É o caso do Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), rede de franquias de cursos profissionalizantes com origem no Paraná. O grupo pretende abrir 50 unidades no interior da Bahia nos próximos cinco anos. “Já temos uma unidade em Salvador e mais uma em implantação, mas o interior do estado tem se tornado mais atrativo, porque existe uma maior carência em mão de obra qualificada”, explica o diretor de expansão do Cebrac, Fábio Meneses. Atualmente, duas unidades estão em fase de implantação em Alagoinhas e Luis Eduardo. “Também pretendemos abrir unidades em cidades como Ilhéus, Vitória da Conquista, Feira de Santana e Itabuna”, enumera Meneses. “São locais cuja economia está crescendo e a necessidade de mão de obra qualificada é maior”. Por sua vez, a escola de inglês, espanhol e informática Fisk deve abrir quatro novas unidades nos próximos meses. “Deveremos assinar um contrato em breve para Irecê. Além disso, estamos com negócios em curso em mais três cidades do interior da Bahia que não posso revelar”, contou o CEO da Fundação Fisk Bruno Caravati. Ao todo, as mais de 100 unidades franqueadas previstas para se instalar no interior baiano deverão gerar aproximadamente 1,1 mil empregos, segundo cálculos das próprias empresas. Outra marca do segmento alimentício que planeja expandir os negócios para o interior é a Griletto, empresa de almoços rápidos com origem em Itu, no interior de São Paulo. A empresa já possui duas lojas em Salvador, uma no Salvador Shopping e outra no Center Lapa. “O nosso foco é o Nordeste. O aumento do poder de compra da população nos interessa muito”, disse o gerente de expansão do grupo, Jorge Mariano. Segundo ele, quatro cidades do interior baiano estão nos planos da empresa: Camaçari, Feira de Santana, Lauro de Freitas e Maragogipe, no Recôncavo Baiano, onde a implantação de um estaleiro tem atraído novos investimentos. A empresa Salgados do Brasil, que ainda nem funciona em Salvador, pretende abrir unidades franqueadas na capital, mas também já chega com olhos para o interior. “Já começamos negociações em Luis Eduardo Magalhães, no Oeste do estado, e em Feira de Santana”, afirma o sócio-fundador da rede, Edson Braga. Marcas mais consolidadas como Havaianas, no setor de calçados, e O Boticário, na perfumaria, também têm ampliado seus negócios no interior do estado. Vantagens e custos A contratação de franquias envolve custos por parte do franqueado. O investimento inicial (capital de giro) é de pelo menos R$ 20 mil, a depender da marca. Muitas das empresas também cobram royalties e taxas de franquia. Os franqueados também devem prever pelo menos um ano para o retorno do investimento e incluir nos cálculos gastos com folha de pagamento. Quem já optou pelo modelo aponta vantagens e cuidados necessários. Após abrir unidades da Hope em Salvador, a analista de sistemas Leise Scabini, de 45 anos, resolveu apostar em Feira de Santana no final do ano passado. E garante que o negócio tem valido a pena. “Feira tem um mercado superpromissor”, afirma. “A população tem aumentado a busca por roupas de marca, itens de qualidade, produtos diferenciados”, disse. “As cidades do interior têm a vantagem de serem mercados ainda semiexplorados”, diz a analista de sistemas. Entre as vantagens de trabalhar com o modelo de franquias, ela aponta o menor risco em relação a abrir um negócio próprio do zero. Ela alerta, porém, que a baixa concorrência do interior não dispensa um planejamento detalhado: “É preciso se planejar e fazer pesquisas de mercado antes de abrir uma franquia”, adverte. Matéria original: Correio 24h Aumento de renda e concorrência menor levam franquias para o interior da Bahia
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