Os primeiros trens do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Salvador e região metropolitana foram apresentados nesta quarta-feira (3), em evento na Avenida Paralela, uma das principais vias da capital baiana. Os testes nos trilhos deverão começar no início de 2026.

Conforme o governo do estado, a composição dos trens foi fabricada pela empresa Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles (CAF), localizada em Hortolândia, São Paulo, e chegou nesta semana após passar por ajustes técnicos e operacionais. Cada trem é composto por sete módulos, divididos em três seções.
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Em outubro, o projeto avançou para uma nova fase com o início do descarregamento dos trilhos que serão usados no Trecho 2 do sistema, que ligará Paripe a Águas Claras. Os primeiros trilhos estão sendo instalados entre a rotatória do Hospital do Subúrbio e Águas Claras, no final do trecho.
Em setembro, o governo da Bahia assinou um contrato de R$ 600 milhões com a Caixa Econômica Federal (CEF) para financiar as obras de mobilidade urbana, com o VLT como um dos principais projetos.

O modelo dos trens foi revelado no dia 10 de setembro pelo governo estadual, após visita do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e 20 lideranças comunitárias do subúrbio, região onde o modal será implantado. Durante a visita à fábrica, o grupo conheceu o exterior dos trens e entrou em um deles, que ainda passava por ajustes técnicos e pintura.
Desapropriação

Moradores do bairro de Plataforma, em Salvador, têm se manifestado insatisfeitos com o processo de desapropriação de casas para a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que substituirá os antigos trens do subúrbio. Eles afirmam que foram pegos de surpresa e reclamam da falta de diálogo com a comunidade, já que, segundo eles, não houve reuniões para explicar o projeto nem as mudanças que ele traria para a região.
Ao longo da Rua Almeida Brandão, próxima à antiga estação de trem, estão marcadas 14 casas com números nas paredes, alertando sobre a desapropriação. Muitos dos moradores, como Zilda Cezar, afirmam que suas famílias vivem ali há gerações, em casas herdadas dos antigos ferroviários que trabalharam na construção do trem ferroviário, fundamental para o desenvolvimento de Salvador no século 19. A desativação do trem em 2021 não apagou as raízes históricas da área, que ainda guarda memória de sua importância.
Zilda Cezar relata ao g1 que, no início das obras do VLT, apenas seis casas receberam notificação de despejo. As demais, conforme afirmam os moradores, receberam documentos que garantiam a preservação dos imóveis. Porém, em uma visita recente, assistentes sociais notificaram a desapropriação de todas as casas da rua, deixando os residentes surpresa e preocupados.
A Companhia de Transportes da Bahia (CTB), responsável pelas obras do VLT, informou ao portal que a área de desapropriação foi definida com base em critérios técnicos de engenharia e urbanismo. Segundo a CTB, o espaço será utilizado para a instalação de uma subestação retificadora e um posto policial.
A CTB também disse que as desapropriações estão sendo analisadas individualmente e em diálogo com cada família. Os prazos de desocupação serão definidos conforme as necessidades da obra, a situação de cada residência e a legislação vigente.
Gabriele Santos, recepcionista que também mora na rua, declarou: "Se a gente aceitar a indenização, teremos um mês para sair; e se não aceitar, a gente tem que procurar um advogado." Ela e outros moradores temem as consequências da desapropriação forçada.
Embora o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não tenha identificado bens tombados na rua Almeida Brandão, a fábrica São Braz, localizada na área, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), o que confere a ela uma relevância histórica. A CTB esclareceu que a fábrica São Braz, que integra o conjunto de obras do VLT, será preservada como parte do projeto, e a área terá um novo centro comercial e gastronômico, mantendo sua importância cultural e histórica.
A companhia reforçou que o processo de desapropriação é feito de forma individualizada, respeitando a legislação e as necessidades de cada família, mas a tensão segue crescente entre os moradores, que ainda buscam entender melhor as mudanças que estão por vir.
O projeto do VLT
Com um investimento de R$ 5,4 bilhões, o VLT de Salvador será expandido para a região metropolitana (RMS). Com a extensão até o bairro do Comércio, o sistema contará com 40 km de trilhos e 42 estações. Atualmente, mais de 2 mil trabalhadores estão envolvidos na obra, que teve início há 14 meses.
- No Trecho 1, que liga a Calçada à Ilha de São João, em Simões Filho, a construção já apresenta 33,79% de avanço físico.
- No Trecho 2, que liga o bairro de Paripe a Águas Claras, a obra apresenta avanço físico de 19,99%.
- Já no Trecho 3, que liga Águas Claras a Piatã, as obras civis registram 2,11% de avanço físico, com conclusão prevista para 2028.
O sistema também contará com Wi-Fi gratuito em 35 pontos, catracas automáticas, integração com o metrô via fibra óptica, além de câmeras equipadas com inteligência artificial e painéis digitais que exibem informações em tempo real. Esses recursos visam trazer mais modernidade e transformar o transporte público na Bahia.

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