O corpo de Kelly Sales Silva, 22 anos, a Kelly Ciclone, foi enterrado em meio a muita comoção no final da tarde desta segunda-feira (18) no Cemitério Municipal de Portão.
Cerca de 150 pessoas acompanharam o enterro - além da família e de amigos, muitos curiosos também estiveram no local. A música "Ciclone", da banda A Bronkka, foi cantada pela multidão durante o enterro. O corpo de Kelly foi liberado do Instituto Médico Legal por volta de meio dia.
Kelly foi assassinada na madrugada desta segunda no centro de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador. Além de apresentar marca de tiros, ela também tinha sinais de espancamento e de ferimentos por faca. O crime aconteceu depois que Kelly saiu do Salvador Fest, onde estava com uma irmã.
A família da jovem acredita na possibilidade de que um ex-namorado tenha matado Kelly Ciclone. A polícia investiga o caso.
'Vida Loka' no crimeKelly Sales Silva ficou conhecida após ser presa em fevereiro de 2010 na festa do pó, na Boca do Rio. Com inúmeras tatuagens - coelho da Playboy, de Chucky, o brinquedo assassino, um dragão que cobria toda a perna e um 'Vida Loka' no cóccix - não se intimidava em postar fotos segurando armas em seu perfil na rede social orkut.
A “lokura” começou com o desfecho trágico de seu primeiro namoro, com Anderson, 17, de quem estava grávida. Depois do fim do namoro, Anderson se suicidou tomando veneno de rato. “Kelly estava com 16 anos e seis meses de gravidez e só falava que ia se matar. Encontramos chumbinho na gaveta dela” , lembrou a irmã Carla Sales, 24.
Kelly começou a ter visões, inclusive jogando o filho pela janela. O garoto tem 5 anos. Nessa época, ela deixou de ser Kelly Sales Silva para se transformar em Kelly Doçura. “Eu namorava com Bombado Doçura, percussionista do Saiddy Bamba, que agora tá no Báck, por isso o apelido”, lembrou à época de sua prisão em 2010. Foi após namorar com o músico que ela ganhou o apelido de Kelly Doçura. Bombado não revelou se Kelly é a chapeuzinho vermelho que inspirou a música Lobo Mau.
Do batuque do pagode, Kelly foi para os pipocos do “berro”. Aos 17 anos ela conheceu e se apaixonou pelo traficante Sidnei Ferreira, que atuava no Garcia, onde os dois moravam. O amor que sentiu por Sidnei foi gravado em seu corpo, em uma tatuagem com o nome do traficante no punho direito. “Sidnei foi o amor da minha vida. Não comando tráfico. Nunca me meti nas coisas dele”, contou Kelly em 2010. Ele foi morto por um policial à paisana há três anos em um assalto a ônibus na Garibaldi.
O corpo de Kelly foi enterrado às 16 horas desta segunda-feira (18), no Cemitério de Portão.
Luto Em seu último registro, Kelly Ciclone aparece no ombro de um homem durante o show da banda "A Bronkka", no Salvador Fest. Hoje, a banda declarou luto pela morte de uma de suas maiores. 'Kelly Cyclone você está em todas", disse Igor Kanário, vocalista da banda de pagode.
A banda A Bronkka se manifestou através de sua empresária Lucy Bomfim, que declarou estar de luto pela morte de uma das maiores fãs da banda. "Toda família A Bronkka está de luto, ela seguia a banda em todos os shows", revelou a empresária.
Lucy também declarou que a música 'Cyclone', um dos sucessos do grupo, não foi feita em homenagem a Kelly. "A música é para mostrar a realidade da periferia que sofre preconceito, não tem nada a ver com Kelly", garantiu.
(Com informações das repórteres Midiã Noelle, Rafaela Ventura e Adriana Planzo)