O que você prefere ganhar: dinheiro ou uma nova responsabilidade? À primeira vista, é difícil acreditar, mas a maioria dos entrevistados de uma pesquisa divulgada esta semana respondeu a segunda opção. O estudo da Page Talent – consultoria especializada em recrutamento e seleção de estagiários e trainees – apontou que 54% dos jovens estão mais motivados a conquistar novas atribuições e responsabilidades dentro das empresas a compensações financeiras. Outros 29% disseram que preferem ganhar benefícios (viagens, prêmios, dias livres) como reconhecimento. E apenas 17% estão focados na parte econômica como recompensa. A pesquisa foi realizada em junho de 2013 com 550 entrevistados, com idade entre 18 e 24 anos. ExplicaçõesSegundo a gerente da Page Talent, Manoela Costa, a constatação da pesquisa já era percebida no mercado de trabalho. Enquanto no passado, a geração X queria uma carreira estável, em que passava anos na mesma empresa e com o tempo alcançava um salário sustentável, essa mesma geração, hoje, está antenada. “Até a geração mais velha quer atrelar sua carreira a critérios como desenvolvimento, autonomia e responsabilidade. Eles estão informatizados e conectados à tecnologia”, acrescenta Manoela. Apreciar a valorização através de novas responsabilidades e benefícios não significa que os jovens profissionais não liguem para o salário. O valor do salário só não é prioridade na escolha do emprego. “Eles esperam um salário coerente, justo, de acordo com as atribuições que eles têm. O reconhecimento financeiro será um resultado”, reforça a gerente da Page Talent. “Na visão dos jovens, o bônus financeiro deveria vir com o tempo, como reconhecimento pelo trabalho e pelos resultados. O bônus financeiro já é esperado, por isso nem todos o consideram como uma conquista”. Sobre a valorização de benefícios, como viagens e prêmios, Manoela atribui que a preocupação com a vida pessoal reflete diretamente na qualidade de vida. “Os jovens querem cada vez mais essa qualidade de vida enquanto estão trabalhando. Eles não pensam mais: quando eu tiver 60 anos é que eu vou viajar”, exemplifica a gerente. Ela diz que essa mesma mudança também está sendo sentida pelos gestores, que não se veem mais como escravos do salário, mas sem nenhum tempo para o lazer. “As empresas já perceberam isso, por causa da necessidade de reter talentos. Eles sabem que esses jovens trazem inovação. E se eles perderem um jovem engenheiro, por exemplo, eles terão dificuldades para encontrar um pleno. Por isso, estão se adaptando a esses critérios dos jovens”, analisa Manoela. Presidente da Elancers, empresa líder no mercado de sistemas de recrutamento e seleção, Cezar Tegon avalia a pesquisa de outra forma. “Não estamos falando da massa de trabalhadores de 18 a 24 anos, mas de formandos e formados que, primeiro, querem investir na carreira, ganhar qualificação, para depois ter mais condições de batalhar por cargos com melhor remuneração”, ressalta. Segundo ele, outro aspecto importante é que esse grupo de pessoas normalmente tem um respaldo maior da família, o que permite que eles foquem primeiro no aprendizado. “Essas pessoas, geralmente, podem fazer isso. Por terem o apoio financeiro da família, ainda não estão procurando propriamente um emprego”, completa. Para a jovem Raiane Pinheiro, 22 anos, os novos desafios e responsabilidades são muito importantes. Mas ela também não abre mão de um reconhecimento em dinheiro. “Ter responsabilidades colabora para o nosso crescimento e para termos mais maturidade. Você aprende e fica mais seguro para liderar alguma coisa”, diz a técnica em processos químicos, que hoje trabalha na operação da Petrobras. “No meu emprego anterior, faltavam as duas coisas: compensação financeira e novos desafios”, lembra. Bastante focada na carreira e no crescimento profissional, além de trabalhar, Raiane faz faculdade de Geofísica à noite. “Escolhi esse curso porque quero crescer na área de exploração de petróleo. Na Petrobras, ou em outro lugar”. Lista das melhores para trabalhar sai em novembroAs cem melhores empresas para se trabalhar na Bahia serão conhecidas em novembro. A Great Place to Work (GPTW), consultoria especializada em ambientes de trabalho, com atuação em 49 países, está avaliando, pela primeira vez, as melhores práticas das empresas instaladas na Bahia, que se inscreveram no programa, além de aspectos do mercado de trabalho baiano. As inscritas que não ficarem entre as cem não terão o nome divulgado. O objetivo é apresentar um guia ao trabalhador do estado com esses locais e suas políticas. A ação é uma parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (seccio- nal-Bahia) e o CORREIO. Matéria original: Correio 24h Jovens preferem novos desafios dentro das empresas a benefícios
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