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Brasil pode ter 300 casos suspeitos: saiba tudo sobre a doença

Guia mostra como o vírus se propaga, os casos pelo mundo, o que fazer para se proteger e os efeitos para os países, das finanças ao esporte

Redação iBahia • 29/02/2020 às 17:49 • Atualizada em 02/09/2022 às 2:56 - há XX semanas

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Surgido no fim de dezembro em Wuhan, na China, o novo coronavírus já infectou mais de 80 mil pessoas e matou quase 3.000, a maioria dentro do país asiático.

No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em São Paulo na última quarta-feira. Trata-se de um empresário de 61 anos que viajou a trabalho entre os dias 9 e 21 de fevereiro para o Norte da Itália, a região europeia com o maior número de casos da doença.

Diante do avanço da epidemia pelo mundo, o guia abaixo orienta como se proteger. Entenda também os impactos para os países, das finanças ao esporte.

Saiba o que é o vírus e como se proteger
Os coronavírus são vírus que causam infecções respiratórias como o resfriado comum. Variedades mais agressivas do vírus podem causar pneumonia e síndromes agudas, como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa) e a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).

A epidemia que ocorre agora com epicentro em Wuhan, na China, é causada especificamente pelo coronavírus Sars-CoV-2.

Como é o contágio?
Normalmente ocorre pelo ar, por meio de gotículas expelidas na respiração. Há suspeita de que o vírus também se transmita por aerossol (gotículas microscópicas) ou por contato direto ou indireto com secreções. Mas ainda não há detalhes sobre a rota de transmissão do novo coronavírus.

Quais são os sintomas?
Um estudo chinês apontou que os contaminados sofrem com alguns sintomas como febre, tosse, fadiga muscular e Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). A SDRA é um tipo de insuficiência respiratória que causa acúmulo de líquidos nos pulmões e redução dos níveis de oxigênio no sangue.

Outros sintomas como diarreia, tosse com sangue, dor de cabeça e dor de garganta ocorrem apenas em um pequeno número de pacientes.

Como se proteger?
Ainda não há vacina contra a doença Covid-19, pois a elaboração da imunização pode levar mais de um ano. O Ministério da Saúde recomenda evitar contato com pessoas que tenham sintomas e redobrar cuidados com higiene.

Devo usar máscara?
Neste momento, não é necessário o uso de máscaras — apenas para pessoas que tenham contato com uma pessoa contaminada, a exemplo de profissionais da saúde.

É curável? Existe tratamento?
Não há ainda drogas com eficácia comprovada para tratar o coronavírus. Muitos dos pacientes acabam se recuperando espontaneamente, com o patógeno eliminado por seu próprio organismo. Alguns pesquisadores estão testando a eficácia de antivirais contra outros patógenos, como o HIV, para atacar o coronavírus, mas ainda não há eficácia comprovada.

Quão letal é o vírus?
Segundo pesquisa da Capital Medical University com a Qingdao University, um a cada cinco (21%) pacientes do novo coronavírus tem complicações mais graves. No entando, a mortalidade não passa de 5% - em geral, as vítimas são idosos ou pessoas com alguma debilidade de saúde.

Há chances de pessoas sem sintomas espalharem o vírus?
Sim, mas ainda não se sabe exatamente qual o período de incubação. Um chinês apresentou sintomas após 27 dias. Isso significa que o período de incubação do vírus pode ser bem maior do que 14 dias, como havia sido calculado inicialmente. Especialistas estimam que uma pessoa infectada possa transmitir o vírus, em média, para dois ou três indivíduos.

Como a epidemia começou?

A origem da epidemia da Covid-19 foi rastreada a um mercado de Wuhan, na China, que vendia alimentos e animais vivos. Um vírus que provavelmente tem como hospedeiro natural os morcegos pode ter infectado algum outro animal silvestre que era exposto no mercado. Já se levantou suspeitas ainda não comprovadas contra peixes e cobras.

Governo vai antecipar vacinação contra gripe

No último balanço do Ministério da Saúde, divulgado nesta quinta-feira, O Brasil registra 132 casos suspeitos para o novo coronavírus. Os dados foram atualizados até o meio-dia desta quinta e não incluem outras 213 notificações ainda em análise pela pasta, o que projeta um total de 300 diagnósticos em análise pelo governo.

— Esse número 132 precisa de uma correção. Ele não é definitivo. É muito maior que 132 — disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo. — Na verdade, estamos hoje perto de 300 casos suspeitos.

No balanço da véspera, na quarta, eram 20 suspeitos e 59 descartados, além de um caso confirmado. O único brasileiro diagnosticado com o Covid-19 é um empresário de 61 anos, morador da capital paulista.

Dos 132 casos suspeitos, três são de pessoas que tiveram contato com o empresário. Outros 121 são de pessoas que viajaram recentemente para países onde há transmissão do vírus. O restante é de quem não viajou, mas teve contato com outros casos suspeitos. Todos eles apresentaram sintomas da doença.

Uma das estratégias adotadas pelo governo para conter o coronavírus é antecipar para 23 de março a campanha nacional de vacinação contra a gripe. De acordo com o Ministério da Saúde, a campanha seria realizada em abril, mas foi antecipada após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil.

Serão disponibilizadas 75 milhões de vacinas pelo Butantan, uma produção recorde, segundo as autoridades de saúde. Em 2019, o Instituto Butantan forneceu ao Ministério da Saúde 65 milhões de doses da vacina influenza trivalente (H1N1, H3N2 e B).

Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a vacina dá cobertura de 80% contra cepas de influenza, "que são milhares de vezes mais comuns". Apesar de serem vírus diferentes — a gripe é causada pelo influenza, principalmente os subtipos A e B — os sintomas são parecidos e podem deixar a população confusa e sobrecarregar o sistema de saúde.

O infectologista e epidemiologista Celso Ramos Filho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica por que é importante tomar a vacina contra a gripe em tempos de coronavírus:

— (A vacinação) reduziria a carga sobre os hospitais, pois menos gente desenvolveria casos graves de gripe. Não há vacina contra o coronavírus. Então qualquer um pode adoecer e procurar um hospital. Mas, se reduzirmos os casos de gripe, causados por vírus influenza, teremos menos gente precisando recorrer a hospitais e abriremos espaço para os casos de Covid-19.

Público-alvo
No ano passado, a recomendação era vacinar crianças de seis meses a menores de seis anos; mulheres que deram à luz há menos de 45 dias; idosos; profissionais de saúde; professores da rede pública ou privada; portadores de doenças crônicas; povos indígenas; pessoas privadas de liberdade; e portadores de doenças crônicas (HIV, por exemplo).

— Esse ano vamos fazer outros grupos que não só os idosos. População presidiária completa, agentes presidiários, ampliação de segmentos para diminuir circulação epidêmica — conta.

Vinte países confirmaram os primeiros casos na última semana

Pelo menos 46 países já registraram infecções pelo novo coronavírus ao redor do mundo. Nos últimos sete dias, 20 países confirmaram os primeiros casos da doença, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e informações de agências de notícias.

Nas últimas 24 horas, nove países, incluindo o Brasil, informaram os primeiros casos da doença: Dinamarca, Estônia, Geórgia, Grécia, Macedônia do Norte, Noruega, Paquistão e Romênia.

O número de mortes de pacientes com o novocoronavírus na Itáliasubiu para 17 nesta quinta-feira — na véspera, eram 12. Já na França, os casos subiram de 18 para 38 em apenas um dia.

Do total de mortes, 14 estão na região da Lombardia, dois em Veneto e um em Emilia Romagna, todas regiões do norte italiano.

Governos de diversos países aceleraram nesta quinta-feira as medidas de combate a uma possível pandemia global, um dia depois do número de novas infecções fora da China superar pela primeira vez os casos novos no país onde o surto começou.

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul adiaram um exercício militar conjunto para limitar a disseminação do vírus, que já foi registrado muito além da China, onde surgiu no ano passado, supostamente em um mercado de animais silvestres da cidade de Wuhan.

Os sul-coreanos anunciaram 505 novas infecções no país, o maior número de contaminações em um dia desde o primeiro caso confirmado, em 20 de janeiro.

Com isso, já são 1.766 pessoas doentes com o Covid-19, disse o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC), que também comunicou a 13ª morte no país.

Israel confirmou mais uma pessoa com Covid-19. O paciente em questão havia retornado da Itália, que está relacionada a diversos outros casos no mundo — incluindo o Brasil.

A Austrália iniciou medidas de emergência, enquanto Taiwan, ilha autogovernada e reivindicada pela China, elevou seu nível de reação a epidemias ao grau máximo.

Na última quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou seu vice-presidente, Mike Pence, a cargo da reação americana à crise de saúde global que se avizinha.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse que seu país, que tem 23 casos do vírus, trabalha pensando em uma pandemia e que os hospitais foram ordenados a garantir suprimentos médicos suficientes, equipamento de proteção pessoal e mão de obra.

— Existem todos os sinais de que o mundo entrará em breve em uma fase de pandemia do coronavírus — disse Morrison em uma coletiva de imprensa em Canberra. — Como resultado, acertamos hoje e iniciamos o plano de reação de emergência ao coronavírus.

Entrada restrita em santuários do islã
A Arábia Saudita, que ainda não tem nenhum caso confirmado de coronavírus, mas compartilha fronteiras com países atingidos pela doença, suspendeu nesta quinta-feira a entrada de estrangeiros oriundos de países onde o novo vírus se disseminou para a peregrinação da Umrah e o turismo, já que o número crescente de casos fora da China aprofundou o temor de uma pandemia.

O reino, que abriga os dois santuários mais sagrados do islã em Meca e Medina, recebe milhões de visitantes muçulmanos ao longo do ano, com um pico na peregrinação do haj.

O país adotou em outubro um novo visto de turismo para 49 países. No Iraque, também no Oriente Médio, autoridades estão fechando escolas, universidades, cinemas e cafés até 7 de março.

O Ministério das Relações Exteriores disse em um comunicado que as suspensões são temporárias, mas não informou uma data para seu vencimento.

Não ficou claro se a peregrinação do haj, que está programada para começar no final de julho, será afetada. Também foram suspensas as entradas para visitas à Mesquita do Profeta de Medina.

A Grécia registrou dois novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas, elevando o total de confirmações a 3, e cancelou todas as celebrações de Carnaval no país.

O Ministério da Saúde local informou que um dos casos envolve um familiar de uma mulher de 38 anos na cidade de Thessaloniki, norte do país, que foi a primeira confirmação em território grego. A mulher retornou recentemente de Milão, no norte da Itália, epicentro do surto de coronavírus na Europa.

O terceiro registro, em Atenas, é de uma mulher que também esteve no norte da Itália. Entre os eventos cancelados está um desfile de Carnaval na cidade litorânea de Patra, agendado para 1º de março, disseram autoridades.

Papa tem sintomas de gripe, e Vaticano anuncia restrições
O Papa Francisco está "ligeiramente indisposto" e cancelou um evento na basílica de Roma esta quinta-feira, mas está cumprindo o restante da agenda em sua residência, informou o Vaticano nesta quinta-feira. Ele estaria gripado.

"Por causa de uma ligeira indisposição, ele preferiu ficar em Santa Marta", disse o Vaticano, referindo-se à casa de hóspedes onde o Pontífice de 83 anos mora. "Todos os outros compromissos irão em frente normalmente", acrescentou o porta-voz Matteo Bruni.

Francisco não tem parte de um pulmão, que foi retirada quando ele tinha em torno de 20 anos e morava em Buenos Aires, por causa de uma tuberculose, de acordo com o biógrafo Austen Ivereigh.

O Vaticano fechou todas as catacumbas que normalmente são abertas ao público devido ao surto de coronavírus que afeta a Itália.

O monsenhor Pasquale Iacobone, secretário da Comissão Pontifícia para Arqueologia Sacra, disse que a decisão foi tomada para proteger os guias que trabalham nos espaços subterrâneos e visitantes. Segundo ele, os espaços pequenos e estreitos, além da umidade local, são condições ideais para a propagação do vírus.

Além de uma ameaça à saúde, o avanço do novo coronavírus pelo mundo têm repercussões para a economia global, o crescimento do PIB no Brasil e até mesmo para o seu bolso.

O impacto nas finanças mundiais
O canal de contágio mais visível até agora tem sido o mercado financeiro, com as Bolsas em todo o mundo registrando fortes quedas nos preços das ações. O movimento se intensificou depois que, no último fim de semana, o número de casos começou a crescer aceleradamente fora da China.

Quem investe em ações precisa ter sangue frio para enfrentar a tormenta dos mercados e decidir o que fazer com seus papéis, dizem os analistas.

Outra repercussão no seu bolso é a escalada do dólar, que tem se valorizado no mundo todo por se tratar de uma divisa mais segura para investidores que fogem da incerteza levantada pela epidemia em vários mercados. Quem tem planos de viajar para o exterior tem que ampliar o orçamento ou mudar o destino das férias, já que a cotação da moeda americana bateu recordes históricos no Brasil esta semana.

Ao atingir grandes economias, como a Itália e a Coreia do Sul, o coronavírus contribui para uma redução das projeções de crescimento da economia global. Isso porque o isolamento de áreas afetadas pelo vírus implica em paralisação das atividades econômicas. É o que está acontecendo na China, a segunda maior economia do mundo, com impacto direto no crescimento econômico do planeta.

O Brasil é um dos países atingidos pelas complicações econômicas da China, já que o gigante asiático é o nosso maior parceiro comercial. Bancos já reduzem as projeções de crescimento do Brasil este ano.

Setores industriais que dependem de insumos da China têm suas atividades prejudicadas no Brasil, assim como o comércio de uma série de produtos que fazem parte da sua vida e têm origem chinesa, mas você talvez não saiba.

A epidemia de coronavírus também está levando ao cancelamento de uma série de eventos globais, como seminários e feiras de negócios. Um dos últimos a serem cancelados foram o aguardado evento anual de desenvolvedores do Facebook, no Vale do Silício, e o Mobile World Congress, maior feira da indústria de celulares, em Barcelona.

Eventos esportivos são cancelados
A lista de eventos esportivos adiados ou cancelados pelo surto de coronavírus não para de crescer, alcançando inúmeros países.

Se inicialmente apenas competições marcadas para a China, como o GP de Fórmula 1, estavam sendo afetadas, agora eventos marcados para locais como Japão e Itália passaram a ser cancelados.

No país europeu, inúmeros jogos do Campeonato Italiano foram adiados ou serão disputados com portões fechados.

Nesta quinta-feira, foi confirmado o primeiro caso da doença em um jogador de um clube da terceira divisão local. Campeonatos de futebol da China, Japão e Coreia do Sul também já foram afetados.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) insiste que os Jogos Olímpicos de Tóquio não estão ameaçados e que o evento acontecerá na data programada (24 de julho a 9 de agosto), apesar de um membro da entidade, o canadense Dick Pound, ter levantado dúvidas sobre a possibilidade de realização do maior evento esportivo do planeta em meio à epidemia.

Alguns eventos-teste marcados para o Japão já foram adiados ou cancelados.

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