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CINEMA

Fevereiros traz temas religiosos como aceitação e tolerância

Filme estreou essa semana nos cinemas de todo o Brasil

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Redação iBahia

31/01/2019 às 10:43 • Atualizada em 31/08/2022 às 8:28 - há XX semanas
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Em 2016, a escola de samba Mangueira foi campeã do carnaval com o enredo “Maria Bethânia — A menina dos olhos de Oyá”, focado nas crenças religiosas da cantora baiana. Os bastidores do desfile foram registrados pelo diretor Marcio Debellian no documentário “Fevereiros”, que em 2017 começou a percorrer festivais no Brasil e mundo afora. Esse atraso de dois anos entre a finalização do filme e seu lançamento comercial parece ter sido benéfica, já que “Fevereiros” chega aos cinemas no momento em que a intolerância — seja ela religiosa ou política — tristemente atingiu seu ápice num Brasil polarizado.
O sincretismo religioso caracterizou um país em que a herança católica da colonização portuguesa e as religiões africanas introduzidas pelos escravos e seus descendentes sempre conviveram em harmonia. Ao ampliar o escopo para esse tema, “Fevereiros” ganha um sentido de urgência por ressaltar a importância de se revalorizar os sentidos de aceitação, respeito e tolerância às escolhas do outro para que se restabeleçam as condições para uma convivência sadia.
Foto: Reprodução
Especialmente durante a sua primeira metade, o desfile da Mangueira fica em segundo plano. Viajamos a Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, cidade-berço da família Veloso e fundamental para se entender não apenas a origem da religiosidade de Maria Bethania como também a peculiar relação do povo brasileiro com o assunto. Tanto Bethania quanto seus irmãos Mabel e Caetano Veloso estão muito à vontade para trazer à tona lembranças de sua infância. Embora formalmente o documentário não traga grandes inovações, ele deixa a impressão de estarmos compartilhando da intimidade da família como numa prosa no café da tarde.
E os depoimentos são muito reveladores. O temor ao Deus católico se desfaz, conta Caetano, quando ele engole a hóstia na Primeira Comunhão e constata que nada mudou. Influenciada pelo irmão mais velho que a convenceu de que Deus era ele, Bethânia reafirma a fé que a acompanha até hoje dizendo que Deus existe, e “está em cada um de nós”.
A força da palavra ecoa na beleza das imagens captadas por Debellian. Santo Amaro é uma cidade especial por ser a mais antiga a celebrar anualmente, com uma grande festa, a abolição da escravatura, tendo à frente babalorixás e devotos do candomblé. Ao mesmo tempo, a festa de Nossa Senhora da Purificação é uma das mais tradicionais do país. A interreligiosidade se manifesta de maneira mais forte na Lavagem da Purificação. Ao intenso colorido desses registros se somam imagens do desfile da Mangueira e preciosidades de arquivo, como o encontro de Jorge Amado, um ateu-marxista ligado ao candomblé, com Mãe Menininha do Gantois.
Claro que a música não poderia deixar de estar presente. Em cenas extraídas de shows ou apenas como ilustração para as imagens, “Reconvexo”, “Yaya Massemba”, “Salve as folhas” refletem como a arte absorve e traduz à perfeição essa linda manifestação de fé.

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