Entrevista: Berguinho fala sobre sucesso do estilo sertanejo

A música sertaneja conquistou seu espaço no gosto popular e, em Salvador, seus representantes têm público cativo. A banda Seu Maxixe é uma prova disso. Com shows sempre cheios, o grupo tem um dos maiores fã-clubes, tem presença garantida no Carnaval, participou de grandes shows de artistas como Cláudia Leitte, Zezé di Camargo & Luciano, e Roupa Nova e não para por aí. Para este Verão, ainda, eles reservaram a música 'Toca um arrocha aí', gravada com Pablo. De acordo com o vocalista Berguinho, a música é uma batida dançante com uma letra de amor, que tem muita sofrência envolvida. A canção, inclusive, está entre as selecionadas para o repertório de um CD de carreira, que deve ser gravado em 2015. O iBahia bateu um papo com o cantor, que fala sobre a história da banda, processo de composição e todo o sucesso que do mercado sertanejo. Confira! Quem é Seu Maxixe"Quando a gente começou em barzinho já estávamos bombando, na época do Foguete Bar, em Patamares. O dono dizia que precisava divulgar a banda, mas não tinha nome. Um dia, lá em casa, Fabrício (percussionista) perguntou: 'o que você acha de Seu Maxixe?'. A gente já tinha pensado em vários nomes, em algo que remetesse ao Nordeste, mas que também desse essa possibilidade de tocar outros estilos sem ficarmos limitados. Pensamos em um nome neutro, mas que remetesse ao sertão. Eu já imaginava que iria querer cantar coisas mais românticas. Fabrício sugeriu Seu Maxixe e eu achei massa, porque é um nome diferente, engraçado. E no início, a gente não queria aparecer, então, criamos um personagem, um bonequinho, o Seu Maxixe, que virou nosso mascote. Trabalhamos essa imagem nos primeiros anos e o nosso primeiro clipe é de desenho animado. Até 2010, a gente trabalhou sem expor a cara. A partir daí que começamos a fazer primeiros ensaios fotográficos e capas de disco. Achei massa quando ele sugeriu isso, porque é o sobrenome do pai dele. Deu muito certo". História da banda "Seu Maxixe é um grupo formado entre amigos. Cada um tinha um projeto paralelo. Eu já trabalhava com música, fui backing vocal de alguns artistas aqui de Salvador. Os meninos também trabalhavam com bandas e outros não trabalhavam com música, mas em escritório de publicidade... A gente sempre se encontrava na casa de alguém, em feijoada ou churrasco para fazer som e cantava músicas no estilo mais romântico e um pouquinho de forró pé de serra. Apesar de a banda ser daqui (Salvador), eu sou de Natal (RN), então tem essa coisa do Nordeste na veia. Mas sempre teve essa coisa do romantismo envolvida. O barzinho bombou e a gente partiu para a casa de show, mas sempre mantendo a mesma essência. Até hoje a banda vai para outros palcos grandes e monta um cenário de boteco e se confraterniza. A base da banda é a mesma. Somos cinco idealizadores do projeto e depois contratamos mais três músicos e, entre esses já houve algumas mudanças. Essa brincadeira aí já dura quase oito anos". Discos "A cada ano, a gente faz um disco promocional. Há dois anos, gravamos o nosso primeiro DVD e CD de carreira, com 18 músicas nossas. No DVD, tem 22 canções com dois medleys com músicas de Fábio Júnior, Roupa Nova e Thiaguinho. Esse é o nosso filho único, o que a gente, realmente, considera o disco de carreira, porque os outros foram promocionais. A gravação foi um grande evento". Fazer música"As primeiras músicas que a gente gravou e que a gente toca até hoje, como 'Jurei' e 'Bandida, não vá' são parcerias minhas com Fabrício, o percussionista. A gente compõe até hoje, mas também chegam muitas coisas bacanas de outros compositores; tem muita gente boa. Inclusive, esse movimento sertanejo está pegando muita coisa daqui da Bahia, do Nordeste, do forró e do arrocha. A gente tem que aproveitar isso. As nossas músicas mais tocadas são de compositores baianos. Também temos recebido muitas coisas de Goiânia, de São Paulo e Minas". Crescimento do sertanejo "Quando a gente começou, em 2008, os amigos achavam a gente maluco, ficavam na beira do palco dando risada, achando que não ia para lugar nenhum. A gente fazia um repertório tradicional com Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, Chitãozinho & Xororó. A gente sempre resgatou muita coisa, não só do sertanejo mas da música "brega", como Vando e Amado Batista, além de coisas que influenciam o nosso trabalho, como Roupa Nova e Fábio Jr. A vida inteira existiu o sertanejo com os clássicos, e hoje tem a galera mais moderna, como Jorge & Mateus, Victor & Léo, Michel Teló, Luan Santana... É um movimento muito forte e muito sólido. É um mercado que não para e que movimenta milhões. Todo mundo ganha com isso, principalmente a música, porque tem muita coisa boa envolvida. Mas como em todos os gêneros, tem sertanejo bom e sertanejo ruim. O que sustenta o estilo é ter entrado no entretenimento. Hoje tem sertanejo em micareta, em festa de final de ano, em boates. A galera conseguiu fazer um som bacana, uma sonoridade boa, gostoso de se ouvir, com letras mais trabalhadas e outras que tratam sobre coisas do dia a dia, o que as pessoas querem ouvir, que é aquela coisa da pegação, da traição, do beija beija, da cachaça". Whiski para o povo, garçon!"Isso foi uma coisa que eu ouvi de outros artistas que eu admiro, no início da nossa carreira, o Edu Luppa e Marquinhos Maraial, que tinham dupla na época. Eu escutei Maraial falando isso, aí eu falei no show e senti que a galera se identificava com isso, dava risada e levantava o copo. As pessoas perguntam se a gente bebe. Sim, a gente confraterniza ali, mas sempre me preocupo em não fazer apologia" Essencial no repertório"Em cada região, as pessoas se identificam com uma música diferente. Tem músicas que já viraram clássicos do Seu Maxixe, como 'HD', que inclusive é de Edu Luppa e Marquinhos Maraial, muito linda, a gente fez uma versão e a original é um forró, mas ficou uma balada. Essa não pode faltar de jeito nenhum. Tem 'Coração sem noção', que é uma música que gravamos em 2010, e, há quase cinco anos, vem sendo executada e gravada por outros artistas". Carnaval "O Seu Maxixe foi a primeira banda do estilo sertanejo a participar do Carnaval, desde 2010. Com maior orgulho falamos que, assim como começou a banda sem pretensão nenhuma, também entramos no Carnaval sem pretensão. A gente brincava, ainda nos barzinhos, dizendo 'Vai ter Seu Maxixe no Trio' e a galera foi acreditando. Foi massa, um repertório 100% sertanejo, na batida do axé. Colocamos mais dois percussionistas para dar aquele groove e ficou muito bacana. Eu sentia uma magia, as pessoas ficavam olhando pra gente, admirando, e eu estava com medo, com frio na barriga, pensando como as pessoas iam aceitar. Em pleno Carnaval, as pessoas queriam ouvir axé. A gente conseguiu unir as duas coisas, a balada, a música que fala de amor e o pula pula do Carnaval. Este ano, estaremos de novo na festa. No ano passado, não tivemos bloco, fizemos Seu Maxixe sem cordas e foi muito bem aceito e a galera saiu do bloco e acompanhou a pipoca". [youtube t-MDIXXAmiM]