Uma nova onda de ataques criminosos foi registrada na noite de sexta-feira e na madrugada deste sábado em vários pontos da cidade de Fortaleza e no interior. Os crimes ocorreram mesmo após a chegada de agentes da Força Nacional, enviadas ao Ceará por autorização do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Na noite de sexta-feira e neste sábado, carros foram incendiados em um shopping e em uma concessionária de veículos, bancos foram atacados e os criminosos atiraram contra um supermercado na capital. Ainda durante a noite de sexta, um prédio localizado na Avenida Francisco Sá, na Barra do Ceará, foi incendiado. No local funcionava a antiga sede do Sine-IDT. O fogo chegou a atingir a parede das casas de uma vila que fica atrás do prédio. O Corpo de Bombeiros controlou as chamas e o fogo foi apagado.
Na madrugada deste sábado, no Bairro Mucuripe, também na capital cearense, dois veículos que estavam no pátio de uma concessionária foram queimados pelos bandidos. Segundo a polícia, os suspeitos chegaram em um outro veículo por uma rua lateral que dá acesso ao estabelecimento e incendiaram os veículos. Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada e conseguiu apagar as chamas. Nenhum suspeito deste ataque foi preso até o momento. Um outro carro foi incendiado em Maracanaú, também na madrugada deste sábado. Em Ibaretama, uma garagem de transportes públicos foi incendiada, e uma agência da Caixa Econômica foi atacada com tiros na Praia de Iracema, em Fortaleza. Em Pacoti, o prédio da Secretaria de Meio Ambiente de Pacoti foi atacado por criminosos. Salas foram quebradas e um carro foi incendiado. Dois ônibus de transporte escolar foram queimados durante a madrugada, um em Icapuí e outro em Jijoca de Jericoacoara. E um caminhão carregado com galinhas foi incendiado em Cauaia. Cerca de 2 mil frangos morreram. As informações são do G1.
Já são quatro dias consecutivos de ataques dos criminosos. De acordo com o G1, desde o início da onda de violência até este sábado, o número de ataques criminosos chegou a 87. Os crimes ocorreram em Fortaleza, Tinguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Caucaia, Pindoretama, Eusébio, Morada Nova, Jaguaruana, Canindé, Piquet Carneiro, Morrinhos, Aracoiaba e Baturité, entre outras cidades. Bandidos queimaram veículos do transporte público; carros de particulares e concessionárias; e atacaram diversos prédios públicos, como bancos, delegacias e prefeituras. Durante a madrugada de sexta-feira, o Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú também foi atacado. Uma das salas no térreo, que estava em reforma, foi incendiada. Em Caucaia, uma bomba foi explodida na coluna de um viaduto na BR-020, mas o equipamento passou por obras e não corre o risco de desabar.
Até as 13h30min deste sábado, a Secretaria da Segurança do Ceará confirmou que 86 suspeitos foram detidos por envolvimento nos atentados, incluindo adultos e adolescentes.Um casal de idosos e um motorista ficaram feridos até o momento.
Uso da Força Nacional
A equipe da Força Nacional chegou a Fortaleza na noite de sexta-feira, mas só deve atuar nas ruas a partir deste sábado para apoiar as forças de segurança estaduais no combate aos ataques. Por volta das 20h30min, a primeira aeronave, Hércules, chegou trazendo aproximadamente 50 homens. Cerca de 200 agentes, vindos de avião, também já desembarcaram na capital cearense durante a madrugada. Outros 98 agentes da Força Nacional vieram dos estados de Sergipe e Rio Grande do Norte.
O uso da Força Nacional por 30 dias, para conter a onda de violência no Ceará, foi autorizada na sexta-feira pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro . Antes, o ministro da Justiça avaliava que ainda não era o momento de enviar tropas, conforme pedido do governador Camilo Santana . Até às 9h de sexta-feira, a decisão de Moro era não enviar, de imediato, tropas para Fortaleza. Numa reunião na quinta-feira à noite, Moro e auxiliares mais próximos consideravam que a melhor alternativa era deixar as tropas de sobreaviso para uma futura emergência .
O Ministério da Justiça anunciou o envio das tropas depois de uma reunião de emergência entre o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Sergio Moro, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Fernando Azevedo (Defesa). Não ficou claro ainda se a redefinição de rumos foi acertada durante a reunião. O presidente se reuniu com os três ministros num encontro que não estava previsto em agenda.
Serviços públicos afetados
Devido aos atentados, serviços públicos foram afetados na Grande Fortaleza. A frota de ônibus foi reduzida e, neste sábado, apenas 108 veículos operam na capital cearense em 41 linhas. As vans do transporte alternativo também informaram que reduziram a operação.
Ordem dos ataques
Em entrevista ao G1, o Secretário da Segurança, delegado André Costa, informou que foram enviadas equipes da Polícia Civil para o interior da Casa de Privação Provisória de Liberdade 3 (CPPL 3), em Itaitinga, onde mais de 250 detentos devem ser autuados por envolvimento em distúrbios na unidade prisional. Até o fim da tarde de sexta-feira, 72 internos foram autuados por desobediência, resistência e motim. A polícia não confirmou se a ordem para os atentados no estado ocorreu de dentro do presídio.
O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, acredita que os atentados são represália à fala do novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que afirmou que "o Estado não deve reconhecer facção" em presídio. Luís Mauro ainda se posicionou contra a separação de detentos por facção criminosa nas unidades prisionais do Estado e disse que a fiscalização nas unidades será mais rigorosa.
De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um "pacto de união", com o objetivo de "concentrar as forças contra o Estado". A ordem dos ataques partiu de um detento da Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I), na tarde de quarta-feira, ainda segundo a fonte do Serviço de Inteligência. No dia seguinte, agentes penitenciários fizeram uma vistoria "surpresa" na unidade, o que resultou em um motim dos presidiários. A revolta foi controlada no mesmo dia e nenhum detento fugiu.
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Redação iBahia
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