Empresário do setor de supermercados, o ex-prefeito de Mata de São João João Gualberto está percorrendo a Bahia, divulgando sua candidatura e conhecendo melhor os problemas do estado. Os oito anos à frente da prefeitura de Mata de São João foram sua primeira experiência política e, apesar de ainda pouco conhecido no estado, ele garante que sua pré-candidatura pelo PSDB é para valer. Ele confia na força nacional do partido para ser o principal candidato oposicionista. “Não tem por que o PSDB não ter candidato na Bahia. Esse negócio de união de oposições é muito bom para o segundo turno”, afirma Gualberto, lembrando que a eleição presidencial influi na eleição na Bahia e apostando nas indicações das pesquisas de que os eleitores querem novidades na política. “As pessoas estão querendo, de fato, nesse momento - e as ruas mostram isso - é uma pessoa nova, com histórico decente”, afirma o tucano que mostra-se orgulhoso da gestão em Mata de São João (“Nós, realmente, transformamos a cidade”) e é duro nas críticas ao governo Jaques Wagner (“ele quebrou o estado que está sem dinheiro para nada”).
O senhor é, dentre os pré-candidatos ao governo da Bahia, o nome menos conhecido. Isso o preocupa?Na verdade, os mais conhecidos são aqueles que foram candidatos em 2010, né? Quem foi candidato tem um recall maior, claro, natural. Mas, quando você vê a pesquisa, vários estão com 1%, como o Marcelo Nilo (PDT), que é deputado há não sei quantos anos, o Gabrielli, que foi presidente da Petrobras. As pessoas estão querendo, de fato, nesse momento - e as ruas mostram isso - é uma pessoa nova, com histórico decente. E eu, como político, tenho apenas dez anos. É claro que sou menos conhecido. O senhor tem feito algum trabalho para se tornar um nome mais conhecido no interior do estado?Olha, eu tenho visitado todas as cidades, mas não só para ser conhecido, mas para conhecer, de fato, os problemas da Bahia. Eu acho que nesse primeiro momento qualquer candidato tem que estar preocupado é com: “Bom, se eu ganhar a eleição, o que é que eu vou fazer?”. Então, é isso que a gente tem feito, aprofundando os conhecimentos, buscando os problemas da Bahia, procurando estudar as soluções. Nessas caminhadas pelo interior, quais os problemas que o senhor tem encontrado e quais soluções poderiam ser bandeira da campanha para o governo?Eu acho que não tem uma bandeira, uma questão apenas. Nós temos problemas de segurança pública muito sérios, nós temos problemas de mobilidade urbana em todo o estado. Você vê cidades hoje de 60 mil habitantes que já têm problema de mobilidade urbana. Nós temos um problema sério na educação. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Estado está em 3.0, quando em 2009 era de 3.1, então piorou muito. Segurança pública, nós saímos de 25 assassinatos por cada 100 mil habitantes em 2005, ou seja, quando Wagner assumiu o governo, e hoje nós estamos com 37, 38 assassinatos por cada 100 mil habitantes. Nós temos um problema de saúde gravíssimo em todo o estado. Não é só nas cidades pequenas, as cidades distantes da capital. Realmente, nesses últimos anos, a Bahia ficou num atraso muito grande. O senhor foi prefeito de Mata de São João durante oito anos. Como avalia o seu governo? O que gostaria de levar dessa experiência para o governo?As pessoas costumam falar: “Ah, mas Mata de São João é um município muito pequeno”. É um município, realmente, de 41 mil habitantes. Mas, igual a Mata de São João, existem vários municípios na Bahia. E prefeitos que começaram junto comigo, em 2005, e que nada fizeram nos seus municípios. Se você olhar os municípios vizinhos nossos, Dias D’Ávila, Pojuca, municípios com a população parecida, com a receita parecida, não aconteceu nada nesses últimos oito anos. Em Mata de São João, nós deixamos a educação, que era o pior Ideb da Região Metropolitana, em primeiro lugar. Na saúde, deixei com 100% de cobertura de Saúde da Família, com hospital novo construído. Pavimentamos quase todas a cidade, fizemos sistema de abastecimento sanitário. Camaçari até hoje não tem sistema de esgotamento sanitário. Em entrevista ao CORREIO, o pré-candidato do PMDB, Geddel Vieira Lima, disse que a oposição marcharia unida. Mas o PSDB pretende lançar uma candidatura própria. Como vai funcionar?O PSDB é o único partido de oposição nos últimos anos. Nós temos chance real de ganhar a eleição para presidente, com Aécio. Acho que é o candidato da oposição que se apresenta como uma coisa nova. Minas Gerais deu um salto muito grande no governo de Aécio, continua com o governo do PSDB de Anastasia. Então, temos chance real. Não tem porque o PSDB não ter candidato na Bahia. Aliás, esse negócio de união de oposições é muito bom, mas isso é para conversar no próximo ano. E para o segundo turno. Eu acho correto justamente que o PMDB tenha um candidato, o DEM tenha um candidato para governador, o PSDB com um candidato, a Lídice candidata, quem sabe o Otto candidato. Seria muito bom para a democracia, muito bom para a Bahia. O senhor citou o trabalho de Aécio Neves: o fato de ter um nome nacional pode ajudar na disputa estadual?Claro. Na Bahia, historicamente, o candidato a presidente puxa a eleição do candidato a governo do estado. Veja aí o Wagner ganhar duas eleições. Fez um governo sofrível, e conseguiu se reeleger. Claro que foi em função do candidato a presidente. Primeiro, foi Lula e agora, em 2010, Dilma. Mas, apesar de ter sempre candidato a presidente, o PSDB não teve candidato a governador nas últimas eleições. Por que mudar agora?A última vez que a gente teve um candidato para o governo da Bahia foi o Jutahy, se eu não me engano, em 1994. Então, já são 20 anos que não temos candidato. O PSDB achou que, nesse momento, é importante ter candidato e eu estou preparado para isso, me preparando cada vez mais para ser candidato. Vários partidos aqui não lançaram candidato também: o PP, o PR, o PDT. Espero que esses partidos também lancem, eu acho que é importante que os partidos estejam disputando eleição, estejam mostrando programa de governo. Isso é bom porque engrandece a democracia, engrandece a disputa eleitoral e é muito bom para a Bahia. Mas o senhor já tem tido conversas com lideranças de outros partidos para apoiar sua candidatura? Não, porque, nesse momento, os partidos grandes e médios, todos têm candidatos. Se você ver, o PDT tem o candidato Marcelo Nilo, o PSB tem Lídice como candidata, o PMDB tem candidato, o DEM tem candidato. Eu acho que só vai se conversar em aliança a partir de abril, maio, quando a coisa começa a clarear e vamos ver quem, de fato, vai ter candidato. O PSDB, eu lhe garanto que vai ter candidato. Seu nome já é unanimidade dentro do partido?O PSDB não tem disputa interna alguma. Quando eu fui escolhido, em março, como pré-candidato, nenhum membro do PSDB questionou a minha legitimidade em ser o pré-candidato ao governo pelo PSDB. O senhor é empresário. Quais as diferenças e as semelhanças que o senhor vê entre administrar uma empresa privada e a administração pública?A grande diferença de um gestor de um estabelecimento privado é que, quando ele planeja, tem que executar. Alguns gestores públicos não têm o compromisso de executar os projetos. Não tem crime maior do que essas obras inacabadas. Veja o que acontece com esse parque eólico lá em Caetité. Ele está todo pronto - o dinheiro lá investido foi da iniciativa privada. Só que o governo paga hoje R$ 36 milhões por mês para as pessoas que investiram, e o parque não está gerando energia para o povo. Não tem coisa pior que o dinheiro público investido e a obra parada. Não existe isso na iniciativa privada. Não tem como você começar a construção - no meu caso, por exemplo, no supermercado - e parar na metade. Aécio e outras lideranças de seu partido têm defendido o fim da reeleição. O senhor é favorável à reeleição?Não tenho uma opinião formada ainda sobre a reeleição. Mas tenho ouvido muitas pessoas falarem que a reeleição é ruim porque o candidato só pensa na sua reeleição e não pensa no governo. Depende do candidato. Por exemplo, agora, há alguns estados em que a questão é a reeleição e, outros estados, a questão é a sucessão. Na Bahia, é sucessão: toda a máquina do governo está voltada para apoiar o candidato do PT. Então, não tem muita diferença de uma sucessão e uma reeleição. Por exemplo, o governo Lula acabou quando ele pensou na sucessão. Tudo foi voltado para Dilma. Dilma, de repente, era a melhor gestora do Brasil, que era a mãe do PAC. Não era nada disso como está provado hoje. A máquina do governo foi voltada para a sucessão, assim como a da Bahia hoje. Eu acho que o problema do Brasil não está na reeleição. Eu acho é que tem muita eleição. Temos que coincidir as datas de todas as eleições. Não é possível a cada dois anos ter uma eleição. Quais os seus planos até a definição da campanha?Vou continuar percorrendo toda a Bahia, aprofundando meus conhecimentos sobre os grandes problemas do estado para apresentar um programa de governo no ano que vem. A Bahia sofreu muito nesses últimos anos, realmente sofreu muito em todas as áreas. Wagner quebrou o estado, que está sem dinheiro para nada. Matéria Original: Correio 24hEntrevista: João Gualberto diz que 'PSDB vai ter candidato a governador da Bahia'
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