“É sempre o mesmo ‘oi-oi-oi’ pra fazer essa travessia. Quero saber quem é a Carminha dessa novela?”. Pois é. Após duas horas esperando no Terminal de São Joaquim na manhã de ontem, a administradora Catarina Gomes, 47 anos, arranjou uma forma espirituosa de diminuir a raiva: comparar o ferry-boat com a novela global. Ontem, no pico de saída do feriadão, o tempo de espera para pedestres chegou a três horas. Para veículos, foram sete horas perdidas na fila. “É revoltante essa vida de Tufão”, desabafou Catarina. Sob intervenção do governo após afastamento da concessionária TWB, o sistema operou ontem com apenas dois ferries - Maria Bethânia e Ivete Sangalo. Para tentar diminuir os transtornos, a Agência Reguladora dos Transportes na Bahia (Agerba) colocou à disposição dos passageiros as lanchas Anita Garibaldi e Costa do Sol, com capacidade para 580 pessoas no total.
ParadosO funcionário público Anivaldo Santana, 69, marcou no relógio o horário exato em que entrou na fila. “Cheguei 5h57 na Calçada. Não consegui embarcar até agora, às 9h20. Semana passada, levei seis horas na fila. Tem que botar uma empresa que realmente entenda do assunto para administrar”, disse o idoso, que só conseguiu chegar do outro lado às 13h10. Sem muito jeito para dar, a economista Maria da Glória, 62, lembrava de dias piores. “Já esperei bem mais. Eles colocaram esse apoio (as lanchas), mas não sei se adianta muita coisa. A gente tá num mato sem cachorro”, resumiu ela, que chegou ao terminal às 6h e embarcou às 8h15. Ontem, o diretor executivo da Agerba, Eduardo Pessôa, acompanhou o fluxo de usuários. Ouviu elogios, mas também teve que aguentar muitas reclamações. “Para os carros, a gente já sabia que as filas seriam mais longas, porque não temos novas embarcações. Não podíamos deixar os pedestres esperando mais e colocamos duas lanchas. É uma solução paliativa”, reconheceu o diretor da Agerba. Além da falta de embarcações, outro problema enfrentado pelos passageiros foi a suspensão da venda de passagens por parte da manhã. “Quero viajar, mas não tenho nem o direito de comprar o bilhete. Parou de vender e ninguém fala nada”, criticou o comerciante André Barbosa, 34. Segundo Pessôa, a venda foi suspensa para evitar a superlotação. “O Ana Nery está em manutenção mecânica em um dos eixos e isso atrapalhou o transporte dos passageiros, mas com o retorno da embarcação, vamos reduzir o tempo de espera”. Ele atribuiu a superlotação a uma “migração” de usuários das lanchas que fazem a travessia entre Mar Grande e Salvador, que teve o fluxo interrompido devido à maré baixa. Além disso, o diretor da Agerba voltou a recomendar aos passageiros com veículos que, “se possível”, utilizassem a estrada, o que também serve para o retorno à capital. Entretanto, quem veio de Bom Despacho para Salvador, ontem, afirmou não ter enfrentado filas. “De lá pra cá, está tranquilo. O povo está fugindo de Salvador. Domingo é que o bicho vai pegar na volta”, previu o vendedor Carlos Alberto Dias, 28. ReparosTrês ferries estão docados para reparos na Base Naval de Aratu desde a semana passada. São eles: Agenor Gordilho, Pinheiro e Juracy Magalhães. A previsão é que o Agenor seja o primeiro a voltar a operar, sem dia definido. Quando isso ocorrer, o Rio Paraguaçu será docado. “Entre 30 e 40 dias, serão seis ferries em operação e que não vão quebrar com facilidade”, prometeu Pessôa. As viagens estão sendo realizadas entre 5h e 23h30, nos dois sentidos. De acordo com a Agerba, se houver demanda, novos horários podem surgir. Lanchas autorizadas a atracar em Bom DespachoAlém das lanchas Anita Garibaldi e Costa do Sol, que reforçam o transporte de pedestres neste feriadão, as embarcações que fazem a travessia Salvador-Mar Grande, a partir do Centro Náutico da Bahia, também estão autorizadas a atracar em Bom Despacho. “A gente viabilizou esse procedimento porque, às vezes, o serviço das lanchas é suspenso por causa da maré”, explicou Eduardo Pessôa, diretor executivo da Agerba.
De acordo com a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), uma linha especial com lancha rápida foi criada para reforçar o transporte para Itaparica no feriadão. A passagem custa R$ 25. Além disso, de acordo com a Astramab, 11 embarcações estavam em operação ontem. Quem optou por sair pela BR-324 ou pela Estrada do Coco não encontrou grandes retenções. Matéria original: Correio 24h Com apenas dois ferries, espera chega a 7 horas em São Joaquim
Pedestres tiveram que esperar até três horas para embarcar |
Lancha Anita Garibaldi realiza a travessia entre Salvador e Itaparica para diminuir transtornos do feriadão |
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