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Em tempos de turbulência econômica, quanto menores os custos, maior a probabilidade das empresas sobreviverem. Seguindo essa linha, para reduzir despesas com a venda direta, empresas fecham as portas e apostam no varejo online. Das 600 lojas virtuais da Bahia, 120 (20%) foram abertas no último ano, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Boa parte delas nasceu de empresas físicas que fecharam as portas. A mesma crise gerou oportunidades para que o comércio eletrônico se tornasse um dos principais aliados dos brasileiros na aquisição de produtos. O setor registrou crescimento de 15% no faturamento, movimentando R$ 41,3 bilhões em 2015, segundo o relatório WebShoppers, elaborado pela E-bit/Buscapé. Neste ano, a expectativa é que o e-commerce fature R$ 44,6 bilhões no país, o que representa uma alta de 8% em relação ao período anterior. De acordo com o presidente da ABComm, Mauricio Salvador, o faturamento do setor na Bahia girou em torno de R$ 1,49 bilhões em 2015. “Comprar na web é sinônimo de comodidade. Dá para comprar sem sair de casa”, explica.
Menos encargosO gerente estadual de Acesso a Mercado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Bahia), José Nilo Meira, ressalta que a Bahia é o estado nordestino que mais compra em lojas virtuais . Ele explica que a migração dos empreendedores das lojas físicas para o e-commerce, movimento notório nos últimos meses, aconteceu porque na internet o empreendedor tem menos encargos. “De modo geral, as lojas virtuais são mais baratas. A estrutura física demanda muito custo”, fala. Sócio da loja de presentes Canecas Pontocom (
canecaspontocom.com.br), o baiano Fabio Santana, de 28 anos, fechou seu ponto comercial e resolveu investir só no comércio online. “No ano passado estávamos vendendo quase a mesma coisa nas lojas física e virtual. Teve a crise e o aumento dos custos fixos, como IPTU, luz e aluguel do ponto físico e preferimos fechar”, conta.
Com custos fixos, no ponto comercial ele gastava R$ 1,2 mil . Na época, o faturamento com a loja era de R$ 5 mil no mês. Com o e-commerce ele faturava cerca de R$ 4 mil. Hoje, apesar de continuar com o mesmo faturamento na internet, está investindo mais em atendimento, na logística de entrega e em marketing.
O microempresário espera ultrapassar o faturamento mensal de R$ 6 mil até o final do ano. “Pretendemos expandir para todo o Brasil”, fala. Santana gasta só com o telefone R$ 60 por mês, e com luz, R$ 110 da residência toda. “No site a gente só paga o valor da hospedagem, que é R$ 35, e o domínio (endereço eletrônico), que é anual”, completa. Da web para a praça José Nilo Meira, do Sebrae, ressalta que outro movimento forte nos últimos meses é de empresários que não têm condição de ter uma loja física começarem pela internet e só depois migrarem para a venda direta. “Mesmo quem tem loja física não pode deixar de disponibilizar seus produtos pela internet”, recomenda. A marca baiana de moda pós-praia Marina, por exemplo, começou intermediando as vendas por WhatsApp e telefone, e deve implementar ainda neste semestre a sua loja eletrônica. “Primeiro lançamos a marca para depois inaugurar o site. No futuro, queremos virar franquia”, conta a sócia Melina Pietroluongo.
Entre os cuidados das sócias na montagem da loja virtual está a disponibilização de informações da empresa e a apresentação do produto de forma clara, a oferta de métodos fáceis de pagamento e a atualização constante do site. “Montar loja virtual não é algo fácil”, diz especialista Empreendedores não devem cair na ilusão de que montar uma loja virtual é algo fácil. Pelo menos é o que afirma o idealizador da primeira loja de varejo online do país, Omar Pucci. “Os custos do online estão cada vez maiores. Tem o preço da divulgação, para que as pessoas conheçam sua marca, e as taxas de conversão. Muita gente acha que um e-commerce é solução para todos os problemas, mas não é. Pode ser se você tiver um bom planejamento”, explica ele, que também é fundador da empresa especialista em multicanais Full Commerce Brasil. Pucci acredita que os negócios são mais rentáveis quando possuem mais de um canal de venda. “Quando você está em multicanais, você fortalece sua marca, diminui os custos fixos, aumenta a inteligência e o faturamento”. A principal dica do presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Mauricio Salvador, para quem pensa em abrir um e-commerce, é estudar o mercado. “Converse com pessoas que já tenham lojas e busque informações. Uma tecnologia boa e barata é fundamental para o sucesso nos primeiros anos”, recomenda, acrescentando que o lojista deve procurar por bons fornecedores. O gerente do Sebrae Bahia, José Nilo Meira, ressalta que é importante ter um site amigável, cumprindo com o que promete. “Tudo isso com uma logística eficiente. O comprador precisa ter a certeza de que vai comprar o produto e receber como prometido. A segurança também é fundamental”, afirma.