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Sexo lésbico não é bicho de sete cabeças

Gisele Palma aconselha como se sentir mais segura na sua 1ª vez com mulher

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Gisele Palma

02/02/2024 às 15:30 • Atualizada em 02/02/2024 às 22:01 - há XX semanas
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Nas aulas de biologia do colégio, o que aprendemos sobre sexo se resume a evitar gravidez e ISTs na penetração. Nas produções midiáticas, o protagonismo é sempre do mocinho com a mocinha. Assim, seguimos sem referencial do que é uma relação entre vulvas e do afeto homossexual. Os anos passam e quando você, enfim, se sente pronta para seguir o seu coração e se envolver com uma mulher, o receio de não saber o que fazer pode até ser paralisante.


				
					Sexo lésbico não é bicho de sete cabeças
Foto: Freepik

Vou compartilhar agora contigo o que a Gisele Palma insegura de dez anos atrás deveria de ter escutado na saída da sua heterossexualidade compulsória. Espero que as minhas palavras cheguem a você como um abraço reconfortante, acalmando o seu nervosismo e ansiedade diante da iminência do primeiro sexo entre vulvas*.

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Múltiplos caminhos orgásticos

A noção que se tem do sexo entre vulvas é, geralmente, limitada a oral e tesourinha. Esqueça isso! A relação xualSe lésbica é muito plural. A chupada pode ser na vulva, no ânus e na cinta/packer/strapless. Quanto à tesoura, há mais de 15 posições diferentes e é possível roçar também na coxa, bunda, seios, antebraço.... Além disso, usando acessórios (existem centenas de opções) ou dedos (e até o punho), pode rolar penetração anal e vaginal. E todas essas vias de prazer podem ser deliciosamente percorridas por vocês, levando a uma vida com amplo repertório sexual, profundo conhecimento íntimo e sincero sentimento de realização.

Você não é obrigada a nada

“Ok, Gi, entendi que há muito a ser vivido no sexo lésbico, mas eu não gosto de algumas práticas. Estou errada?” Jamais, deusa. Todas temos nossas preferências e é preciso respeitar os próprios limites. Ser sexualmente livre e curiosa envolve experimentações e descobertas, mas nunca na perspectiva de se forçar a fazer alguma coisa, seja para agradar a outra pessoa ou para provar algo a si mesma. O sexo deve te deixar, sempre, confortável. Se te gera angústia, tristeza, medo ou dor, pare imediatamente e reveja as suas escolhas.

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Mulheres também broxam

Nem só de pau vive uma broxada; ela se faz, sobretudo, de fatores psicológicos. Se você está desconcentrada, sofrendo por um término, preocupada com o trabalho, lembrando dos boletos, incomodada com a relação, infeliz consigo mesma, vivendo em desarmonia familiar, sofrendo pressão por dogmas religiosos castradores, tudo isso pode atrapalhar demais a sua entrega sexual. Assim, o orgasmo, que quase ensaiou chegar, pode ir de arrasta pra cima. E tudo bem se acontecer. Apenas reflita sobre o que pode ter ocasionado e, caso se torne constante e te gere frustração, busque ajuda de uma sexóloga.

Cheiro de vagina é bom

Não somos estimuladas a criar intimidade com nossa própria xereca (quem de nós nunca ouviu um “mocinha senta de pernas fechadas” ou “tira a mão daí, menina”?). Se não naturalizamos nem a nossa própria aparência, texturas, cheiro e gosto, dificultamos todo o processo. Portanto, o dever de casa hoje é se arreganhar em frente ao espelho, olhando bem a sua vulva. Em seguida, toque nela por fora e por dentro; leve esse dedo próximo ao seu rosto e sinta o odor, a consistência, a cor e o sabor do seu muco. Entender a beleza e deliciosidade da sua própria genitália aumenta a sua autoconfiança sexual e te ajuda a desconstruir o mito de que vagina deve ter aroma de rosas do campo.

Falta de experiência não é empecilho

Nenhum curso, nenhum livro e nenhuma técnica serão tão eficazes para o sucesso das suas empreitadas sexuais sapatônicas quanto, simplesmente, ouvir a sua intuição. Se permita fluir no ritmo de vocês duas. Seu tesão vai ser o seu guia. Para ser uma boa amante, seja uma boa observadora e esteja exageradamente presente. Se atente às reações dela aos seus toques, lambidas e palavras; se forem positivas (gemidas, reboladas, apertos, arranhões), invista; se ela demonstrar incômodo (estiver em silêncio, estática, com aparência entediada ou dispersa), mude. Um último e importante conselho: sendo seu primeiro ou milésimo sexo, faça tudo com vontade!

Dito tudo isto, espero, sincera e profundamente, que a minha coluna de hoje reverbere de forma positiva por aí e te ajude a passar por esse período de incertezas com mais leveza e amorosidade.

*recorte para falar do sexo entre mulheres cisgênero, pois se pretendeu elucidar a relação entre vulvas, considerando a sua invisibilidade e fetichização.

Imagem ilustrativa da coluna EDUCAÇÃO XUALSE
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GISELE PALMA

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Gisele Palma

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