Entre os desafios econômicos para 2014 colocados para empresas e trabalhadores está o de garantir a produtividade em um período que inclui mais festas e feriados que o habitual. Será mesmo difícil canalizar as energias para o trabalho quando o pré-Carnaval se estenderá por quase três meses, pois a terça-feira gorda cairá apenas em 4 de março. Logo depois, entre junho e julho teremos a Copa do Mundo de Futebol disputada no Brasil. Salvador é uma das subsedes e, como ocorreu na Copa das Confederações, literalmente deverá parar, seja por decreto de feriado, seja por manifestações ou protestos e, claro, por festas de torcedores.
Dois meses depois, a partir setembro, corações e mentes estarão ocupadas em decidir o voto para presidente, governador, senador e deputados federal e estadual. Se disputada em dois turnos, a eleição ocupará ainda todo o mês de outubro, restando apenas novembro, que começa depois do dia 2, e a primeira quinzena de dezembro, uma vez que de 16 a 31, todos estarão envoltos no clima natalino e nos preparativos para o início de 2015. Mês PerdidoO presidente do Sindicato da Indústria de Construção do Estado da Bahia (Sinduscom), Carlos Vieira Lima, está descrente em relação ao resultado de 2014. “Junho está perdido”, decalrou enquanto previa que muitas obras ficarão paralisadas durante a Copa. “As empresas estão tentando incorporar estes dias de feriado compulsório em seu planejamento, mas é difícil, pois ninguém sabe se haverá protestos e qual será o tamanho deles”, disse. Vieira Lima afirmou que o Sinduscom não estimou o prejuízo da possível paralisação do setor durante a Copa - “cada projeto tem sua necessidade e seu compromisso”, justificou - mas garantiu que o fluxo de caixa das empresas não deve ser prejudicado. O motivo: as eleições. “A tendência em ano eleitoral é que os governos sejam mais ágeis em medições e pagamentos de obras. Há ainda a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que impede que gestores deixem dívidas para o sucessor”, explicou. Subverter o natural Para lidar com o mesmo problema, a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário de Salvador (Ademi) elaborou a estratégia de intensificar lançamentos e esforços de venda para os primeiros meses do ano, segundo declarou o presidente da entidade Nilso Sarti. “Temos que subverter o natural. Temos de começar o ano firmes e fortes”, falou. “Dois mil e quatorze é ano de reação do mercado imobiliário, vai ter mais lançamentos que em 2013. Nosso objetivo é aproveitar os finais de semana para fechar o máximo de vendas”, completou, lembrando que a comemoração do São João vai reforçar as paralisações esperadas para os dias da Copa do Mundo. Para Sarti, as obras e as corretoras devem procurar reprogramar as horas paralisadas para recuperar o prejuízo, mesmo sabendo que em dias de feriado, os empresários pagam em dobro pela jornada de trabalho. Apesar destas observações, o presidente da Ademi não se diz muito preocupado com possíveis atrasos na entrega de apartamentos. “Claro que existem riscos de queda de produtividade, que já não é boa, mas se deve ter em mente que o atraso na entrega das unidades prejudica tanto o incorporador quanto o cliente. O incorporador paga juros sobre todo o saldo da dívida que tem com o banco”, explicou. ComércioDo lado do comércio, o que mais preocupa é o prejuízo financeiro. Se por um lado o Verão mais longo pode ampliar gastos de consumidores em bares, restaurantes e lojas; por outro, os possíveis feriados em dias de jogos em Salvador vão impactar negativamente as vendas. Por isso, entidades ligadas ao setor já se reuniram com representantes da prefeitura de Salvador em três oportunidades com o objetivo de evitar o decreto de feriado. “Em junho, com feriados de São João e dos jogos da Copa só teremos oito dias úteis. E isso em um mês que tradicionalmente é bom para o comércio”, listou Geraldo Cordeiro, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Savador (CDL). Como deve acontecer no ramo da construção civil, Cordeiro garantiu que os empresários do comércio estão dispostos a abrir as portas em caso de feriado, arcando com o custo adicional no pagamento das horas de trabalho dos comerciários, pois pela convenção coletiva, o pagamento por horas trabalhadas em domingos e feirados é acrescido em 100%. Mas o cenário piora ainda mais para donos de lojas quando se leva em conta que não há garantia de vendas, mesmo com a cidade cheia de turistas como preveem as autoridades governamentais. Em caso de feriado, os custos adicionais serão repassados ao consumidor, que pode não pagar pelas mercadorias encarecidas. Depois, a experiência tem mostrado que o turista que visita Salvador gasta pouco na cidade. E, também, os protestos, se ocorrerem, vão impedir a circulação das pessoas, principalmente se seguidos de atos de violência e vandalismo. “Na Copa das Confederações, os protestos deixaram um lastro de destruição nas lojas da Avenida 7 de Setembro. Já as lojas dos shoppings não venderam porque as pessoas, com medo, ficaram em casa”, lembrou. “Mas somos otimistas e trabalhamos para que os feriados não aconteçam e torcemos que os protestos não sejam violentos. Vamos focar no pensamento positivo”, falou, rindo. Matéria original: Correio 24h Ano atípico com verão longo, Copa do Mundo e eleições são desafios à produtividade em 2014
Para Nilson Sarti (à esq), presidente da Ademi-Ba, a estratégia é antecipar lançamentos. Geraldo Cordeiro, presidente da CDL de Savador (CDL), quer evitar feriado em dias de jogos da Copa do Mundo |
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