O secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, voltou atrás e apagou das redes sociais uma publicação em que citava Mãe Bernadete, nesta sexta-feira (18), depois de receber críticas pelo conteúdo. Na postagem, uma homenagem feita para a yalorixá e líder quilombola, que foi assassinada na quinta (17), foi usada para divulgar a entrega da obra de uma escola.
"Hoje é um dia em que nos dividimos entre a tristeza e a alegria. A tristeza motivada pelo inaceitável crime que ceifou a vida de Mãe Bernadete e para o qual o [Governo] está mobilizado em busca de justiça. E a alegria, vinda do orgulho em chegarmos à marca de 100 municípios visitados pelo governador em pouco mais de sete meses, com importantes entregas para baianas e baianos", escreveu o secretário.
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A homenagem foi feita pelo governador Jerônimo Rodrigues durante o evento de divulgação do serviço, no município de Antônio Gonçalves. Com uma foto da líder quilombola ao fundo, o governante anunciou a entrega e falou sobre o crime. Horas depois, a situação foi pauta para o secretário, que o acompanha na viagem ao interior do estado.
A publicação chegou a ficar no ar por cerca de 2h. Ao longo desse período, segundo apurou o iBahia e o g1, alguns seguidores pontuaram o desconforto com a relação feita por Bruno Monteiro nos comentários, que foram apagados, até que a postagem foi excluída. No Twitter, algumas outras pessoas postaram prints do conteúdo e comentaram a situação.
"Que comentário é esse? Vai falar do assassinato de Mãe Bernadete e mete o puxa-saquismo no meio! Asqueroso!", disse um internauta. "Quando você pensa que viu de tudo, vem o secretário de Cultura da Bahia, o gaúcho Bruno Monteiro, mostrar toda a sua sensibilidade pela morte de Mãe Bernadete nas redes sociais", escreveu outro.
Crime
Mãe Bernadete foi morta dentro da casa onde vivia, na Base Comunitária do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. Dois homens usando capacetes entraram no imóvel, fizeram familiares dela reféns e fugiram levando celulares após o assassinato. A suspeita inicial é de que o caso esteja ligado a tentativas de invasão e ocupação de terras na região.
Em 2017, o filho da religiosa foi assassinado na localidade. Na época, ele também era líder da comunidade. Os casos estão sob investigação da Polícia federal. Quase 6 anos depois, a morte de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, ainda não foi solucionada.
Além da PF, a Polícia Civil também apura a morte de Mãe Bernadete. Mais cedo, a Polícia Civil informou em coletiva que as armas utilizadas no assassinato da vítima são de uso restrito. Investigações preliminares indicam que a yalorixá e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares foi morta com tiros de calibre 9mm.
Ainda de acordo com a polícia, não há uma linha de investigação definida. Com isso, não está descartado que os crimes tenham correlação. Uma equipe multidisciplinar da Polícia Civil está trabalhando na investigação do caso.
