Um grupo de alunos do campus de Camaçari do Instituto Federal da Bahia (Ifba) acusa policiais militares de agredirem, dentro do colégio, um homem e dois adolescentes que teriam assaltado uma aluna da instituição na tarde de quinta-feira (5). A Companhia Independente de Policiamento Especializado do Polo Industrial (Cipe – Polo), responsável pela abordagem, abriu uma sindicância para apurar o caso. As câmeras do Ifba flagraram parte da abordagem, e o instituto está cobrando esclarecimento da PM e da empresa terceirizada responsável pela segurança do local.
No final da tarde, três estudantes, que estavam em frente à guarita da escola aguardando transporte, presenciaram o momento em que duas viaturas chegaram com cerca de oito PMs. Uma estudante de 17 anos do 2º ano do curso técnico em informática relatou ao CORREIO que um dos policias desceu da viatura e foi até o vigilante. “O vigia disse, ‘pode trazer para cá’, foi quando os policiais entraram com três meninos na instituição”, relata.
(Foto: Divulgação) |
O Ifba confirmou a violência na abordagem e detalhou, em nota, o que registraram as imagens das câmeras de segurança. “Às 17h54, de acordo com vídeos das câmeras de segurança do IFBA Campus Camaçari, policiais chegaram à escola em duas viaturas e entraram com três pessoas não identificadas, empurrando-as de forma violenta, permanecendo na área próxima à guarita”. Os estudantes que viram a ação afirmaram que parte da agressão teria ocorrido dentro da guarita, com as luzes apagadas. “Não dava para entender o que os policiais, que eram altos, falavam, mas dava para perceber que eles estavam dando uma lição de moral, algo como ‘está aprendendo agora?’, enquanto batia nos adolescentes”, completou a estudante.
Depois disso, os policias teriam saído do colégio e continuado as agressões atrás das viaturas, ainda na porta do colégio, segundo relatou os estudantes. O CORREIO esteve no local. Há quatro câmeras de segurança próximo à guarita. O Ifba informou que pelas imagens de segurança é possível perceber que as duas viaturas ficaram por 13 minutos estacionadas. O IFBA não divulgou o vídeo para preservar a imagem dos estudantes. Nele, os PMs não aparecem agredindo os suspeitos.
“Foram mais de dez minutos, os policias davam murros e até choques neles entre as viaturas. Me pareciam adolescentes, um era bem pequeno, estavam sujos, como se a polícia tivesse pegado eles em algum lugar de barro. E eles gritavam para os policias pararem, foi revoltante”, contou outra estudante. Nervosos, os alunos disseram não ter guardado o número da viatura. Segundo o Ifba, as imagens também não permitem identificar os dados do veículo, já que estava escuro.
Prisões
A Polícia Militar informou que prendeu Felipe Fernando Bacelar Santos, 19 anos, junto com um adolescente, na comunidade de Jardim Limoeiro, em Camaçari. Eles foram apresentados no Plantão Metropolitano da Polícia Civil da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas), após serem levados para escola para “reconhecimento”. Eles foram apontados como responsáveis por um assalto a uma estudante no início da tarde, na porta do colégio.
A estudante que teve o celular roubado contou ao CORREIO que um dos assaltantes desceu de um carro Astra e se aproximou dela e de outros dois colegas. “Ele pegou o celular que estava na minha mão, eu estava mandando uma mensagem para minha mãe que estava vindo me buscar, e lá do carro o outro saiu e apontou a arma para a gente”.
Segundo o Ifba, o vigilante que acompanhou a guarnição no final da tarde contou que, aos policiais, os assaltantes confessaram que o plano era assaltar a guarita e roubar as armas dos vigilantes, mas que decidiram roubar o celular na hora da ação. A PM informou que com eles foram encontrados um simulacro de pistola, utilizado no roubo, e três aparelhos celulares.
Segundo o Departamento de Comunicação da Polícia Civil, não foi expedido perícia de lesão corporal para Felipe nem para o adolescente apreendido e nem houve registro na ocorrência de lesões aparentes. O adolescente foi encaminhado para o Ministério Público e Felipe foi liberado pela Justiça, na manhã desta sexta-feira (6), após passar por uma audiência de custódia.
Em nota, o Ifba repudiou a abordagem no ambiente da escola. “A Direção Geral do Ifba Campus Camaçari, em nome do Diretor Geral Affonso José de Sousa Alves Filho, informa que a instituição não concorda com nenhum tipo de violência. O Ifba Campus Camaçari declara que todas as formas de agressão e violência devem ser prevenidas”. Uma reunião foi agendada para a segunda-feira (9) entre a diretoria do Ifba e o comando da Cipe-Polo.
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Redação iBahia
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