O ataque de um pitbull a outro cão em um trecho da Avenida Oceânica, no bairro da Barra, em Salvador, chamou atenção nesta quarta-feira (10). A tutora do cachorro atacado precisou puxar o animal com as próprias mãos para conseguir desvencilhar a briga.
Em conversa com o iBahia, Ana Paula Canavarro, especialista em comportamento canino e dona da "Auau Creche Canina", explicou que uma das possibilidades para a reação do pitbull é a briga por território.
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"Uma questão de território. Dois machos ali. Tem uma questão territorialista. É um cão que mora ali na área. Então, outro cão passou, e ele foi tentar garantir o território dele", indicou.
O adestrador Armando Gomes, da DogVille, também acredita que a agressão possa ter sido causada por uma possível disputa de território. Nesse sentido, ele destacou a importância de tutores de animais sociabilizarem os cães ainda quando filhotes.
"A socialização vai fazer com que esse cachorro, independente da raça que ele seja, que ele consiga conviver bem com outros cães, que ele consiga ter uma vida harmoniosa com outros cães e pets", destaca, afirmando ainda, que o ideal é que esse processo seja iniciado nos primeiros meses.
Ainda em conversa com o portal, Ana Paula Canavarro salientou também que é fundamental entender que todos os cães podem morder, mas que alguns possuem maior possibilidade de dano.
"A gente precisa ter em mente que todo cão, independente de porte e de raça, ele pode morder. Por vários fatores e por vários gatilhos. O que a gente precisa ponderar, é que a força de um pitbull, é uma força maior do que muitos cães. O problema não é dele poder morder, porque isso todo cachorro pode fazer", afirmou.
Responsabilidade dos tutores e cuidado com os cãs
Outro ponto levantado por ambos os profissionais, é a responsabilização dos tutores e entendimento da situação.
"O tutor do cão precisa ser penalizado criminalmente. Precisa ser identificado e penalizado. E, é uma questão também, entender em que contexto aconteceu ali. Porque era uma pessoa ali passando, e ele solto. E não deveria estar, independente de raça", afirmou.
Armando Gomes evidencia também a necessidade de leis mais severas em casos de agressão, para que tutores se sintam responsáveis pelas ações dos animais que têm, assim como, a busca por um por um profissional qualificado para casos de cães com comportamento mais agressivo.
"Criação de leis, ser um pouco mais severas para ter uma conscientização plena das pessoas de que ela são diretamente responsáveis por qualquer dano que esses animais possam causar para as pessoas. Se você tem um cão problemático, busque ajuda de um profissional qualificado para ajudá-lo", analisou.
A especialista em comportamento canino também salientou que o caso de agressão não deve ser estereotipado a uma raça ou ao próprio cão em si.
"Hoje, a gente esteriotipa o pitbull, mas existe o rottweiler, existe o dobermann, e são casos recorrentes também. [...] Eu acredito que a gente precisa bater na tecla daqueles cães que tem um grande potencial de dano. Quais cães são esses? [...] Não é característica da raça. É um cão forte", analisa.
Já o adestrador Armando Gomes reforça ainda que isso não significa proibir que os tutores saiam na rua com esses cães. Mas que, façam isso de forma responsável.
"Isso é fundamental para quem criar cães poderosos. Ninguém pode tirar o direito [do tutor] de sair na rua, desde que ele faça isso de forma responsável atendendo alguns requisitos de segurança e outra é usar a guia. Eu não recomendo nenhuma raça a sair aleatoriamente, solto, até para proteger a vida do próprio cão. Nunca o cão deve estar sozinho e ele deve estar usando a guia a focinheira", explicou Armando, que salientou o uso em casos de cães de grande porte.
O adestrador finalizou indicando que, uma das ações que podem contribuir para a criação de cães, é justamente ter uma rotina de passeios, que os tutores saiam com os animais a fim de evitar episódios como o que aconteceu em casa ou até no ambiente de casa.
Pitbull agrediu outro cão
A tutora do cachorro atacado lutou contra o pitbull para tentar salvar o animal, e pessoas que passavam pelo local também ajudaram a separar os dois. O momento foi registrado por um morador do bairro.
A advogada Mariana Ramos, tutora do animal atacado, deu socos no pitbull na tentativa de que o ataque parasse, já que ele estava mordendo o cachorro dela.
Nas imagens é possível ver que o pitbull estava sem coleira e sem focinheira, que são itens obrigatórios para a raça do cachorro poder circular nas ruas, de acordo com lei estadual.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, a tutora falou sobre o estado de saúde do cachorro dela e contou detalhes do susto.
"Estamos bem, na medida do possível, ele está machucado e muito assustado. O comportamento dele mudou bastante, mesmo dentro de casa. O comportamento alegre que ele tinha, de ontem para hoje, ele já não tem mais", comentou.
Ela explicou que passeia todos os dias com o animal pelo local, mas próximo a um restaurante viu o pitbull do outro lado da rua, ele atravessou para ir atrás do cão dela.
"Eu gritava muito, pedia socorro, pedi para me ajudarem, pedi para ajudarem meu cachorro e eu fiz o que podia para salvar ele. Eu fiz tudo no instinto, meus joelhos estavam ralados", completou ela emocionada.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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